Ao iniciar seu giro pelo Oriente Médio (Tunísia, Egito, Jordânia e Israel, iniciado nesta segunda-feira (30), o secretário de Defesa dos Estados Unidos, Leon Panetta, indicou - como se fosse necessário - o caráter de sua visita ao brandir ameaças contra os governos da Síria.
A luta para derrotar as milícias que ameaçam Alepo (cidade que é o centro financeiro da Síria) será “um prego no caixão [do presidente Bashar al-] Assad” que, na opinião daquele alto dirigente do imperialismo dos EUA, “perdeu toda a legitimidade”. Ele afirmou também que o regime sírio “está chegando ao fim.”
A arrogância do dirigente estadunidense esbarra no senso comum mais trivial: há legitimidade quando um governo usa a força para manter a integridade de seu território e a segurança de sua população, dentro de suas fronteiras. Sobretudo quando ela é ameaçada por milícias - como ocorre na Síria - fortemente armadas e financiadas por países estrangeiros, e constituídas também por mercenários contratados no exterior.
Um levante armado dentro de uma nação caracteriza uma guerra civil e cabe aos beligerantes procurar, autonomamente, as maneiras mais adequadas para vencer. Não é o que ocorre na Síria. Embora o governo seja laico e existam fortes dissensões entre facções religiosas de sua população, o conflito na Síria vai muito além disso. O que alimenta os confrontos é a articulação entre os chamados “rebeldes” - na verdade milícias mercenárias -, o imperialismo dos EUA e da União Europeia, e grupos fundamentalistas religiosos, como a Al-Qaeda, que se constituíram numa frente armada contra o governo sírio. Seu objetivo não é o programa falso difundido pelo imperialismo através da mídia hegemônica, que alega “razões humanitárias” e defesa dos direitos humanos.
O programa oculto por trás desta alegação hipócrita é a derrota de um governo que é uma pedra no sapato do imperialismo, e de Israel, no Oriente Médio, cujos dirigentes vislumbraram, na chamada “primavera árabe”, a chance de dar uma aparência “democratizante” à derrota do regime de Assad.
Defrontou-se, entretanto, com uma realidade adversa para seus planos. Não pode repetir, na Síria, a mesma escalada agressiva cometida contra a Líbia em 2011 - o povo sírio não se comoveu com o canto de sereia do imperialismo, o poder militar da Síria é superior ao da Líbia no momento em que foi atacada, e encontrou uma resistência internacional mais decidida contra a ofensiva imperialista. As decisões do imperialismo não contam mais, nos organismos da ONU, com apoio semelhante ao obtido em 2011 contra a Líbia. Capitaneada por Rússia e China, a resistência contra as pretensões do imperialismo se acentuou e tem impedido a legitimação da agressão contra a Síria.
A batalha que se trava em Alepo, desde a semana passada, pode ser crucial. Ela tem revelado a disposição do governo sírio de resistir e demonstrado sua capacidade militar e organizativa para isso. Por outro lado, é nítida a desorganização das milícias mercenárias, além de exibir a compreensão que aquelas forças têm do que seja “democracia” e direitos humanos: multiplicam-se as notícias da aplicação de critérios religiosos em “julgamentos” de combatentes aprisionados, que são executados sumariamente, sem direito de defesa e à margem de qualquer legitimidade legal. Linchamento puro e simples, com base na sharia, inaceitável num estado laico e dotado de uma tradição de respeito ao Estado de direito.
O próprio chefe dos observadores da ONU na Síria, o general Babacar Gaye, foi obrigado a indicar esta situação quando, ao manifestar sua preocupação com a continuidade da violência, disse: temos “que reconhecer que esta violência vem de ambas as partes".
Isto é, trata-se de uma luta aberta, provocada por milícias armadas pelo imperialismo e por monarquias árabes tradicionalistas e aliadas ao imperialismo. Autoridades estrangeiras que, hipocritamente, reclamam - como fez o secretário de Defesa dos EUA - quando o governo sírio defende sua população e seu território dos ataques promovidos por forças estrangeiras. A luta em Aleppo é decisiva: a vitória do imperialismo e seus aliados pavimentaria o caminho para mais agressões; sua derrota indicará o fortalecimento da soberania e da autodeterminação das nações. Os sírios têm seus problemas internos, que nunca foram simples. É preciso reconhecer, com ênfase, que são contradições cuja resolução cabe apenas a eles como povo soberano. E a vitória contra a agressão estrangeira patrocinada pelos EUA pode simbolizar um passo importante na luta contra a agressividade imperialista e pela paz mundial.
