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3 de agosto de 2011

Econômicas

Aparente alívio nos EUA, não dissipa preocupação novamente com a Europa

Os Estados Unidos estão livres do calote, mas não estão livres de si mesmos. O acordo e seguinte aprovação do novo limite de endividamento no Congresso americano foram diminuindo de tamanho na mesma proporção que novos e devastadores dados sobre a economia do país saíram e a nova onda de risco e dúvidas cresceu sobre a Europa.

Mais uma vez, foram os preços dos ativos negociados nos mercados financeiros que moldaram a percepção dos investidores de que o buraco da economia mundial é bem mais profundo do que quanto os Estados Unidos podem se endividar a mais.

Na Europa, Espanha e Itália alimentam a incerteza quanto ao futuro bem próximo. A bolsa de Milão chegou ao seu nível mais baixo dos últimos dois anos, levada pela vulnerabilidade dos bancos italianos, grandes credores do país. Segundo o operador de um fundo de investimentos aqui no Brasil, alguns fundos dos Estados Unidos já pararam de comprar ações de bancos europeus que ancoram a dívida pública dos países em dificuldade.

Os títulos públicos de 10 anos da Espanha e Itália atingiram o pico de 6,45 e 6,35% respectivamente, segundo o Financial Times. Os prêmios pedidos pelos investidores que aceitam rolar a dívida dos dois países estão chegando muito perto dos níveis que levaram Portugal e Irlanda a precisar de ajuda da União Europeia.

Ainda segundo o Financial Times, analistas estrangeiros acham muito difícil enxergar o que poderia reverter a trajetória preocupante dos títulos italianos e espanhóis.

O primeiro-ministro da Espanha, José Luiz Rodriguez Zapatero, adiou viagem que faria de férias para o sul do país. Zapatero quer acompanhar mais de perto “os indicadores econômicos”, disse. O primeiro-ministro não quer nem pensar ter que enfrentar um pedido de ajuda, ou resgate da Espanha pela União Europeia. Mas este risco não demonstra sinais de fraqueza, ao contrário.

Nos Estados Unidos, a comemoração da aprovação do pacote fiscal pelo Congresso ficou apenas nos salões da Capitol Hill. A bolsa de NY operou em baixa e acabou fechando negativaporque os analistas já mudaram de assunto. O ex-possível calote já é passado.

O rebaixamento da classificação de risco dos títulos públicos americanos ainda assombra, mesmo depois da agência de rating Fitch ter sinalizado que o acordo da dívida descarta o rebaixamento este ano. “Será que a Standard &Poor’s vai ter peito de cortar o rating dos EUA?”, pergunta o analista de um banco estrangeiro.

O economista de um grande banco internacional disse ao G1 que os últimos dias tem sido de “mixed-feelings”, uma confusão de sentimentos. “Claro que há um alívio com a aprovação do limite da dívida americana. Mas, ao mesmo tempo, há muita ansiedade em relação ao crescimento da economia dos Estados Unidos, à percepção de uma ausência de instrumentos para reverter este quadro.  Tudo isso, temperado pelos problemas na Europa que voltaram a tona, especialmente os bancos italianos já demonstrando fraqueza diante da situação”, desabafa.

O presidente Barack Obama, em seu discurso na Casa Branca após o “sim” dos políticos americanos, disse que será preciso mais para “reconstruir a economia americana”. Obama reiterou que serão necessários ajustes para garantir que a conta do orçamento do país feche. “Os mais ricos deverão pagar sua parcela justa”, avisou o presidente americano. Assim, Obama começa a contruir as bases para sua campanha à reeleição, no ano que vem, antes de começar a reconstruir o seu país.

A conta pelas crises que vêm assolando o hemisfério norte do planeta já está sendo paga, e muito cara, pelos cidadãos europeus e americanos. Os níveis de desemprego nos continentes mais ricos do mundo estão acima de dois dígitos. Na Espanha, o desemprego entre jovens de 18 a 25 anos é maior que 20%.

Para estes bolsos, o alívio está longe de chegar. Com ou sem entendimento entre democratas, republicanos, europeus, gregos ou troianos.

FONTE – G1

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