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23 de agosto de 2012

Artigo:Irã-Israel:-EUA: Os três na linha vermelha

22/08/2012 - 
 

"Choverá sobre o Irã uma tormenta de mísseis balísticos"
Damasco - As ameaças de Israel de executar um eventual e totalmente "desconvocado" ataque contra o Irã são contínuas e, o mais importante, são escalada perigosa. Uma escalada que evolui dia após dia, totalmente casual, foi iniciada após a visita do candidato dos Republicanos à Presidência dos EUA, Mitt Romney, que defendeu as exigências israelenses e até proclamou capital de Israel a cidade de Jerusalém
Também colaborou o secretário de Defesa e ex-arquiaraponga da Agência Central de Inteligência (CIA), Leon Panetta, que trouxe "presentes" para Israel. "Presentes" como, por exemplo, a aprovação do Acordo Militar EUA-Israel, que prevê, também, o incremento da cooperação militar bilateral, exercícios conjuntos dos exércitos dos dois países e defesa antimísseis comum. Também, por força do acordo militar, os Estados Unidos poderão armazenar material bélico em Israel, transformando-o em paiol para abastecer futuras aventuras.
A barragem de declarações bélicas da liderança política israelense soa monótona e solitária, enquanto os EUA continuam, oficialmente, insistindo em solução por intermédio de via diplomática e, naturalmente, das estranguladoras sanções para que o Irá "seja convencido" a "abandonar seu programa nuclear".
Contudo, apesar do fato que a liderança israelense, com a tensão bélica crescente, incessantemente, alavanca seus próprios interesses imperialistas, suas declarações não estão muito distantes da frequentemente declarada posição do presidente Barack Obama e de outras autoridades do primeiro escalão de Washington, segundo as quais todas as opções estão on the table, incluindo, naturalmente, a guerra.
E mesmo que se, finalmente, as ameaças não sejam confirmadas, e pode ser que não sejam, a escalada da tensão por parte de Israel tem múltiplos alvos. Inicialmente, o "sufocamento" da frente de descontentamento interno, com o governo israelense tentando destacar os "riscos nacionais" para usufruir a "unidade nacional" e impor suas medidas antitrabalhistas.
Características são as constantes manifestações contra a política econômica do governo israelense. O povo israelense realizou no Centro de Tel Aviv, na noite de domingo passado, uma gigantesca manifestação contra o plano de guerra do governo, enquanto a iniciativa de um abaixo-assinado coletou assinaturas de 400 pilotos da Força Aérea israelense, que recusarão a obedecer ordens de bombardeio do Irã, porque isto colocará país em perigo. O abaixo-assinado recebeu, também, assinaturas de muitos professores universitários do país, igualmente, contrários aos planos de guerra do governo.
Arábia Saudita
Paralelamente, os gritos de guerra de Israel contribuem em demasia ao agravamento das divergências e dos antagonismos na região do Grande Oriente Médio e, consequentemente, ao aumento das possibilidades de um conflito de amplo espectro.
Apesar dos riscos que espreitam, Israel busca garantir, por uma vez mais, a posição de privilegiado player na região, no âmbito dos planos dos EUA para o Grande Oriente Médio, especialmente após a transferência do epicentro de seus interesses em direção à Ásia.
Característico exemplo dos antagonismos é, também, o fator Arábia Saudita, que promove seus próprios interesses com diversas alianças na região do Golfo Pérsico, e, no que diz respeito ao Irã, declara oficialmente que não permitirá a passagem de caças-bombardeiros através de seu espaço aéreo.
Entretanto, "vazamentos" insistem revelando que, considerando que o governo de Riad sabe - muito bem, aliás - que o espaço aéreo da Arábia Saudita constitui um dos quatro prováveis itinerários, caso os israelenses decidam atacar o Irã, autorizará o sobrevôo de seu território, somente se for uma operação coordenada pelos EUA.
Sob este ponto de vista, um eventual ataque, um ataque "preventivo" contra o Irã, "mantém-se estável" na primeira página dos jornais israelenses, em base diária, há 15 dias, enquanto a principal pergunta é se será "antes ou depois das eleições presidenciais norte-americanas de 6 de novembro próximo, e não se o ataque será desfechado antes por Israel, ou pelos colonialistas do Ocidente".
Tudo pronto
O baile do noticiário foi aberto por artigo do jornal israelense Yedioth Ahronoth com o título "Netanyahu e Barack decididos de atacar o Irã no outono", com o subtítulo "uma intervenção militar é hoje mais provável do que nunca". Seguem as declarações de Ehud Barak, ministro da Defesa de Israel, o qual caracterizou a eventualidade "urgente".
Ainda, o artigo esclarece que "nenhuma autoridade, seja do exército, do círculo do Ministério da Defesa de Israel, muito menos o presidente apoiam a idéia de um ataque israelense", considerando que o núcleo da liderança política e militar de Israel está indeciso.
Em seguida, Aharon Ze"evi-Farkash, general de brigada de reserva, declarou ao Canal 2 da TV israelense que "um ataque contra o Irã parece que será feito em breve, pode ser dentro de semanas ou em dois meses". Em declarações feitas indiretamente ao The News York Times, Ephraim Halev, ex-diretor do Mossad, afirmou, caracteristicamente: "Se eu fosse iraniano teria muito medo nas próximas 12 semanas".
Haaretz, outro jornal israelense, em seu artigo, revela uma advertência de uma alta autoridade do país que, sob a condição de anonimato, avaliou que "Israel enfrenta perigo maior agora do que na véspera da guerra de 1967". Também, revelou que "o urgente neste caso está baseado no argumento que novas informações recebidas pelos EUA indicam que o Irã tem avançado muito mais rápido do que calculava-se na construção de armas nucleares".
Entretanto, questionado a respeito, o porta-voz do Conselho de Segurança Nacional dos EUA desmentiu categoricamente estas informações, destacando que "nada mudou no que diz respeito a avaliações relativas à possibilidade de o Irã possuir armas nucleares", e que "os EUA prosseguem com a política de exercício de pressões, por intermédio de sanções, e sempre buscam uma solução diplomática".

