29 de junho de 2012

Mercosul suspende Paraguai e anuncia adesão da Venezuela

Apesar de suspensão até abril, Paraguai não sofrerá sanções econômicas; anfitriã da cúpula, presidenta argentina diz que Venezuela se tornará membro pleno em 31 de julho

iG São Paulo | - Atualizada às
Os presidentes do Mercosul anunciaram nesta sexta-feira a suspensão do Paraguai do bloco de comércio até que se celebrem as eleições de abril de 2013, mas sem a imposição de sanções econômicas. As medidas são uma retaliação à destituição, há uma semana, de Fernando Lugo.
EFE
Presidentas da Argentina, Cristina Kirchner, e do Brasil, Dilma Rousseff, são vistas durante cúpula do Mercosul em Mendoza
 

"O Mercosul suspende temporariamente o Paraguai até que seja realizado o processo democrático que novamente instale a soberania popular no país", disse Cristina ao encerrar a reunião celebrada na cidade argentina de Mendoza (oeste).
Anfitriã do evento, a presidenta da Argentina, Cristina Kirchner, anunciou que a Venezuela se tornará membro pleno do grupo a partir de 31 de julho. A Venezuela, um membro associado do bloco, tentava conseguir o status pleno há anos, mas a iniciativa vinha sendo bloqueada pelos congressistas paraguaios.
"A data e lugar será 31 de julho no Rio de Janeiro, quando a República Bolivariana da Venezuela será incorporada como membro pleno do Mercosul", disse Cristina ao resumir o conteúdo da declaração firmada pelos governantes do bloco.
A União das Nações Sul-Americanas (Unasul) também decidiu suspender o Paraguai do bloco até a realização de novas eleições no país. A decisão foi tomada em reunião extraordinária após a cúpula do Mercosul, nesta sexta-feira em Mendoza.
Ao discursar, a presidenta Dilma Rousseff disse esperar "que a Venezuela formalize a adesão buscada com esforço". Em menção indireta ao Paraguai, Dilma disse que o Mercosul tem "o compromisso democrático" e rejeita "ritos sumários", em uma referência ao rápido impeachment de Lugo. Segundo Dilma, o Mercosul está aberto para a adesão de novos sócios plenos do bloco.
Em Caracas, o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, comemorou a decisão e afirmou que o ingresso do país no Mercosul, após sete anos de espera, representa "uma derrota para o imperialismo americano e as burguesias lacaias da região".
Lugo destacou que, com a decisão, os chefes de Estado do Mercosul "decidiram castigar exclusivamente a classe política paraguaia que quebrou a ordem democrática, com garantias de que não serão tomadas nenhuma medida econômica que prejudique o povo".
Em Assunção, o Ministério das Relações Exteriores paraguaio emitiu um comunicado no qual ressalta que a sanção ao Mercosul é ilegal e ilegítima.
Lugo foi cassado em um processo de impeachment relâmpago pelo Congresso do Paraguai após uma reintegração de posse violenta que deixou 17 mortos entre policiais e sem-terra em uma reserva florestal perto da fronteira do Brasil em 15 de junho.
Na avaliação dos presidentes do Mercosul, "a ordem democrática foi quebrada" no Paraguai porque Lugo não teve tempo hábil para sua defesa. "(Mas o grupo) não acredita em sanções econômicas, porque elas não prejudicam os governos. Elas sempre prejudicam a população", disse Cristina.
O Paraguai é um dos países mais pobres da América do Sul e qualquer sanção econômica teria sido desastrosa, já que metade de seu comércio é com os outros membros fundadores do Mercosul - Argentina, Brasil e Uruguai.
O Mercosul proibiu o sucessor de Lugo, o ex-vice-presidente Federico Franco, de participar do encontro. Franco diz que a transição de poder no Paraguai foi feita de acordo com a lei e que a atual proibição de comparecer aos encontros já é punição suficiente.
A princípio, Lugo disse que compareceria à cúpula para apresentar seu caso para os líderes regionais, mas mais tarde mudou de ideia. Depois declarou-se contrário às sanções econômicas, afirmando que só prejudicariam os paraguaios comuns.
Reuters
Partidários paraguaios e brasileiros do presidente cassado Fernando Lugo reivindicam que ele retorne à presidência em protesto na Ponte de Amizade, que liga Brasil e Paraguai
 
Apesar da pequena importância geopolítica do Paraguai, a cassação do mandato de Lugo, cuja presidência foi marcada por um diagnóstico de câncer e vários escândalos de paternidade, mergulhou o país em uma profunda crise política e o tornou uma prioridade para os outros líderes da região.
Adesão da Venezuela
A Venezuela fez seu pedido formal de adesão ao bloco em 2005. O pedido foi analisado pelos Congressos dos quatro países-membros. Apenas o Senado paraguaio ainda não havia aprovado a adesão, sob o argumento, de alguns senadores, de que a Venezuela não respeita os valores democráticos exigidos pelo bloco.
Ironicamente, esse foi o mesmo argumento usado pelos sócios do bloco para suspender o Paraguai após o impeachment de Lugo.
Mais cedo, em Assunção, o presidente Franco lamentou a suspensão temporária do Paraguai do Mercosul e não descartou que o país firme um Tratado de Livre Comércio (TLC) com os EUA. “Ao ser suspenso, o Paraguai está liberado para tomar decisões e faremos o que for melhor para os interesses paraguaios”, disse segundo a imprensa paraguaia.
Quando questionado sobre a possibilidade de “negociar acordos comerciais com EUA, China ou outros países”, o presidente paraguaio respondeu: “É uma possibilidade.”
*Com AP, EFE e BBC

