O primeiro-ministro britânico, David Cameron, disse que um "contra-ataque" está em andamento após quatro dias de distúrbios no país.
Na noite de terça-feira, a violência diminuiu em Londres, mas cresceu
em outras partes da Inglaterra, como Manchester, Salford, Liverpool,
Nottingham e Birgmingham.
De acordo com o premiê, a polícia vai ter acesso a todos os recursos
necessários para impedir novos tumultos e saques, incluindo o uso de
cacetetes e canhões d'água.
"Grandes operações policiais estão acontecendo neste momento para
prender criminosos que não foram detidos na noite passada, mas que
apareceram em câmeras de circuito fechado de televisão. Imagem por
imagem esses criminosos estão sendo identificados e presos e não vamos
deixar nenhuma preocupação fajuta com direitos humanos impedir a
publicação dessas imagens e as prisões desses indivíduos", disse
Cameron após mais uma reunião de emergência do governo, na manhã desta
quarta-feira.
O primeiro-ministro também afirmou que o comportamento dos
responsáveis pelos ataques - incluindo crianças - mostra que partes da
sociedade britânica "estão doentes" e prometeu que não vai permitir que
haja uma "cultura do medo" nas ruas.
Na terça-feira, o governo britânico colocou 16 mil policiais nas ruas de Londres,
que viveu uma noite de relativa tranquilidade. Porém, muitos bares e
lojas fecharam as suas portas mais cedo na cidade com medo de novos
episódios de violência.
Segundo a polícia metropolitana de Londres (conhecida como Scotland
Yard), 768 pessoas foram detidas ao longo dos quatro dias de
distúrbios, com 105 delas indiciadas. Mais de cem policiais da Scotland
Yard ficaram feridos nos quatro dias de operações, incluindo alguns com
ferimentos graves na cabeça e nos olhos, cortes e fraturas após serem
atacados pelos manifestantes com garrafas, pedaços de madeira, tijolos
e até mesmo carros em movimento. Cinco cachorros da polícia também
ficaram feridos.
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Com a proliferação dos episódios de violência pelo país, ao menos
108 pessoas foram presas em Manchester e Salford, no norte do país,
onde grupos de jovens atearam fogo a carros e lojas.
Em Manchester, centenas de jovens entraram em confronto com a
polícia. A multidão jogou bombas incendiárias em lojas, enquanto
algumas pessoas saquearam lojas, roubando roupas, equipamentos
eletrônicos e bebidas.
O comandante da polícia da Grande Manchester, Garry Shewan, afirmou
que suas forças enfrentaram “níveis extraordinários de violência de
grupos de criminosos com a intenção de promover a desordem
generalizada”.
No condado de West Midlands, que engloba a cidade de Birmingham, a
segunda maior do país, 229 pessoas foram detidas e 23 foram indiciadas
pelos distúrbios.
Grupos de jovens destruíram fachadas de lojas e atearam fogo a
carros na região. Também em Birmingham, três homens morreram
atropelados durante a noite. Segundo moradores, eles estavam tentando
proteger sua vizinhança.
Em Nottingham, no norte do país, uma delegacia foi atacada com coquetéis molotovs por uma gangue de jovens.
Origem dos distúrbiosNa terça-feira, o prefeito de Londres, Boris Johnson, afirmou que os responsáveis pelos distúrbios “receberão punições que os farão se arrepender amargamente”.
Johnson rejeitou, porém, as “justificativas econômicas ou sociais”
para a violência. Grupos opositores acusam a prefeitura e o governo
britânico de promover cortes em programas sociais que atendem jovens de
comunidades carentes, o que teria contribuído para a sensação de
frustração e a revolta popular.
As revoltas explodiram no sábado no bairro de Tottenham, após um protesto pela morte de Mark Duggan, jovem negro de 29 anos.
Duggan foi morto por policiais na quinta-feira, em Tottenham, depois
de ser abordado em um táxi por uma unidade que investiga crimes com
armas de fogo no bairro. O jovem teria sido morto em um suposto
tiroteio que também teria ferido um policial.
A assistente social Michelle Jackson, de 43 anos, disse à BBC que
muitos ficaram descontentes em Tottenham, um bairro que abriga muitos
imigrantes, depois que a polícia começou a dar declarações sobre Mark
Duggan à imprensa, mas sem fornecer qualquer tipo de informações para a
família do jovem morto.
"Eu conheço o homem que foi morto, ele era um sujeito muito bacana,
e eles estão fazendo parecer como se fosse uma espécie de gangster
envolvido em armas e em coisas desse tipo", afirmou Michelle. Segundo
ela, a polícia não sabe lidar com os jovens negros de Tottenham, e
muitas pessoas de diversas nacionalidades e etnias se juntaram ao
tumulto de sábado.
Foto: Arte iG
Violência se espalha por bairros de Londres e cidades britânicas
Com BBC
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