Comandantes autorizaram repressão em massa na Síria, diz ONG
De acordo com relatório da Human Rights Watch, autoridades têm conhecimento de violações; ataque de desertores mata 27 soldados
Dezenas de comandantes e oficiais militares autorizaram ou deram ordens diretas para assassinatos em massa, tortura e prisões ilegais durante a onda de protestos antigoverno iniciada em março na Siria, afirmou nesta quinta-feira a organização Human Rights Watch (HRW). A denúncia foi feita no mesmo dia em que aumentam os sinais de que o conflito torna-se uma guerra civil, com a morte de 27 soldados e outros integrantes das forças de segurança em confrontos com desertores no sul do país.
Foto: AFP
Foto divulgada pela agência oficial síria mostra forças de segurança carregando em base de Damasco caixão de militar que teria morrido em meio à violência do país
Em um relatório de 88 páginas, feito tendo como base mais de 60 entrevistas com desertores das agências militares e de inteligência da Síria, a ONG de Nova York identifica 74 comandantes e oficiais por trás dos abusos que descreve como crimes contra a humanidade, afirmando que o Conselho de Segurança da ONU deveria enviar o caso sírio ao Tribunal Penal Internacional.
"Soldados desertores nos deram nomes, patentes e posições dos que deram as ordens para disparar e matar, e cada um dos oficiais nomeados nesse relatório - que chegam até a mais alta hierarquia do governo sírio - deveria responder pelos crimes contra a população síria", disse em comunicado a diretora adjunta de Emergências da ONG, Anna Neistat.
De acordo com os desertores, "os ataques a manifestantes desarmados" incluíam surras, torturas, execuções sumárias e negação de atendimento médico a feridos. "São crimes contra a humanidade e devem ser castigados", declarou por sua vez o diretor de comunicação para Oriente Médio e Norte da África da ONG, Omar al-Isawi, que qualificou a situação na Síria de "grave e inaceitável".
Todos os desertores entrevistados disseram que seus comandantes ordenaram parar os protestos majoritariamente pacíficos em todo o país usando "todos os meios necessários". Eles entenderam a frase como uma autorização para usar força letal, especialmente porque receberam munição real em vez de outros meios de controle de multidões.
Cerca de metade dos entrevistados disse à HRW que os comandantes de suas unidades ou outros oficiais também lhes deu ordens diretas para disparar contra manifestantes ou pedestres, assegurando que não teriam de prestar contas por essas ações. O relatório traz citações dos dissidentes dizendo que, em alguns casos, os próprios oficiais participaram das mortes.
No documento, a ONG conclui que os líderes militares e civis sírios têm conhecimento das violações cometidas pelas forças de segurança contra os manifestantes. Em uma entrevista divulgada no dia 7 pela ABC, o presidente sírio, Bashar al-Assad, alegou que nunca ordenou a repressão brutal do levante, embora comande as Forças Armadas.
De acordo com ele, gangues armadas e terroristas estão por trás da revolta, e não manifestantes que buscam liberdades e reforma em um dos regimes mais totalitários do Oriente Médio.
Morte de soldados sírios
Durante a madrugada desta quinta-feira na província de Deraa, no sul da Síria, 27 soldados e integrantes das forças de segurança foram mortos em confrontos com militares desertores, disse a entidade Observatório Sírio dos Direitos Humanos, com sede no Reino Unido.
Segundo a entidade, os desertores combateram as forças leais a Assad em duas localidades na cidade de Deraa e em um posto militar de controle situado a cerca de 25 km. O órgão não detalhou como começaram os choques, mas o elevado número de mortes indica coordenação dos rebeldes, que intensificaram seus ataques contra alvos militares nas últimas semanas.
Na quarta-feira, morreram pelo menos oito militares sírios em uma emboscada de supostos soldados desertores em resposta ao assassinato de vários civis em Hama por disparos dos seguidores do regime de Assad.
De acordo com a ONU, mais de 5 mil pessoas, incluindo mais de 300 crianças, morreram na Síria desde o início da repressão governamental às manifestações contra o regime de Assad, que já duram nove meses.
Último Segundo *Com AP, AFP e EFE
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