Julio Gomes de Almeida: Dívida da zona do euro é sem solução
Posted: 04 Nov 2011 03:02 PM PDT
Ana Cláudia Barros
A notícia de que os países do G-20 não chegaram a um acordo sobre a ajuda do Fundo Monetário Internacional (FMI) para tentar sanar a dívida da Zona do Euro não surpreendeu o ex-secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda Julio Gomes de Almeida. Na análise dele, trata-se de “uma dívida sem solução”.
- Era esperado que não se chegasse a um acordo. A dívida não tem solução, exceto se o próprio europeu criar mecanismos de absorção da mesma. Em primeiro lugar, os europeus precisam reconhecer que é um problema da Europa. Evidentemente, outros países podem ajudar, o FMI pode ajudar, mas, sobretudo, têm que reconhecer que é um pepino europeu.
De acordo com o economista, a dívida, tal como está colocada hoje para países como Portugal, Grécia, Espanha, Itália, pode ser rapidamente considerada impagável. O posicionamento indicado, então, seria “criar um fundo para absorvê-la e reescalona-la, limpar o balanço dos bancos e acionar mecanismos para assegurar a continuidade do financiamento desses países”.
- Isso significa que tem que haver uma agência europeia, que pode ser o fundo de resgate da Zona do Euro, porém, com valor muito maior. Pode ser esse fundo uma instância para absorver esses títulos. O Brasil já teve títulos desse tipo, os chamados títulos podres. Nos Estados Unidos, num período recente, eles foram denominados ativos tóxicos. O fundo tem que absorver esses títulos podres, dar uma condição de pagamento, de muito longo prazo, aos países devedores. Com isso, vão aliviar os balanços dos bancos, que perderão alguma coisa, mas não perderão tudo.
O ex-secretário destaca ainda a necessidade de a Europa ter um programa de retorno do crescimento econômico.
- Sem essas medidas, fica muito difícil chegar a uma solução. E elas dependem da Europa. São decisões absolutamente traumáticas e ninguém vai entrar com uma ajuda, a não ser que o plano total seja definido e seja crível. Quem vai investir em título podre? Nossa presidente (Dilma Rousseff) vai fazer isso? Ela se compromete, como outros países, a colaborar, através do FMI. Como aplicadora, não. Mas isso hoje. Se amanhã houver um plano crível de resgate dos países endividados, aí, sim, é possível uma participação maior. Não do Brasil, que tem problemas muito graves para cuidar, mas de um país que tem reservas grandes, como a China, por exemplo.
FONTE- Era esperado que não se chegasse a um acordo. A dívida não tem solução, exceto se o próprio europeu criar mecanismos de absorção da mesma. Em primeiro lugar, os europeus precisam reconhecer que é um problema da Europa. Evidentemente, outros países podem ajudar, o FMI pode ajudar, mas, sobretudo, têm que reconhecer que é um pepino europeu.
De acordo com o economista, a dívida, tal como está colocada hoje para países como Portugal, Grécia, Espanha, Itália, pode ser rapidamente considerada impagável. O posicionamento indicado, então, seria “criar um fundo para absorvê-la e reescalona-la, limpar o balanço dos bancos e acionar mecanismos para assegurar a continuidade do financiamento desses países”.
- Isso significa que tem que haver uma agência europeia, que pode ser o fundo de resgate da Zona do Euro, porém, com valor muito maior. Pode ser esse fundo uma instância para absorver esses títulos. O Brasil já teve títulos desse tipo, os chamados títulos podres. Nos Estados Unidos, num período recente, eles foram denominados ativos tóxicos. O fundo tem que absorver esses títulos podres, dar uma condição de pagamento, de muito longo prazo, aos países devedores. Com isso, vão aliviar os balanços dos bancos, que perderão alguma coisa, mas não perderão tudo.
O ex-secretário destaca ainda a necessidade de a Europa ter um programa de retorno do crescimento econômico.
- Sem essas medidas, fica muito difícil chegar a uma solução. E elas dependem da Europa. São decisões absolutamente traumáticas e ninguém vai entrar com uma ajuda, a não ser que o plano total seja definido e seja crível. Quem vai investir em título podre? Nossa presidente (Dilma Rousseff) vai fazer isso? Ela se compromete, como outros países, a colaborar, através do FMI. Como aplicadora, não. Mas isso hoje. Se amanhã houver um plano crível de resgate dos países endividados, aí, sim, é possível uma participação maior. Não do Brasil, que tem problemas muito graves para cuidar, mas de um país que tem reservas grandes, como a China, por exemplo.
Franceses acham que Grécia “nunca” pagará o que for emprestado
Posted: 05 Nov 2011 09:45 AM PDT
A Grécia “nunca” pagará o dinheiro emprestado pela França ao país, consideram nove em cada dez franceses, razão pela qual a maioria dos entrevistados numa pesquisa hoje divulgada é contra o aumento da contribuição francesa.
A pesquisa feita pelo instituto Ifop para o jornal ‘Dimanche Ouest France’ revela que 63 por cento dos 1.040 entrevistados entre 2 e 4 de Novembro desaprovam que a França aumente em 15 mil milhões de euros a sua contribuição para o plano de ajuda europeu.
Apesar desta recusa, nove em cada dez reconhece também que se o problema da dívida grega não se solucionar irão crescer “perigosamente” as dificuldades na Zona Euro, num aumento de cinco pontos percentuais face aos que opinavam o mesmo no inquérito realizado em Setembro.
De acordo com números divulgados, há também um ligeiro aumento entre os franceses que dão a sua aprovação ao acordo europeu, que perdoa 50 por cento da dívida da Grécia e lhe atribui um novo pacote financeiro, passando a proporção de defensores de 32 para 37 por cento.
A análise demográfica dos entrevistados demonstra ainda que são as classes mais baixas as menos agradadas com um aumento da contribuição da França e os que têm mais de 65 anos que estão mais dispostos a fazer novas concessões.
Por tendência política, 38 por cento dos simpatizantes de esquerda aprovam o plano, em comparação com os 55 por cento ligados ao partido do presidente Nicolas Sarkozy, a conservadora União por um Movimento Popular (UMP), e os 18 por cento que se dizem próximos do partido de extrema-direita Frente Nacional.
FONTE
Apesar desta recusa, nove em cada dez reconhece também que se o problema da dívida grega não se solucionar irão crescer “perigosamente” as dificuldades na Zona Euro, num aumento de cinco pontos percentuais face aos que opinavam o mesmo no inquérito realizado em Setembro.
De acordo com números divulgados, há também um ligeiro aumento entre os franceses que dão a sua aprovação ao acordo europeu, que perdoa 50 por cento da dívida da Grécia e lhe atribui um novo pacote financeiro, passando a proporção de defensores de 32 para 37 por cento.
A análise demográfica dos entrevistados demonstra ainda que são as classes mais baixas as menos agradadas com um aumento da contribuição da França e os que têm mais de 65 anos que estão mais dispostos a fazer novas concessões.
Por tendência política, 38 por cento dos simpatizantes de esquerda aprovam o plano, em comparação com os 55 por cento ligados ao partido do presidente Nicolas Sarkozy, a conservadora União por um Movimento Popular (UMP), e os 18 por cento que se dizem próximos do partido de extrema-direita Frente Nacional.