Reunião da AIEA em Viena acaba sem avanços; resultado frusta expectativa de potências de ver disposição de Teerã a fazer concessões antes de diálogo mais amplo em Moscou
O Irã e a agência nuclear da ONU mantiveram nesta sexta-feira uma nova rodada de negociações na tentativa de selar um acordo que leve à retomada das investigações sobre as pesquisas nucleares da República Islâmica. As negociações, porém, acabaram sem nenhum avanço, disse o chefe dos inspetores da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), Herman Nackaerts. "Isto é decepcionante. Uma data para uma próxima reunião ainda precisa ser marcada", disse.
EUA, Israel e potências europeias estão ansiosas por restringir as atividades iranianas suspeitas de ligação com o desenvolvimento de armas nucleares. Teerã insiste no caráter pacífico e civil do seu programa nuclear.
As potências mundiais acompanharam de perto a reunião entre a AIEA e o Irã em Viena para avaliar se o governo iraniano está disposto a fazer concessões antes de um diálogo mais amplo envolvendo sete países neste mês em Moscou.
A AIEA pressionou o Irã a aceitar inspeções imediatas no seu complexo militar de Parchin, nos arredores de Teerã, onde os EUA e seus aliados suspeitam que houve testes com explosivos ligados a pesquisas com armas atômicas.
Apesar do fracasso do encontro, Ali Asghar Soltanieh, embaixador do Irã na AIEA, insistiu que seu país estava dedicado a aliviar os temores sobre seu programa nuclear. "Estamos prontos para remover todas as ambiguidades e provar ao mundo que nossas atividades são exclusivamente para fins pacíficos e que nenhuma dessas alegações (de buscar construir uma bomba) é verdadeira", afirmou à imprensa. "Mas precisamos de tempo e paciência e de um ambiente tranquilo" para as negociações.
A AIEA vem buscando um acordo com o Irã que permita um maior acesso aos locais, pessoas e documentos relacionados ao programa nuclear de Teerã. As potências ocidentais acreditam que o Irã busca produzir armas nucleares, mas o Irã insiste que seu programa é totalmente pacífico.
O Irã e a AIEA dizem que já houve progressos significativos na busca por uma "abordagem estruturada" que estabeleça os termos gerais para a investigação da AIEA.
Mas ainda há divergências sobre como seria a inspeção, e os EUA disseram nesta semana duvidar de que o Irã pretenda franquear adequadamente o acesso a todos os documentos, funcionários e locais.
"Não estou otimista", disse Robert Wood, embaixador em exercício dos EUA na AIEA, num intervalo de uma reunião do conselho diretor da agência antes de a reunião acabar.
Seu ceticismo foi reforçado por declarações desafiadoras de Soltanieh, que na quarta-feira acusou a agência da ONU de agir como um serviço de espionagem manipulado pelo Ocidente, e disse que as atividades militares iranianas não são da conta da AIEA.
O diplomata disse que o Irã "não permitirá que nossa segurança nacional seja ameaçada", num sinal de que o país poderá limitar o escopo da investigação da ONU.
*Com Reuters e AFP
eu quero saber o que a ONU procur despertar
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