Olá leitores!
Boa semana a todos!
Esta semana ou talvêz hoje, teremos o desfecho para a crise em torno da elevação do teto da dívida nos EUA.
Isto que já foi feito pelo congresso dos EUA em muitas ocasiões, nunca esteve em tanta evidência como agora. Pode ser que seja aprovado este novo teto, mas não resolverá em nada os crônicos problemas financeiros dos EUA, só aumentam o endividamento e trarão reflexos para qualquer cidadão dos EUA.
Na Eurolendas, a situação não é muito diferente, países endividados e tendo que fazer os ajustes draconianos pedidos pelo sistema bancário, para em troca, estes países receberem a ajuda necessária.
Parece ser uma resolução das coisas, mas é um ledo engano, só tentam ganhar mais tempo e os custos disto só aumentam.
Esta semana promete.
Crises dos EUA e Europa podem provocar um desastre global
Paul Krugman
-
Obama reage durante coletiva de imprensa na Casa Branca, em Washington; o presidente confirmou que democratas e republicanos não chegaram a um acordo sobre a dívida do país
Estamos vivendo uma época
interessante – e digo interessante no pior sentido da palavra. Neste
momento nós não nos deparamos com apenas uma, mas sim com duas crises
que se aproximam, e qualquer uma das duas é capaz de provocar um
desastre global. Nos Estados Unidos, fanáticos de direita no congresso
poderão bloquear uma necessária elevação do teto da dívida, algo que
teria o potencial para provocar o caos nos mercados financeiros
mundiais. Ao mesmo tempo, se o plano que acaba de ser aprovado pelos
chefes de Estado europeus não for capaz de acalmar os mercados, nós
poderemos presenciar um verdadeiro efeito dominó em todo o sul da
Europa – um fato que também semearia o caos nos mercados financeiros
mundiais.
Só podemos torcer para que os políticos em Washington e em Bruxelas
consigam repelir esses perigos. Mas o problema é que, mesmo se
conseguirmos evitar uma catástrofe imediata, é quase certo que os
acordos que estão sendo negociados em ambos os lados do Oceano
Atlântico venham a agravar a crise financeira global.
Na verdade, os legisladores parecem estar determinados a perpetuar
este fenômeno ao qual eu costumo me referir como a Depressão Menor, a
era prolongada de alto desemprego que teve início com a Grande Recessão
de 2007 a 2009 e que continua até hoje, mais de dois anos após a
suposta data do fim da recessão.
Falemos por um momento a respeito do motivo pelo qual as nossas economias ainda se encontram deprimidas.
A grande bolha imobiliária da última década, que foi um fenômeno
tanto norte-americano quanto europeu, foi acompanhada de um aumento
enorme da dívida relativa a hipotecas. Quando a bolha estourou, a
construção de imóveis despencou, e os gastos dos consumidores também
caíram, já que as famílias, sobrecarregadas por dívidas, reduziram o
seu consumo.
Mesmo assim, tudo poderia ter corrido bem se outros atores
econômicos importantes tivessem aumentado os seus gastos, preenchendo a
lacuna provocada pela queda no setor de construção e pela redução dos
gastos do consumidor. Mas ninguém fez tal coisa. É especialmente
importante observar que as corporações repletas de dinheiro não veem
motivos para investir esse capital devido à fraca demanda dos
consumidores.
E os governos também não fizeram muita coisa para ajudar. Alguns
governos – aqueles dos países mais fracos da Europa, bem como governos
estaduais e municipais nos Estados Unidos – foram na verdade obrigados
a cortar os gastos devido à queda das arrecadações. E as medidas
modestas tomadas por governos mais fortes – incluindo, sim, o plano de
estímulo econômico de Obama – foram, na melhor das hipóteses,
suficientes apenas para compensar essa austeridade forçada.
Portanto, o que temos agora são economias deprimidas. E o que os
legisladores estão propondo fazer quanto a isso? Simplesmente nada.
O desaparecimento da questão do desemprego do discurso político da
elite e a sua substituição pelo pânico do déficit foi algo
verdadeiramente notável. Isso não foi uma resposta à opinião pública.
Em uma recente pesquisa de opinião CBS News/New York Times, 53% dos
entrevistados afirmaram que a economia e o desemprego são os problemas
mais importantes enfrentados por nós, enquanto que apenas 7%
mencionaram o déficit. E não se trata também de uma resposta à pressão
do mercado. As taxas de juros sobre a dívida dos Estados Unidos
continuam próximas a recordes historicamente baixos.
Mas as conversações em Washington e em Bruxelas dizem respeito
apenas a cortes de gastos (e talvez a aumentos de impostos, ou seja,
revisões). Isso é sem dúvida verdade no que se refere a várias
propostas que estão sendo apresentadas para resolver a crise do teto da
dívida aqui nos Estados Unidos. Mas isso também está ocorrendo na
Europa.
Na última quinta-feira (21/07), os “chefes de Estado ou governo da
área do euro e as instituições da União Europeia” - esse palavreado
extenso demonstra por si próprio como se tornou bagunçada a governança
europeia – fez a sua grande declaração. Uma declaração que não foi nada
tranquilizadora.
Até mesmo porque é difícil acreditar que essa engenharia financeira
complicada proposta na declaração possa de fato resolver a crise grega,
e muito menos a crise europeia mais ampla.
Mas, mesmo se puder, o que ocorreria depois? A declaração pede que
reduções drásticas de déficits “em todos os países, com a exceção
daqueles que se encontrem sob um programa”, sejam implementadas “até
2013, ao mais tardar”. Como os países “sob um programa” estão sendo
obrigados a promover uma drástica austeridade fiscal, isso equivale a
um plano para fazer com que toda a Europa corte os gastos ao mesmo
tempo. E não existe nada nos dados europeus que indique que o setor
privado está pronto para compensar os resultados de tal medida em menos
de dois anos.
Para aqueles que conhecem a história da década de trinta, o que
está ocorrendo é bastante familiar. Se as atuais negociações sobre a
dívida fracassarem, nós poderemos estar prestes a reviver 1931, o
colapso bancário global que fez com que a Grande Depressão fosse de
fato grande. Mas, se as negociações tiverem sucesso, nós estaremos
prontos para repetir o maior erro de 1937: recorrer prematuramente à
contração fiscal que sabotou a recuperação econômica e garantiu que a
Depressão continuasse até que a Segunda Guerra Mundial finalmente
proporcionasse o impulso do qual a economia necessitava.
E eu mencionei que o Banco Central Europeu – mas não, ainda bem, o
Federal Reserve dos Estados Unidos – parece estar determinado a piorar
a situação com o aumento das taxas de juros?
Existe um velho ditado, atribuído a várias pessoas, que sempre me
vem à cabeça quando eu examino a política pública: “Você não sabe, meu
filho, como o mundo é governado com tão pouca sabedoria”. Agora esta
falta de sabedoria está totalmente exposta, quando as elites políticas
dos dois lados do Oceano Atlântico arruínam a resposta ao trauma
econômico, ignorando as lições da história. E a Depressão Menor
continua.
Tradução: UOL
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