Cristina Kirchner e a democracia na América Latina
Mais uma vez um país sul-americano dirá “não” ao modelo neoliberal que fracassou na região e em todo lugar, conforme podemos atestar nas recentes manifestações contra o capitalismo mundo afora. Cristina Kirchner será reeleita na Argentina e consolidará um projeto alternativo para o país, seguindo a tendência da América do Sul nos últimos anos.
Terminado o período de eleição na Argentina neste domingo, e para desespero dos conservadores de direita do país e da América Latina, podemos dizer que a presidente Cristina Kirchner será reeleita já no primeiro turno. O resultado é simbólico e representa a consolidação do modelo centro-esquerdista na América do Sul e uma derrota acachapante para a direita política argentina. Juntos, Cristina e o segundo colocado, o candidato socialista Hermes Binner conseguirão os votos de 70 a 75 por cento do eleitorado. O povo argentino não esquece a crise terrível produzida pelo governo neoliberal de Carlos Menem tempos atrás e não a quer de volta.
Direita derrotada teme emenda para nova reeleição em 2015
Com a vitória, a ampla legitimidade popular e a maioria no parlamento, Cristina está causando medo nas classes conservadoras. Há quem lembre os argumentos usados pelos mesmos reacionários brasileiros na última eleição brasileira, lançados especialmente na seção de opinião do jornal O Globo contra a vitória do PT: “o governo [na democracia burguesa] precisa de alternância”; “o PT quer se eternizar no poder”; “Lula quer imitar Fidel”; “Dilma é fantoche do Projeto de Poder [esse foi um termo usado diversas vezes] do Lula e do PT”... E por aí vai. Lá na Argentina, mal a presidente se consolida como reeleita, e setores da imprensa burguesa já lançam o temor de que ela patrocine uma emenda constitucional que a permita se reeleger em 2015. Será o alvo a ser martelado pela classe reacionária argentina nos próximos anos.
O que está por trás da sagrada alternância de poder da democracia burguesa
Desde que chegaram ao poder no Ocidente, os burgueses de todos os matizes têm na defesa de alguns ideais algo de sagrado para eles (embora fossem as lutas da esquerda que consolidassem alguns deles mais tarde), como por exemplo, o voto universal e secreto, o pluripartidarismo e a alternância de poder. Para eles, democracia se resume a isso: de dois em dois anos, o cidadão vai lá, “faz a sua parte para a cidadania”, e pronto. Tudo continua como está. E aí que entra a questão da alternância de poder.
Para quem já está no poder e se beneficia dele, é importante que haja rodízio de políticos, não de projetos políticos. A ideia é manter a ilusão democrática de que há alternância de ideias na alternância de poder, o que é uma mentira. Só um determinado viés político/ideológico tem vez na “democracia” das classes dominantes. Pergunte a qualquer eleitor da direita brasileira, por exemplo, se ele gostaria que o PSOL algum dia vencesse as eleições presidenciais em nome da alternância de poder... O que a eleição de Kirchner, Morales, Mujica e Chávez na América do Sul representa é a vitória de um projeto político, que vai de encontro ao que vinha sendo praticado nos últimos séculos pelas elites da região.
Na verdade, tal como a antiga União das Repúblicas Socialistas Soviéticas, a democracia burguesa é totalitária e não admite mudanças bruscas na sua trajetória. Os golpes civis-militares dos anos 60 e 70 na América Latina estão aí para nos mostrar esse fato.
A vitória da presidente Cristina Kirchner consolida o modelo em andamento na região já há alguns anos, mais democrático de fato, humanizado e social, e a atual crise mundial do neoliberalismo do Consenso de Washington mostra que nós, sul-americanos, estávamos sim na contramão do mundo, como nos acusavam os economistas neoliberais da direita brasileira. E estávamos certos.
Fonte:Rama Na Vimana
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