EUA retiram o mais rápido possível todos os seus cidadãos com estada na Síria
Os Estados Unidos pediram nesta quinta-feira que todos os seus cidadãos deixem imediatamente a Síria, dizendo que a violenta repressão contra protestos para derrubar o regime de Bashar al-Assad conduziu a uma situação incerta e volátil.
"O Departamento de Estado dos EUA insta todos os cidadãos dos EUA na Síria a partirem imediatamente enquanto houver transporte comercial disponível", disse o departamento em um alerta, acrescentando que os americanos deveriam adiar planos de viajar para o país.
A advertência reforça a de 5 de agosto, que também pedia que os americanos deixassem a Síria imediatamente, e oferece informações atualizadas, desde que os Estados Unidos impuseram novas sanções ao país, em 18 de agosto.
O Departamento de Estado cita "um aumento da xenofobia", nutrida pelo poder, que acusa a influência externa de estar na raiz dos distúrbios.
Os americanos detidos na Síria correm o risco de ser acusados de provocação ou espionagem. Washington lembrou que a recusa do governo sírio em autorizar o deslocamento de diplomatas americanos no país "limita gravemente a capacidade dos funcionários consulares de assistirem cidadãos americanos fora de Damasco".
O Departamento de Estado ordenou em abril a saída da Síria das famílias dos empregados do governo dos EUA e alguns funcionários de serviços não-emergenciais da embaixada do país.
Conselho Nacional Sírio
Os Estados Unidos também apoiaram o Conselho Nacional Sírio, que teve sua criação anunciada nesta quinta, durante um encontro promovido na Turquia.
"Qualquer movimento de oposição na Síria enfrenta um tremendo obstáculo", afirmou o porta-voz do Departamento de Estado, Mark Tones. "É muito difícil para eles se organizar politicamente e elaborar uma plataforma de comunicação, enquanto seus integrantes e líderes estão sendo caçados e mortos."
O conselho agrupa 140 membros, incluindo exilados e 70 dissidentes dentro da Síria. De acordo com Bassma Kodmani, uma das integrantes, a nova organização se "opõe categoricamente" a qualquer intervenção externa ou operação militar para derrubar o regime de Assad. "Estamos de acordo quanto à natureza pacífica da revolução."
Os opositores afirmaram sua unidade em torno de três princípios: a continuação da luta até a queda de Assad, a utilização de meios pacíficos e a integridade territorial da Síria.
Desde terça, tropas sírias têm realizado ataques nos subúrbios de Damasco, na província central de Homs e na região noroeste do Idlib, que faz fronteira com a Turquia.
O Observatório Sírio de Direitos Humanos (OSDH), com sede em Londres, afirmou que os ataques da força de segurança no subúrbio de Zabadani, em Damasco, deixou um morto e cinco feridos. O grupo afirma que um paramédico que foi ferido na semana passada morreu a caminho do hospital na terça.
As forças de segurança realizaram 126 prisões em Zabadani e Madaya, situadas a 50 km de Damasco, segundo o OSDH.
Uma revolta popular teve início na Síria em março, na mesma onda de movimentos anti-governistas no mundo árabe que já derrubaram regimes na Tunísia e Egito. Assad reagiu com mão de ferro e, segundo estimativas da ONU, cerca de 2,6 mil foram mortos.
* Com AFP, AP e Reuters
ISRAEL ENTRA EM ALERTA MILITAR QUANTO A POSSÍVEL REVOLTA PALESTINA FRENTE A PEDIDO POR RECONHECIMENTO DE ESTADO PALESTINO NA ONU.
O Exército israelense aumentou seu nível de alerta e mobilizou unidades de reserva para reforçar suas tropas na Cisjordânia, preparando-se para possíveis revoltas palestinas na próxima semana após o pedido de reconhecimento à ONU.
Foto: AFP
Palestinos participam de manifestação anti-EUA em Ramallah, na Cisjordânia, em 15 de setembro de 2011
O Comando Central do Exército pôs comandantes de prontidão na Cisjordânia e convocou três batalhões de reservistas adicionais, 1,5 mil homens, na última semana para aumentar sua presença nesse território palestino ocupado, informou o serviço de notícias "Ynet". Israel também mantém unidades em alerta para se for declarado o estado de emergência. O mesmo acontece com unidades de reserva do Comando Sul, que podem ter de reforçar a fronteira com o Egito.
As tropas que estão sendo desdobradas na Cisjordânia foram treinadas para o uso de equipamentos de dispersão para fazer frente aos manifestantes. O Exército também reforçou a presença ao redor das colônias judaicas para proteger as localidades e para evitar ataques de colonos extremistas contra palestinos, algo frequente nas últimas semanas, incluindo incêndios em mesquitas. Além disso, civis residentes nas colônias judaicas em território palestino foram treinados para a possibilidade de os protestos se tornarem violentos.
