1 de outubro de 2012

Na ONU, Síria acusa EUA e outros países de apoiarem rebeldes terroristas

Em discurso na Assembleia Geral das Nações Unidas, o ministro das Relações Exteriores, Walid Muallem, afirmou que interferências exteriores não serão toleradas

O governo sírio foi amplamente criticada durante os discursos de líderes mundiais durante a Assembleia Geral da ONU. Nesta segunda-feira, porém, foi a vez do ministro das Relações Exteriores da Síria, Walid Muallem, defender o presidente Bashar Al-Assad e acusar Estados Unidos, Turquia, França e Arábia Saudita de apoiarem militantes terroristas no país.
Em discurso inflamado, Muallem disse também que qualquer pedido para que Assad "deixe o poder" é considerado intervenção externa nos assuntos políticos da Síria e não será tolerado. Na semana passada, as Nações Unidas divulgaram cifras alarmantes sobre o conflito armado na Síria: ao menos 40 mil pessoas morreram em combate ou em ataques a civis. O número de refugiados pode chegar a 700 mil pessoas até o final deste ano.
AP
Ministro das Relações Exteriores da Síria, Walid Muallem, durante discurso na ONU
O ministro sírio também condenou o apoio que o Exército Sírio Livre e outros grupos de combatentes têm recebido de alguns membros do Conselho de Segurança. "Países que lançaram guerras para acabar com o terrorismo agora mostram apoio a terroristas que atuam dentro do meu país, infringindo regas da ONU", afirmou Muallem, em clara referência aos Estados Unidos e França.
Segundo Muallem, líderes mundiais e alguns países da região, como Qatar e Líbia, participam ativamente do conflito na Síria, financiando e comprando armamentos para os rebeldes. Para ele, a única solução é o diálogo sem interferência de outras nações. "Convido a oposição síria para trabalharmos juntos e para colocar um fim ao derramamento de sangue", disse.
O porta-voz do principal grupo da oposição na Síria, Radwan Ziadeh, em resposta à fala de Muallem, o chamou de mentiroso. "Ele pede diálogo enquanto as forças aéreas da Síria bombardeiam civis em todas as cidades. Ele é um mentiroso", concluiu.

'Calamidade'
AP
Secretário Geral da Onu, Ban Ki-moon, fez duras críticas à escalada de violência na Síria
 
O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, voltou a criticar o regime comandado pelo presidente Bashar Al-Assad, acusado de crimes de guerra, assim como os rebeldes, que estão dificultando as negociações para uma transição pacífica de poder. Em discurso realizado na Assembleia Geral das Nações Unidas, o sul-coreano afirmou que o Conselho de Segurança deve responder à altura de seu desafio.
"A situação na Síria piora dia após dia e se tornou em uma calamidade regional. O conflito representa uma ameaça crescente para a paz internacional, que requer uma ação imediata do Conselho de Segurança", afirmou.
Segundo ele, tanto as forças de segurança de Assad, quanto os militantes rebeldes dificultam o acesso de grupos humanitários que tentam atuar na região. "Precisamos acabar com a violência e precisamos acabar com o envio de armas para ambos os lados. As demandas humanitárias crescem dentro da Síria e em toda a região ao redor da Síria", disse.

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