6 comentários:

  1. Isso ja estava planejado a muito tempo, só assim os Americanos abrem o caminho para entrada no Paraguai, que futuramente passará de nação mais pobre da America do Sul, para uma das nações mais Ricas do Continente embora seja pequeno, mas com investimento dos EUA tudo pode acontecer, depois de tudo sugado, voltará ao patamar que é hoje, depois de toda riqueza se esvaziar, os outros países sul americanos não se deram conta disso, agora para consertar isso, fica mais dificil, mas também o Paraguai vai sofrer um pouco também, tenho a impressão que seguirá outro caminho, esperar pra ver.

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    1. vai latir pra la cara, vc não sabe nem o que fala, vc está trocando mais arrogante, por mais rica, que diferença!!!!

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  2. É anônimo- tudo tem o seu preço e não é de se duvidar que para compensar a destruição que estes mesmos ( outrora potência em evidência na Séc 19 a Inglaterra ) com o intermédio de Brasil e Argentina destruíram o Paraguai.
    Agora Séc 21 a potência filha do império britânico, ou seja os EUA, tentem corrigir erros históricos levando quiça o Paraguai a nação mais rica da América do Sul e dão um empurrãozinho para que o Brasil não decole no seu sonho de ser uma grande potência livre das amarras externas?
    E este golpe disfarçado no Paraguai pode ser parte deste projeto. Apenas um pensamento maluco com os meus botões.risos
    Abraços

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  3. Minha analise:

    A questão é a seguinte: Existe um jogo complexo no Paraguai a lei paraguaia é defeituosa Lugo foi destituído de acordo com a lei porem a lei está errada.

    Lugo tinha todos os defeitos, mas ele ofereceu ajuda ao povo e quis ajudar o povo, porém o congresso dominado por homens que servem a oligarquia paraguaia nunca deixaram as obras e reformas de Lugo ir a frente. Lugo comprou briga com ninguém mais do que a Monsanto que queria impor no Paraguai um novo tipo de agrotóxico e Lugo não aceitou, além disso ele quis fazer a reforma agraria pois no Paraguai 80% do povo é miserável e 80% das terras pertencem a oligarquia rica de fazendeiros (2% da população) que inclui brasileiros, por isso que alguns brasileiros vieram pedir a Dilma pra reconhecer o novo governo.

    Toda essa história é muito peculiar, e na emoção do momento com toda discussão alguns fatos importantes são deixados de lado. Os EUA perderam uma base no Equador e foram expulsos, no Paraguai existe um local com uma grande pista de decolagem onde os EUA tiveram interesse em construir uma nova base porem Lugo não aceitava, e ai temos mais um motivo para a queda dele, e desde 2009 que planejam isso.

    No Paraguai quem domina a maquina pública elege o presidente, por isso que derrubaram Lugo e tomaram o poder controlando a maquina pública o partido colorado irá eleger o próximo presidente.

    Alem disso temos o caso de Itaipu, o Paraguai sabe que o Brasil precisa dela pois São Paulo não funciona sem Itaipu e este é o motivo pelo qual o Brasil pegou leve nas sanções econômicas, grandes empresas americanas já estão interessadas em ir para o Paraguai e utilizar a energia excedente que é vendida para o Brasil e o Paraguai já avisou que não venderá mais.

    Se aproveitando da situação o Mercosul suspendeu o Paraguai e colocou a Venezuela, é bom para o Mercosul se expandir e colocando outros estados juntos, porem a Venezuela tem uma democracia débil e muito duvidosa.

    O Paraguai não tem condições de seguir sozinho, os EUA falidos, Europa falida e o Brasil é quem mais compra deles, e o Paraguai mais sobrevive de pirataria e contrabando, o povo paraguaio é atrasado demais tanto que os brasileiros que foram pra lá cresceram produzem soja e o próprio povo do Paraguai não produz nada.

    O Paraguai está caçando sarna pra se coçar, em 60 anos nunca foi a frente dificilmente irá agora. Com certeza tem os dedos dos EUA nisso tudo pois o Paraguai está no meio da America do sul, mas independente disso os países aqui estão se unindo e se armando igual no Oriente Médio, e a Rússia está encravada na Venezuela, portanto boa coisa não irá sair disso.... Mas vamos esperar e ver o que mais acontece.

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    1. a democracia está acabando com o mundo.Pois a ditadura está sendo usada invisivelmente, atravez das leis obrigatorias.

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