Morre o líder da Coreia do Norte, Kim Jong-il, aos 69 anos
No poder desde 1994, líder sofreu ataque cardíaco durante viagem de trem no sábado; sucessor deve ser o filho, Kim Jong-un
O líder da Coreia do Norte, Kim Jong-il, morreu aos 69 anos, informou a TV estatal do país nesta segunda-feira. O governo do país afirmou que o filho do líder, Kim Jong-un, será seu "grande sucessor" e pediu união aos norte-coreanos.
Kim Jong-il, que estava no poder havia 17 anos, morreu no sábado (17) após sofrer um ataque cardíaco durante uma viagem de trem. O anúncio da morte só foi feito nesta segunda-feira, quando uma apresentadora, usando roupas pretas, fez uma leitura emocionada em rede nacional de televisão.
De acordo com a apresentadora, o líder morreu por causa de um “grande esforço físico e mental” durante visita a uma área próxima da capital, Pyongyang. Depois, a rede estatal KCNA informou que Kim Jong-il sofreu um ataque cardíaco.
A emissora mostrou imagens da população chorando nas ruas. “Volte, general, volte. Não podemos acreditar que você foi embora”, afirmou uma entrevistada.
A emissora afirmou que o filho do líder deverá liderar o comitê organizador do funeral, que sera realizado em 28 de dezembro. O período de luto nacional deve se estender até o dia 29.
"Todos os membros do partido, militares e o público devem seguir a liderança do camarada Kim Jong-un, proteger e fortalecer a frente unificada entre partido, militares e público", informou a KCNA. Kim Jong-un, que teria mais de 25 anos de idade, foi indicado para ser sucessor de seu pai há mais de um ano.
Teste de míssil
O governo da Coreia do Sul colocou seus militares em estado de alerta em meio ao temor de que a morte de Kim Jong-il possa causar instabilidade no país comunista, empobrecido mas com armas nucleares.
De acordo com a agência estatal de notícias sul-coreana, a Yonhap, a Coreia do Norte testou um míssul de curto alcance nesta segunda-feira, em meio ao anúncio da morte de Kim Jong-il. O teste não teria relação com a notícia, segundo militares.
Tecnicamente, os dois países permanecem em estado de guerra desde a Guerra da Coreia (1950-1953). O Conselho Nacional de Segurança sul-coreano está reunido para uma reunião de emergência, segundo informação da agência de notícias Yonhap. O governo japonês também convocou uma reunião de segurança.
A Casa Branca disse que está "monitorando com atenção" as informações sobre a morte de Kim Jong-il e disseram estar "comprometidos com a estabilidade da península coreana e com a liberdade e segurança de nossos aliados".
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Trajetória
Kim Jong-il herdou o poder após a morte de seu pai, Kim Il-sung, em 1994. Logo depois, o país enfrentou uma época de muita fome, causada por reformas econômicas que fracassaram e lavouras abaixo do esperado. Com isso, estima-se que dois milhões tenham morrido.
O regime do líder norte-coreano foi muito criticado por abusos dos direitos humanos e permaneceu isolado devido ao seu programa de armas nucleares.
Durante o governo de Kim Jong-il, os recursos do país foram voltados para os militares e, em 2006, a Coreia do Norte realizou seu primeiro teste nuclear. Três anos depois, o país realizou o segundo teste. Negociações envolvendo vários países para desarmar a Coreia do Norte estão paradas há meses.
Acredita-se que Kim Jong-il tenha sofrido um derrame em 2008, informação que nunca foi confirmada oficialmente. Este ano ele aparentou boa saúde em fotos e vídeos de viagens à China e à Rússia, sempre vestindo o uniforme militar e os óculos de sol que se tornaram sua marca registrada.
Muitos esperavam que o processo de sucessão de Kim Jong-il se completasse em 2012.
Pouco se sabe sobre Kim Jong-un, o segundo filho do líder norte-coreano, e nem mesmo sua idade exata foi divulgada. Ele foi educado na Suíça e é filho de quem seria a esposa favorita de Kim Jong-il, Ko Yong-hui, que também já morreu.
O professor Lee Jun-hoon, especialista em relações internacionais na Universidade Yonsei, de Seul, disse à BBC que a morte de Kim Jong-il poderá levar a "tempos muito instáveis" na Coreia do Norte, pois o processo de sucessão ficou incompleto.
"Temos de nos preocupar muito, pois sempre que existe instabilidade doméstica a Coreia do Norte gosta de encontrar uma situação externa para desviar a atenção”, afirmou.
Último Segundo Com AP, EFE e BBC
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