Os dirigentes palestinos asseguraram que serão pacíficas as manifestações que darão apoio à solicitação do reconhecimento de um Estado palestino como membro de pleno direito na ONU. O presidente da Autoridade Nacional Palestina, Mahmoud Abbas, deve apresentar seu pedido à ONU após seu discurso na Assembleia Geral, no dia 23. Os preparativos de Israel ocorrem enquanto EUA e União Europeia tentam nos bastidores dissuadir os palestinos de levar a medida adiante.
Pedido de adesão
Na quinta-feira, o ministro palestino das Relações Exteriores, Riyad al-Malki, confirmou que, em seu discurso, Abbas defenderá a aceitação de um Estado palestino como membro pleno da organização multilateral com as fronteiras anteriores à Guerra dos Seis Dias de 1967. "O presidente apresentará a solicitação às 12h30 (13h30 em Brasília), exceto no caso de uma proposta crível para a retomada das negociações", disse, em referência aos contatos em curso entre EUA e países europeus.
Obter o reconhecimento como Estado é importante para os palestinos porque abriria as portas ao comparecimento a organismos internacionais, como o Tribunal Penal Internacional de Haia, onde poderiam denunciar as consequências da ocupação de seus territórios e as violações de direitos humanos cometidas contra sua população. Os palestinos também poderiam assinar tratados multilaterais e, segundo eles, o reconhecimento melhoraria sua posição para negociador com Israel.
Na terça-feira, um membro da Liga Árabe disse que os palestinos pensavam em buscar o reconhecimento da ONU como Estado por meio da Assembleia-Geral, e não pelo Conselho de Segurança. Como uma maioria de dois terços indica ser favorável à medida na Assembleia-Geral, os palestinos obteriam uma vitória na votação e garantiriam um embaraço a Israel. A vitória, porém, seria limitada, porque o reconhecimento seria apenas como Estado não-membro, sem direito a voto.
Nesta quinta-feira, porém, Malki disse que os palestinos planejam tentar a adesão total, com direito a voto, que só pode ser conferida pelo Conselho de Segurança (composto por 15 membros, dos quais cinco com poder de veto). Recorrer ao órgão colocaria os EUA na desconfortável posição de vetar o esforço palestino, causando danos na diplomacia americana no mundo árabe.
Nesta sexta-feira, uma publicação da China, que também tem poder de veto no órgão da ONU, advertiu que haverá aumento da tensão no Oriente Médio se os EUA não apoiarem a iniciativa palestina. "A comunidade internacional, de forma majoritária, acredita que ter um Estado independente é um direito inalienável dos palestinos. Se os EUA optarem por desafiar a opinião pública mundial, não apenas Israel ficará ainda mais isolado, como as tensões na região aumentarão mais", afirmou um editorial do jornal China Daily.
Nesta semana, em um artigo publicado no New York Times, o príncipe saudita Turki Faisal afirmou que a posição americana só reduz ainda mais o decadente prestígio regional dos EUA. Para ele, o veto americano enfraqueceria a segurança israelense e fortaleceria o Irã, que a comunidade internacional suspeita desenvolver um programa de armas nucleares. Por conta disse, alerta Faisal, a Arábia Saudita não poderá continuar sendo um forte aliado americano.
Primavera Árabe
A tentativa dos palestinos de obter o reconhecimento de um Estado ocorre em meio aos levantes conhecidos como Primavera Árabe, que puseram fim aos regimes autocráticos de longa data da Tunísia, Egito e Líbia e vêm mudando a dinâmica da região.
Israel, que antes tinha um aliado no líder deposto egípcio Hosni Mubarak, atualmente vê suas relações com Cairo estremecidas, com os líderes da junta militar sob pressão popular para pôr fim ao acordo de paz de 1979. Na quinta-feira, O primeiro-ministro egípcio, Essam Sharaf, chegou a afirmar que o tratado de paz com Israel não é "sagrado", e pode ser alterado pelo bem da paz na região.
Além disso, a Turquia, um aliado estratégico, adotaram um afastamento após o Estado judeu se recusar a pedir desculpas pela morte de oito ativistas turcos e um turco-americano durante uma ofensiva isralense contra um navio com ajuda humanitária que se dirigia à Faixa de Gaza em maio de 2010. O incidente da flotilha e o desejo da Turquia de ampliar sua influência no Oriente Médio e no mundo árabe poderiam afetar dramaticamente a dinâmica de poder na região.
*Com EFE, AFP e informações de Nahum Sirotsky, de Israel
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