A luta para derrotar as milícias que ameaçam Alepo (cidade que é o centro financeiro da Síria) será “um prego no caixão [do presidente Bashar al-] Assad” que, na opinião daquele alto dirigente do imperialismo dos EUA, “perdeu toda a legitimidade”. Ele afirmou também que o regime sírio “está chegando ao fim.”
A arrogância do dirigente estadunidense esbarra no senso comum mais trivial: há legitimidade quando um governo usa a força para manter a integridade de seu território e a segurança de sua população, dentro de suas fronteiras. Sobretudo quando ela é ameaçada por milícias - como ocorre na Síria - fortemente armadas e financiadas por países estrangeiros, e constituídas também por mercenários contratados no exterior.
Um levante armado dentro de uma nação caracteriza uma guerra civil e cabe aos beligerantes procurar, autonomamente, as maneiras mais adequadas para vencer. Não é o que ocorre na Síria. Embora o governo seja laico e existam fortes dissensões entre facções religiosas de sua população, o conflito na Síria vai muito além disso. O que alimenta os confrontos é a articulação entre os chamados “rebeldes” - na verdade milícias mercenárias -, o imperialismo dos EUA e da União Europeia, e grupos fundamentalistas religiosos, como a Al-Qaeda, que se constituíram numa frente armada contra o governo sírio. Seu objetivo não é o programa falso difundido pelo imperialismo através da mídia hegemônica, que alega “razões humanitárias” e defesa dos direitos humanos.
O programa oculto por trás desta alegação hipócrita é a derrota de um governo que é uma pedra no sapato do imperialismo, e de Israel, no Oriente Médio, cujos dirigentes vislumbraram, na chamada “primavera árabe”, a chance de dar uma aparência “democratizante” à derrota do regime de Assad.
Defrontou-se, entretanto, com uma realidade adversa para seus planos. Não pode repetir, na Síria, a mesma escalada agressiva cometida contra a Líbia em 2011 - o povo sírio não se comoveu com o canto de sereia do imperialismo, o poder militar da Síria é superior ao da Líbia no momento em que foi atacada, e encontrou uma resistência internacional mais decidida contra a ofensiva imperialista. As decisões do imperialismo não contam mais, nos organismos da ONU, com apoio semelhante ao obtido em 2011 contra a Líbia. Capitaneada por Rússia e China, a resistência contra as pretensões do imperialismo se acentuou e tem impedido a legitimação da agressão contra a Síria.
A batalha que se trava em Alepo, desde a semana passada, pode ser crucial. Ela tem revelado a disposição do governo sírio de resistir e demonstrado sua capacidade militar e organizativa para isso. Por outro lado, é nítida a desorganização das milícias mercenárias, além de exibir a compreensão que aquelas forças têm do que seja “democracia” e direitos humanos: multiplicam-se as notícias da aplicação de critérios religiosos em “julgamentos” de combatentes aprisionados, que são executados sumariamente, sem direito de defesa e à margem de qualquer legitimidade legal. Linchamento puro e simples, com base na sharia, inaceitável num estado laico e dotado de uma tradição de respeito ao Estado de direito.
O próprio chefe dos observadores da ONU na Síria, o general Babacar Gaye, foi obrigado a indicar esta situação quando, ao manifestar sua preocupação com a continuidade da violência, disse: temos “que reconhecer que esta violência vem de ambas as partes".
Isto é, trata-se de uma luta aberta, provocada por milícias armadas pelo imperialismo e por monarquias árabes tradicionalistas e aliadas ao imperialismo. Autoridades estrangeiras que, hipocritamente, reclamam - como fez o secretário de Defesa dos EUA - quando o governo sírio defende sua população e seu território dos ataques promovidos por forças estrangeiras. A luta em Aleppo é decisiva: a vitória do imperialismo e seus aliados pavimentaria o caminho para mais agressões; sua derrota indicará o fortalecimento da soberania e da autodeterminação das nações. Os sírios têm seus problemas internos, que nunca foram simples. É preciso reconhecer, com ênfase, que são contradições cuja resolução cabe apenas a eles como povo soberano. E a vitória contra a agressão estrangeira patrocinada pelos EUA pode simbolizar um passo importante na luta contra a agressividade imperialista e pela paz mundial.
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