Bombardeio sírio a cidade de Lakatia, deixa ao menos 10 mortos.
Ao
menos 10 civis morreram e 25 ficaram gravemente feridos neste domingo
no bairro Al Raml al Junubi de Latakia, cidade costeira do oeste da
Síria bombardeada por navios de guerra e tanques, anunciou o
Observatório Sírio de Direitos Humanos (OSDH).
Na véspera, outras nove pessoas haviam morrido em ofensivas oficiais em diversas cidades do país,
Latakia incluída. Calcula-se que mais de 1,7 mil pessoas tenham sido
mortas nos seis meses de levante contra Assad. Os relatos não podem ser
confirmados de maneira independente, por causa das restrições ao
trabalho jornalístico na Síria.
Foto: AFP
Integrantes da oposição ao governo afirmam que tanques foram vistos neste sábado em um bairro de Latakia
"Dez civis morreram nesta manhã e ao menos 25 ficaram feridos em Al
Raml al Junubi", disse o OSDH em um comunicado, no qual afirma que
navios de guerra e tanques do exército disparavam contra o bairro.
"Navios de guerra estão atacando Latakia e são ouvidas explosões em
vários bairros", indicou o OSDH. "Intensos disparos e explosões foram
escutadas no bairro de Saliba", enquanto veículos de paramilitares
partidários do regime e forças de segurança se concentravam na cidade",
acrescentou o Observatório.
As comunicações telefônicas e a internet continuam cortadas, indicou
o OSDH. Segundo o Observatório, dois civis morreram no sábado em
Latakia após a mobilização de "tanques e veículos de transporte de
tropas (...) perto do bairro de al Raml al Junubi em Latakia (leste)".
As forças de segurança lançaram foguetes no bairro de Al Sakenturi e
uma criança ficou ferida no bairro de Bustan Saydui, acrescentou o
OSDH. Por sua vez, o exército e as forças de segurança sírias entraram
na noite de sábado em dois subúrbios de Damasco e prenderam muitas
pessoas, disse o Observatório.
Em Damasco, "as forças de segurança entraram massivamente em Sakba e
Hamuriya e lançaram uma ampla campanha de detenções", indicou o
Observatório.
Ataques a hospitais
Um médico em Hama, no oeste da Síria, disse à BBC que as recentes
operações do Exército na cidade tiveram um duro efeito nos serviços
médicos. O médico, que não quis se identificar por razões de segurança,
disse que parte da população se recusa a ir a um dos principais
hospitais porque as tropas leais ao presidente Bashar al-Assad entraram
no local e chegaram a ferir médicos e enfermeiras e matar alguns dos
pacientes.
Também segundo o médico, dois hospitais em Hama foram destruídos
durante uma semana de ofensiva do Exército sírio na cidade; outros
centros médicos ficaram bastante danificados.
“Um hospital privado teve parte de seus equipamentos destruído por
mísseis. As forças de segurança invadiram o hospital, dizendo procurar
por armas. Muitos da equipe médica ficaram feridos. Dois hospitais
fecharam por conta da destruição”, declarou o médico, agregando que
faltam medicamentos e sangue para transfusões.
Pressão diplomática
Ao mesmo tempo, cresce a pressão diplomática externa para que a
Síria contenha a ofensiva contra os manifestantes. A Organização da
Cooperação Islâmica, entidade que reúne 57 Estados islâmicos, pediu que
a Síria interrompa imediatamente o uso da força contra manifestantes
civis.
Já o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, emitiu no sábado
um comunicado em conjunto com o rei Abdullah, da Arábia Saudita,
pedindo o fim da repressão aos cidadãos sírios.
Uma declaração divulgada pela Casa Branca afirma que os dois chefes
de Estado expressaram "profunda preocupação" com a situação síria,
durante uma conversa por telefone.
No entanto, até o momento a impressão é de que o cerco aos
manifestantes tem crescido, já que há relatos de presença de tropas
pró-Assad em diversas cidades – Hama, Homs, Damasco, Deir al-Zour,
Aleppo e Idlib, além de Latakia.
Assad atribui os protestos contra seu governo a “grupos terroristas”.
(Com agências internacionais AFP e BBC Brasil)
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