Eurocrise

 BCE já receia um colápso

O presidente do Banco Central Europeu, Mario Draghi  

Alessandro di Meo, Epa

O relatório semestral do Banco Central Europeu (BCE) manifesta o receio de que o sistema financeiro possa sofrer um colapso só comparável ao que, há três anos, resultou da bancarrota do banco norte-americano Lehman Brothers. O BCE considera que os riscos de colapso se agravaram substancialmente na segunda metade de 2011 - em boa parte por culpa dos Governos europeus.

O relatório semestral, citado no site de Der Spiegel afirma, nomeadamente, que "os riscos para a estabilidade financeira da zona euro subiram claramente na segunda metade de 2011", acrescentando que "a crise atingiu uma dimensão sistémica como nunca mais se vira desde a bancarrota do Lehman Brothers".

Segundo os peritos do BCE, amalgamam-se aqui vários factores de risco: por um lado, as perspectivas económicas são de estagnação ou recessão, e isso aumenta consideravelmente para os bancos os riscos do crédito mal parado. Por outro lado, os bancos privados da zona euro têm cada vez mais dificuldades em prover-se de dinheiro.

O facto de os fundos de investimento norte-americanos estarem a retirar-se da Europa não ajuda a resolver o problema e agrava, em especial, a escassez de dólares.

Enfim, há uma desconfiança generalizada dos mercados face aos orçamentos de Estado e um efeito de contágio da crise, de uns Estados a outros. O desequilíbrio das maiores economias do mundo agrava o risco de uma crise global.

Mas, para além destes vários factores objectivos - e bastantes para produzirem, receia-se no BCE, uma mistura explosiva -, há ainda a incompetência dos Governos. Referindo-se à lentidão com se aplicam as decisões da cimeiras europeias o relatório afirma que "um processo de ratificação tosco parece ter contribuído adicionalmente para a insegurança dos mercados".

Fonte: RTP.PT