Divergências de alas internas tanto no partido Democrata, quanto no partido Republicano, colocam o acordo bipartidário anunciado domingo por Obama, em sério risco de não obter o apoio esperado para ser implementado.
Acordo anticalote vai ao Congresso dos EUA sem apoio unânime
Apesar da reação internacional positiva, os legisladores e o governo
americanos avaliam com cautela o acordo entre republicanos e democratas
para a redução do deficit em US$ 1 trilhão e a elevação do teto da
dívida em US$ 2,4 trilhões nos próximos dez anos.
O acordo foi anunciado na noite de domingo pelo presidente Barack
Obama, que lançou a responsabilidade de aprovar as medidas ao Congresso
--um dia antes da data limite para o Orçamento americano e a ameaça de
um calote das dívidas e ameaça de não pagamento dos benefícios sociais.
A proposta, contudo, não é unânime entre a ala mais conservadora da direita e nem mesmo os aliados democratas de Obama.
A líder democrata na Câmara dos Deputados, Nancy Pelosi, não quis se
comprometer com o plano e sugeriu que nem todos os democratas vão
apoiá-lo na Casa --que deve votar o pacote de medidas entre
segunda-feira e terça-feira.
"Eu aguardo ansiosamente para revisar a legislação com meu cáucus
para ver o nível de apoio que podemos providenciar", disse Pelosi, em
comunicado por escrito.
Um funcionário da administração Obama reconheceu que "há alguns
democratas que simplesmente não acreditam na necessidade de reduzir o
deficit", mas ressaltou que a maioria apoia.
"Eu acho que é importante como partido mostrar aos americanos que estamos sérios sobre a redução de deficit", disse.
Os primeiros passos para aprovar o acordo no Senado começariam na
tarde desta segunda-feira, na forma de um voto de procedimento para
encerrar o debate na medida e estabelecendo sua votação na noite do
mesmo dia. A medida seguiria então imediatamente para a Câmara dos
Deputados, que votaria na terça-feira.
Mas aí reside uma outra ala de insatisfeitos, a ultradireita do
Partido Republicano, o Tea Party. Seus membros sugeriram que é possível
derrubar a estratégia democrata de impedir debate no Senado e pedir ao
menos 30 horas de discussão sobre o plano --o que já impediria sua
aprovação antes do prazo de 2 de agosto.
VETERANOS
Outro grupo "de risco" está na Câmara dos Deputados, onde mais de 60
republicanos veteranos do Comitê de Serviços Armados não parecem
dispostos a aceitar o corte de US$ 350 bilhões ao orçamento base de
Defesa. O corte, parte do plano, representa o primeiro golpe aos cofres
do Pentágono desde os anos 90 e será implementado de acordo com uma
revisão das missões dos EUA.
A proposta inclui ainda um mecanismo de segurança para que, se não
houver acordo para novos meios para reduzir a despesa e atualizar o
plano, outros US$ 500 bilhões serão cortados do orçamento da Defesa,
entre outros.
A Casa Branca espera que os líderes dos dois partidos nas Casas
consigam convencer seus colegas da importância de aprovar estas
medidas. Eles passaram o último domingo investigando seus
correligionários para determinar quantos votos seriam perdidos a partir
do momento em que os detalhes do plano serão divulgados.
A aprovação viria um dia antes do prazo final dado pelo governo
Obama, que alertou que a partir de amanhã não poderá mais arcar com
todos os seus compromissos sem a elevação do teto da dívida. Em risco,
estão os pagamentos aos investidores, benefícios sociais e empresas que
prestam serviço ao governo.
Se aprovado, o pacote preservará a classificação de risco dos EUA,
dará garantias aos investidores do mercado financeiro mundial e pode,
possivelmente, reverter as perdas dos últimos dias nas bolsas diante do
risco de calote.
Na noite de domingo, Obama foi a público anunciar o que parece ser o
capítulo final de uma disputa sem precedentes na economia americana,
acostumada a elevar o teto da dívida quase anualmente. Desta vez, um
tema aparentemente de prioridade econômica foi contaminado pelo clima
de disputa eleitoral na Casa Branca, em 2012.
Segundo Obama, o acordo permitirá "evitar o default e encerrar a crise que Washington impôs ao resto dos Estados Unidos".
Fonte: Jornal Floripa
Fonte: Jornal Floripa
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