Medida apoiada por Ocidente ameaçava com punições econômicas e diplomáticas sob o Capítulo 7 da Carta da ONU, que eventualmente poderia levar a uma ação militar
Rússia e China vetaram nesta quinta-feira a resolução do Conselho de Segurança da ONU apoiada pelo Ocidente que ameaçava impor sanções contra o presidente sírio, Bashar al-Assad, se as forças do regime não parassem de usar armas pesadas no conflito de 16 meses. A votação terminou com 11 votos a favor, dois contra e duas abstenções da África do Sul e do Paquistão.
O governo americano disse que a Rússia e a China se posicionaram "do lado errado da história" e contra o povo sírio ao vetar a resolução. O porta-voz da Casa Branca, Jay Carney, afirmou que o resultado da votação foi "lamentável" e "muito infeliz".
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Essa é a terceira vez em nove meses que Rússia e China, dois importantes aliados de Assad, empregaram seu direito de veto como membros permanentes do órgão máximo da ONU para bloquear resoluções contra Damasco.
A votação deixa incerta a missão de 300 observadores da ONU na Síria, cujo mandato expira na sexta-feira.
"Não vamos apoiar a continuidade de uma missão na qual mandamos funcionários desarmados da ONU para a Síria para que observem a brutalidade do regime de Assad, sem que exista um mecanismo dentro da resolução que crie consequências para o regime por não cumprir suas obrigações e seus compromissos", disse Carney.
O general Robert Mood, chefe dos observadores da ONU na Síria, deixou seu hotel em Damasco nesta quinta-feira para viajar a Genebra após a missão de monitoramento de 90 dias da ONU na Síria ter terminado. O mandato dos observadores termina na sexta-feira e poderia ter se estendido por 45 dias, caso Rússia e China tivessem votado a favor da resolução no Conselho de Segurança.
“Eu saio satisfeito que eu e cerca de 400 homens e mulheres corajosos fizemos o nosso melhor, sob circunstâncias muito desafiadoras", disse Mood, que chefiou a missão da ONU, em entrevista coletiva no hotel Dama Rose.
"Para o bem do povo sírio, precisamos de liderança efetiva do Conselho de Segurança e uma união verdadeira em torno de um plano político que atenda as aspirações do povo sírio e que é aceito pelas partes", disse Mood. "O governo e a oposição devem estar dispostos a fazer as concessões necessárias e sentar à mesa de negociações", acrescentou ele, dizendo que não havia esperança de que a crise possa ser resolvida através de confrontos.
Primeiro veto: Rússia e China vetam resolução contra a Síria
Segundo veto: Rússia e China vetam resolução da ONU contra a Síria
O representante britânico na ONU, Mark Lyall Grant, afirmou que o Reino Unido está "consternado" pelo veto dos dois países. "É lamentável que esse Conselho tenha sido incapaz de cumprir o papel para o qual foi estabelecido e tem o dever de respeitar", afirmou, acusando Rússia e China de "pôr seus interesses nacionais acima das vidas de milhões de sírios".
Já o embaixador da França na ONU, Gérard Araud, acusou a Rússia de "querer ganhar tempo para que o regime de Assad possa esmagar a oposição". "Estou muito, muito triste. O que acontece na Síria está se estendendo. Havia 3 mil mortos e tivemos veto, 7 mil e veto, e agora 17 mil e um novo veto. Esses países deveriam ser questionados quando aceitarão se mexer", disse.
Na semana passada, França, Alemanha, EUA, Reino Unido e Portugal apresentaram uma proposta de resolução, amparada no Capítulo 7 da Carta das Nações Unidas, que ameaçava com sanções diplomáticas ou econômicas se o presidente sírio não retirasse suas tropas dos centros urbanos e não interrompesse o uso de armamentos pesados nos dez dias posteriores à aprovação da medida.
O texto também previa o mandato da Missão de Observação das Nações Unidas na Síria (UNSMIS) por mais 45 dias. Além de França, Alemanha, EUA, Reino Unido e Portugal, também aprovaram a medida Alemanha, Colômbia, Guatemala, Índia, Azerbaijão, Togo.
Os vetos de Rússia e China são um golpe contra o enviado especial da ONU e da Liga Árabe para a Síria, o ex-secretário-geral da ONU Kofi Annan, que pediu por "consequências" pelo não cumprimento de seu plano de paz de seis pontos, que o governo de Assad vem ignorando.
Annan quis que a votação fosse adiada de quarta para esta quinta e fez um apelo para que a nova resolução fosse apoiada, mas Moscou não cedeu, e o Ocidente insistiu em incluir a ameaça de sanções não militares sob o Capítulo 7 da Carta da ONU.
Rússia se opõe fortemente à ameaça de sanções contra a Síria. Moscou e Damasco têm uma relação militar e de amizade de longa data, e a Síria abriga a única base naval da Rússia no Mar Mediterrâneo.
A votação no Conselho de Segurança da ONU ocorreu durante o quinto dia de confrontos consecutivos na capital do país, Damasco, de onde centenas estão fugindo pela extrema violência.
Na quarta-feira, a explosão de uma bomba colocada por rebeldes no prédio que abriga a sede da Força de Segurança Nacional no centro da capital matou o ministro da Defesa da Síria, Dawoud Rajha, seu vice, Assef Shawkat, e o ex-ministro da Defesa Hassan Turkmani.
Em uma entrevista por telefone desde seu quartel-general na Turquia, Riad al-Asaad, comandante dos rebeldes sírios, reivindicou a autoria do atentado, o primeiro contra o círculo direto de poder nos 16 meses do levante popular.
De acordo com Asaad, os rebeldes planejaram a ação por dois meses e colocaram uma bomba dentro do cômodo onde as autoridades estavam reunidas. Segundo ele, todos os que fizeram a ação estão seguros e o ataque marca o começo do fim. "Se Deus quiser, esse é o início do fim do regime. Esperamos que Bashar seja o próximo."
*Com AP, EFE e AFPVia -Último Segundo.ig.com.br
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