Israelenses dão ultimato a Obama
A barragem contra o Irã completou-se com a entrevista do ex-genral de brigada e demissionário ministro de Defesa Política Matan Vilnai ao jornal israelense Maariv. O ministro revelou que "Israel tem preparado sua população para um eventual conflito em muitas frentes simultaneamente, que poderá durar até 30 dias", e acrescentou que "os israelenses esperam represálias por parte do Irã que custarão a vida de pelo menos 500 israelenses".
O Maariv publicou, também, com exclusividade, um documento que "vazou" revelando que "a liderança israelense já tem preparado planos completos para atacar o Irã, que incluem um ataque sem precedentes destinado a cortar qualquer espécie de comunicação do país, uso de munições com carvão para provocar a derrocada da rede de energia elétrica, assim como uma tormenta de mísseis balísticos e incursões aéreas tendo como alvo as instalações nucleares do Irã, sua máquina militar e sua liderança política e militar".
Os jornais insistem que "Israel atacará mesmo que não consiga atingir as instalações nucleares do Irã, enquanto o governo israelense já definiu como uma espécie de ultimato ao Governo Obama o dia 25 de setembro, para agendar o início da ação militar contra o Irã.
De acordo com vários analistas, o ultimato objetiva a existência de "agendamento" em posições que constituem para Israel linha vermelha, "até o momento em que vão dizer que estão prontos para colocar a bomba no míssil, ou armarem a bomba com o gatilho que provocará a explosão".
Ataque genérico
Se esta é a posição dos EUA, obviamente esta é a linha vermelha. Segundo declarou no Ynet News uma autoridade israelense que exigiu anonimato: "Se o presidente Obama estiver pronto para agendar publicamente, também para os EUA esta é a linha vermelha, e endurecer sua posição, então a liderança israelense não executará um ataque unilateral".
Será ingenuidade alguém argumentar que os EUA encontram-se em situação difícil com a provocadora posição do governo israelense, porque sabem, muito bem, aliás, que somente o agendamento que exigem cinicamente os israelenses em meio ao período eleitoral nos EUA invalida, essencialmente, as tão iminentes ameaças.
O cinismo sobra, também, nos EUA, considerando que as ameaças a Israel "facilitam" a consecução dos objetivos norte-americanos no Grande Oriente Médio. Sua tática inclui eliminação de "alvos": como a guerra civil na Síria, preparações de ataque contra o Irã, o Hezbollah, a Palestina...
Também, com o recrutamento e o apoio das monarquia reacionárias da Arábia Saudita, Catar e Golfo Pérsico, e junto com o governo turco, atiçam as chamas de uma guerra periférica ao longo de linhas separatistas religiosas de sunitas-xiitas.
Serbin Argyrowitz
Sucursal do Grande Oriente Médio. 

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