Embaixador e outros três funcionários do corpo diplomático dos EUA morrem durante protestos em Bengasi contra filme que ridiculariza Maomé. Obama ordena reforço de segurança em todas as embaixadas.
O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, condenou duramente nesta quarta-feira (12/09) o ataque ao consulado norte-americano em Bengasi, na Líbia, que levou à morte do embaixador Christopher Stevens e de outros três funcionários da embaixada dos EUA.
"Vamos providenciar todos os recursos necessários para apoiar a segurança de nosso pessoal na Líbia e aumentar a segurança de nossos postos diplomáticos em todo o mundo", afirmou Obama em comunicado.
Embaixador Christopher Stevens (c.) foi morto no ataque ao consulado em Bengasi
De acordo com testemunhas, manifestantes que protestavam nesta terça-feira contra um filme norte-americano sobre Maomé, rasgaram uma bandeira dos EUA, saquearam o consulado e atearam fogo no prédio. Ontem, os EUA lembraram os 11 anos dos atentados de 11 de setembro de 2001.
O ataque também foi condenado por diversos países. O presidente francês, François Hollande, instou o governo líbio a promover todos os esforços para encontrar os responsáveis do atentado "abominável" e levá-los a julgamento. Por meio de nota, o governo brasileiro também repudiou os ataques e "recorda a obrigação de todos os países de observarem o princípio da inviolabilidade das representações diplomáticas e consulares, como determinado pelas Convenções de Viena" sobre relações diplomáticas e consulares.
O presidente do parlamento líbio, Mohammed Magarief, pediu desculpas "aos Estados Unidos e ao mundo inteiro" pelo incidente.
Alerta das embaixadas
A embaixada dos EUA em Argel, capital da Argélia, já alertou os cidadãos norte-americanos que vivem no país para evitarem grandes aglomerações, assim como a ida ao local onde funciona o serviço diplomático. De acordo com os diplomatas, comunidades virtuais estão convocando manifestantes para protestarem em frente ao prédio da embaixada contra "uma série de questões".
Em Washington, a secretária de Estado Hillary Clinton afirmou ter conversado com Magarief para coordenar o apoio extra a fim de ajudar a proteger os norte-americanos que trabalham na Líbia. O líder líbio teria prometido total cooperação.
"O governo dos EUA está trabalhando com países parceiros em todo o mundo para proteger seu pessoal, suas missões e os cidadãos norte-americanos em todo o mundo", afirmou Clinton.
O atentado em Bengasi ocorreu horas após protestos em frente à embaixada norte-americana no Cairo, também contrários ao filme. Cerca de 3 mil manifestantes participaram dos protestos no Egito, sendo a maioria pessoas ligadas ao movimento radical salafista. Eles trocaram a bandeira dos EUA por uma faixa preta com a inscrição: "Não há Deus além de Deus, e Maomé é o profeta de Deus".
Filme polêmico
O ataque que matou Stevens e outros três membros do corpo diplomático dos EUA foi conduzido por manifestantes furiosos com o filme norte-americano que, para eles, ridiculariza o profeta islâmico Maomé. A película foi dirigida e produzida por Sam Bacile, e promovida pelo controverso pastor Terry Jones, que no passado levantou discórdias ao queimar o Corão e opor-se com veemência à construção de uma mesquita próxima ao marco zero em Nova York, local onde ficavam as torres gêmeas.
Polêmico filme sobre Maomé é promovido pelo pastor Terry Jones
Em Innocence of Muslims (Inocência de muçulmanos), o profeta Maomé é descrito como um homem que dorme com várias mulheres, fala sobre matar crianças e que se refere a um burro como "primeiro animal muçulmano".
Por meio de uma nota, o governo do Afeganistão também criticou duramente o filme, chamando-o de "desumano e insultante", afirmando que o "ato hediondo do diretor e do pastor fere os sentimentos do mundo islâmico". Nesta quarta-feira, o governo em Cabul anunciou o banimento do site YouTube do país para que os afegãos não tenham acesso ao filme.
Hillary Clinton afirmou, porém, que o governo dos Estados Unidos lamenta qualquer ação no sentido de denegrir crenças religiosas. "Nosso compromisso com a tolerância religiosa vem desde o início da nossa nação", afirmou a secretária. "Mas, deixem que eu seja clara: nunca há justificativa para esse tipo de ato de violência."
MSB/rtr/afp/apRevisão: Augusto Valente
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