A crise se aprofunda e a principal justificativa do pânico crescente é a perda de confiança na
capacidade dos governos e seus líderes de reverter o curso da crise que
assola a Europa e desequilibra os Estados Unidos. E, junto com eles, o
restante do planeta sente o chão se abrir.
Na Europa, a cada movimento do Banco Central da zona do euro (BCE),
a insegurança aumenta e alimenta a aversão ao risco a tudo que ser
refere às finanças do continente. Agora o contágio atingiu o sistema
financeiro europeu.
O BCE está emprestando montanhas de dinheiro aos bancos europeus para garantir a liquidez do sistema.
O mecanismo de gerar liquidez de mercado é normal e é função de
qualquer Banco Central. Mas ele só é acionado em momentos de grande
estresse, como o atual. Para o BCE, a queda das bolsas não é o que mais
assusta, porque ela significa uma mudança de preços dos ativos
negociados no mercado. Coisa que o BC não tem mandato nem capacidade
para intervir.
Faltar liquidez no mercado, que exige a entrada do BC, é indicação
clara de que o sistema financeiro já não está funcionando bem. Revela
que os bancos não estão conseguindo se financiar sozinhos no mercado. O
BC entra oferecendo dinheiro, sob a forma de empréstimos de curto
prazo, para garantir o fechamento do caixa das instituições financeiras
ao final do dia.
“Aí, o quadro muda muito de figura. Quando você tem países com
dificuldades, você conhece os ‘endereços’ do problema. Quando você
passa a ter dezenas de bancos com problema, são dezenas de ‘endereços’.
Fica mais difícil de entender e resolver. Este é um passo à frente na
crise. Por isso a desconfiança não para de crescer”, disse ao G1 um analista brasileiro que atua no mercado financeiro internacional.
A violência das reações faz aumentar a expectativa por mais
respostas do BCE e da União Europeia. Uma das respostas prováveis pode
ser um incremento no programa de compra dos títulos da dívida pública
dos países em dificuldades, estendendo as operações para os papéis da
Itália e Espanha, reduzindo o risco do mercado de títulos. Isso já está
sendo feito hoje, mas circunscrito aos papéis de Irlanda e Portugal. O
volume esperado para esta operação poderia ultrapassar 400 bilhões de
euros.
Quando a crise da dívida da zona do euro estourou, em maio do ano
passado, o BCE anunciou um programa de 74 bilhões de euros para comprar
títulos emitidos pela Grécia, Irlanda e Portugal. Mas desde março que a
autoridade europeia não fazia nenhuma operação.
O presidente do BCE, Jean-Claude Trichet, não confirmou que eles
voltaram a operar nesta quinta-feria porque o “programa de compras
nunca foi desativado”, disse em entrevista coletiva. Mas os operadores
de mercado disseram à imprensa internacional que o BCE já voltou a
comprar, mas não estaria preparado para suportar a força do mercado,
principalmente para incluir bônus da dívida italiana e espanhola.
A reação a tantos boatos e expectativas não deixam dúvidas sobre a
gravidade do desenrolar dos fatos. As bolsas de valores derreteram,
inclusive aqui no Brasil. As moedas do mundo todo se perdem diante da
volatilidade do dólar e do euro. O custo de rolagem dos títulos
públicos da Itália e Espanha continua muito alto e perto do que o
mercado considera como o teto para a insolvência dos dois países.
“A questão fiscal da Europa deveria ter sido resolvida em maio de
2010. Estamos vivendo uma situação de total despreparo político,
leviandade, omissão e falta de liderança em geral. E os Estados Unidos
estão entrando na mesma trilha. A lição que a Europa já nos deu é que a
conta dos erros chega. E, quanto mais tarde aceitar pagá-la, mais caro
fica. Por onde começar? Aos tropeços! Mas antes, é preciso aceitar que
o dinheiro acabou. Essa ficha ainda não caiu “, afirma um economista
brasileiro, com muita experiência no mercado financeiro internacional.
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