21 de dezembro de 2011

 Para Roubini: Líderes políticos chutam os problemas para a frente

 
Do Jornal de Negócios
Nouriel Roubini fez um apelo aos líderes políticos europeus, declarando que "não podemos arriscar mais um ano de atraso". O economista defende que os governos não se preocupam com o que tem realmente de ser feito, acusando-os de "chutarem os problemas para a frente".
O economista Roubini declarou hoje que nos últimos três anos as maiores economias do mundo, Estados Unidos, Zona Euro, e China, têm vindo a evitar as decisões difíceis necessárias para resolverem os seus principais problemas económicos, financeiros e orçamentais.

Nas palavras de Roubini, citado pelo “Financial Times”, esses países têm vivido “a chutar os problemas para a frente”.

“Os Estados Unidos adiaram a sua consolidação orçamental e evitaram as outras reformas estruturais, tais como investimentos em infra-estruturas, educação e competências e alterações à política energética, as quais são necessárias para repor a sua taxa de crescimento potencial”, explicou o economista.

Quanto à Zona Euro, segundo Roubini o grupo dos 17 países tem estado em negação relativamente ao facto de que alguns dos seus membros são insolventes, bem como “incapazes de sobreviver e crescer numa união monetária”.

Já a China tem persistido na sua “moeda fraca” para apoiar o seu modelo de crescimento, liderado pelas exportações e pelo investimento, onde as poupanças são muito altas e o consumo é muito baixo.

Roubini revela que em todos os casos, a aproximação das eleições nos Estados Unidos, a mudança de liderança na China no final de 2012 e a incapacidade dos governos da Zona Euro coordenarem políticas coerentemente, os líderes políticos evitam as decisões difíceis e os custos políticos no curto prazo, renegando o que tem de ser feito para os governos seguintes.

“Irá tornar-se claro em 2012 que este jogo de chutar para a frente os problemas é um jogo de soma nula”, declarou Roubini. “Quando a procura doméstica é fraca e a desalavancagem ou os constrangimentos estruturais atrasam o consumo privado e público, todos os países preferem deter uma moeda fraca para recuperar o crescimento através do impulso das exportações líquidas”.

No entanto, o economista aclarou que se uma moeda é mais fraca, outra precisa de ser mais forte, e se o equilíbrio comercial de um país melhora, o de outro país piora. “Por isso, as tensões cambiais podem conduzir a guerras cambiais e eventualmente a guerras comerciais”, continuou.

O economista alerta que em 2012 a combinação das pressões de mercado e dos constrangimentos políticos conflituosos irá tornar mais complicado “chutar os problemas para a frente”.

“Um pequeno grupo de membros da Zona Euro poderá precisar de reestruturar coercivamente as suas dívidas e mesmo considerar abandonar a união monetária”, disse Roubini, citado pelo "Financial Times".

“O abrandamento do crescimento da China poderá assemelhar-se a uma “aterragem forçada”. Os mercados nos Estados Unidos poderão tornar-se mais preocupados com o impasse político que impede os líderes políticos de tomarem medidas necessárias e mantém a insustentabilidade do défice norte-americano”, avançou.

Roubini alertou que caso as maiores economias do mundo continuem a “jogar o mesmo jogo” e a tentar “chutar os problemas para a frente” por mais um ano, os problemas irão tornar-se maiores e mais pesados, podendo mesmo tornar-se praticamente impossíveis de resolver.

“Em 2013 o mais tardar, mas possivelmente ainda em 2012, poderá materializar-se uma ‘tempestade perfeita’ de recessão nos Estados Unidos, cenário desordenado na Zona Euro e aterragem forçada na China”, concluiu Roubini.
Fonte: O outro lado da Notícia.com.br
 

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