Funeral em Beirute acaba em protestos e violência
Milhares foram às ruas para acompanhar enterro do ex-chefe de inteligência do Líbano, e polícia teve que contar manifestantes anti-Síria com gás lacrimogêneo
Parte da multidão que compareceu ao funeral do ex-chefe
de inteligência do Líbano neste domingo, em Beirute, entrou em choque
com a polícia, em meio à crescente tensão no país. O velório de Wissam
al-Hassan, morto em um violento atentado na sexta-feira
, causou indignação entre diversos libaneses, que culpam o regime da vizinha Síria pelo ataque
.
Milhares de pessoas foram às ruas de Beirute para o
funeral. Alguns compareceram ao funeral portando bandeiras libanesas e
faixas contra o presidente sírio, Bashar al-Assad. Neste domingo, os
manifestantes tentaram invadir a sede do governo libanês, e a polícia
disparou gás lacrimogêneo para conter a multidão.
Muitos temem que a violência na Síria - que começou em
março do ano passado, com tentativas de insurgentes de derrubar al-Assad
- possa se espalhar agora para o Líbano, onde a população está dividida
em relação ao conflito.
O Exército da Síria esteve presente no Líbano por 29
anos, até 2005. Além disso, historicamente o Líbano virou palco de
conflitos violentos influenciados por eventos nos países ao seu redor,
como Síria e Israel. "Nós estamos aguardando a queda do regime sírio.
Até que isso aconteça, não poderá haver paz no Líbano", disse à BBC uma
das manifestantes que compareceu ao funeral de al-Hassan neste domingo.
Libaneses se revoltam e são contidos com bombas de gás após funeral de Wissam Al-Hassan, chefe da inteligência no país. Foto: AP
Segurança
O presidente libanês, Michel Suleiman, e o premiê Najib Mikati deram início aos serviços fúnebres na sede das Forças de Segurança Internas do Líbano, onde o caixão de al-Hassan foi levado no começo do dia.
O presidente libanês, Michel Suleiman, e o premiê Najib Mikati deram início aos serviços fúnebres na sede das Forças de Segurança Internas do Líbano, onde o caixão de al-Hassan foi levado no começo do dia.
O prédio, na vizinhança de Ashrafiya, fica
perto de onde ocorreu o atentado de sexta-feira, realizado com
carro-bomba. Outras sete pessoas morreram na explosão. A esposa e os
filhos de al-Hassan viajaram de Paris para o funeral. Eles estavam
vivendo no exterior, como medida de precaução.
A segurança foi reforçada em toda a capital libanesa
neste domingo. No sábado, diversos manifestantes foram às ruas e
incendiaram pneus, montando barricadas em alguns pontos de Beirute.
O ex-chefe do serviço de inteligência do Líbano tinha 47
anos e era ligado ao grupo 14 de março e à família Hariri, dois dos
principais opositores da Síria no Líbano. O corpo de al-Hassan será
enterrado ao lado do de Rafik Hariri, o premiê libanês que foi
assassinado também em um atentado em 2005. Al-Hassan liderou uma
investigação sobre este ataque que incriminou o regime sírio.
Saad Hariri, filho de Rafik e líder da oposição libanesa,
participa do funeral deste domingo. Ele pediu que a presença de "todo o
Líbano, que Wissam al-Hassan protegeu contra os complôs de Bashar
al-Assad". O episódio provocou uma crise política no governo libanês. No
sábado, o premiê Mikati colocou seu cargo à disposição, mas foi mantido pelo presidente Suleiman
.
O grupo Hezbollah, aliado da Síria, condenou o atentado de sexta-feira.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Qualquer comentário que for ofensivo e de baixo calão, não será bem vindo neste espaço do blog.
O Blog se reserva no direito de filtrar ou excluir comentários ofensivos aos demais participantes.
Os comentários são livres, portanto não expressam necessariamente a opinião do blog.
Usem-no com sapiência, respeito com os demais e fiquem a vontade.
Admin- UND