Síria mantém repressão em Hama enquanto protestos se espalham
Forças de segurança abriram fogo contra milhares de manifestantes em várias cidades, incluindo a capital, Damasco
Forças
de segurança da Síria abriram fogo contra milhares de manifestantes que
lotaram as ruas de várias cidades nesta sexta-feira para exigir a queda
do presidente Bashar Al-Assad. Os confrontos teriam deixado ao menos
dez mortos, de acordo com testemunhas.
Os enormes protestos desafiaram o Exército, que desde domingo promove uma violenta ação militar que deixou mais de 100 mortos, a maioria em Hama.
As manifestações e confrontos desta sexta-feira aconteceram na
capital, Damasco, e em cidades como Deraa, Deir el-Zour, Qamishli e
Homs.
"Hama, estamos com você até a morte", gritava uma multidão durante
marcha em um bairro centro de Damasco. Os manifestantes batiam palmas
enquanto gritavam "Não queremos você, Bashar" e "Vá embora".
Em Hama, tanques foram posicionados em várias áreas da cidade
durante a madrugada, na tentativa de impedir a realização de protestos.
Moradores também disseram que a cidade foi bombardeada na noite de
quinta-feira e que a ação militar deixou 250 mortos desde domingo. Com
base em relatos de residentes que fogem de Hama, Hozan Ibrahim, dos
Comitês Locais de Coordenação - que monitoram a repressão contra os
manifestantes -, disse que até 30 morreram só na quarta-feira. Mas
nenhum dos números pôde ser confirmado com fontes independentes.
Nesta sexta-feira, a TV estatal síria mostrou imagens de prédios
danificados e ruas cheias de destroços em Hama, mas disse que o
Exército sírio colocou fim à uma “rebelião armada”. O governo de
Al-Assad culpa “gangues armadas” pela onda de violência no país.
Pessoas que conseguiram fugir de Hama disseram que a situação é pior do que nos anos 1980, quando o então presidente Hafez Assad, pai de Bashar, deixou pelo menos 10 mil mortos na repressão a protestos.
Pressão internacional
A ação militar em Hama provocou uma nova onda de pressão internacional
sobre o governo da Síria. Nesta quinta-feira, o presidente da Rússia,
Dmitri Medvedev, disse que Assad arrisca ter um "triste destino" se não
implementar reformas e se reconciliar com seus opositores.
"Ele (Assad) precisa urgentemente executar as reformas,
reconciliar-se com a oposição, restaurar a paz e estabelecer um Estado
moderno", disse Medvedev à rádio russa Ekho Moskvy, à televisão Russia
Today e à PIK-TV, da Geórgia.
Na tentativa de conter os protesto, Assad assinou um decreto autorizando o multipartidarismo um dia depois de o Conselho de Segurança da ONU ter aprovado uma declaração que condena o governo Assad pela violenta repressão às manifestações pró-democracia no país.
Mas os ativistas sírios rejeitaram o decreto, dizendo se tratar de uma tentativa de desviar a atenção da violenta repressão aos protestos, iniciados em 15 de março.
Consenso na ONU
A declaração referendada na quarta-feira pelo Conselho de Segurança,
formado por 15 países-membros da ONU, incluindo o Brasil, condena a
"violação generalizada dos direitos humanos e o uso da força contra
civis pelas autoridades sírias".
O Líbano, que está na esfera de influência da Síria, decidiu se
desassociar do texto final, lançando mão de um procedimento que não era
usado no órgão havia décadas.
A ONU também pede "o fim imediato de toda violência" na Síria e
chama as partes a "agir com máxima moderação e se abster de
represálias, incluindo ataques contra instituições do Estado".
Essa foi a primeira declaração condenando a repressão dos protestos por parte do regime de Assad.
Com AP, Reuters e BBC
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