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10 de setembro de 2011
Guerra na Líbia, uma guerra contra a África
Creio que muitos não saibam disso, mas vamos divulgar.
Colaborou com o UND-Jonh Boss my friend.
Via Blog -Burgos4patas.blogspot.com
A GUERRA CONTRA KADHAFI É A GUERRA CONTRA A ÁFRICA
As informações que chegam até nós relacionadas a invasão a Líbia, capitaneada pelos EUA, e executadas pela OTAN, são no mínimo escassas para não dizer repleta de falácias cujo objetivo é o de esconder os reais planos de nações, historicamente criminosas, como Inglaterra e França sobre os povos africanos e asiáticos- como ocorreu durante imensos períodos da “história da civilização europeia”- recentemente reportamos a acontecimentos que encerram tal perspectiva.
Ao que parece, mesmo diante de denúncias das mais diversas que pipocam em várias regiões ( a grande imprensa não divulga absolutamente nada sobre isso) e a saga criminosa prossegue. Parece um uníssono sem nenhum brado contrário. O magnífica análise de Pougala nos convida a fazermos uma reflexão sobre o que de fato acontece no continente africano e o que o destino reserva aos nossos irmãos que lá residem. Ela é longa. Ela é muito esclarecedora, é por isso.
“Depois de 500 anos de uma relação profundamente desigual com o Ocidente, está claro que não devemos adotar os mesmo critérios de bem e mal. Temos interesses profundamente divergentes.“
“Devíamos [a África] abandonar as Nações Unidas para registrar a nossa rejeição a uma visão de mundo que se baseia na aniquilação dos que são mais fracos. “
por Jean-Paul Pougala (*) [Nota: No fim do artigo, há um vídeo, com entrevistas ao autor]
- foto cc NASA- 1- o primeiro satélite africano RASCOM -1
Foi a Líbia de Kadafi que ofereceu a toda a África a primeira revolução de modernidade: a conexão do continente inteiro por telefone, televisão, rádio e demais aplicações tecnológicas, como a telemedicina e o ensino à distância. Pela primeira vez, uma conexão de baixo custo tornou-se disponível em todo o continente, inclusive nas zonas rurais, graças à utilização do sistema WiMax.
A estória começa em 1992, quando 45 países africanos criaram a sociedade RASCOM, para dispor de um satélite africano, e fazer cair os custos de comunicação no continente. Telefonar de, e para a África era, então, sujeito à tarifa mais cara do mundo, porque existia um imposto de 500 milhões de dólares que a Europa cobrava anualmente sobre todas as conversas telefônicas, mesmo as locais, para permitir a utilização dos canais dos satélites europeus, como o Intelsat. Um satélite africano custaria apenas 400 milhões de dólares, à vista, contra os 500 milhões anuais de locação de satélites alheios. Que banqueiro se recusaria a financiar tal projeto? Mas a equação mais difícil de resolver era: como o escravo poderia se libertar da exploração servil do seu mestre, se tinha que pedir ajuda a ele? Assim, o Banco Mundial, o FMI, os EUA e a União Européia ficaram enrolando aqueles países por 14 anos.
Foi em 2006 que Kadafi pôs fim ao suplício da inútil mendicância aos pretensos benfeitores ocidentais prestadores de crédito a taxas extorsivas: o guia líbio entrou com 300 milhões de dólares, seguido do Banco Africano de Desenvolvimento, com 50 milhões, e do Banco do Oeste-Africano de Desenvolvimento, com 27 milhões. E foi assim que a África passou a ter, depois de 26 de Dezembro de 2007, o primeiro satélite de comunicações da sua história.
A China e a Rússia vieram em seguida, desta vez cedendo a sua tecnologia, e permitiram o lançamento de novos satélites, um sul-africano, um nigeriano, um angolano e um argelino. E em 2010, um segundo satélite da RASCOM foi colocado em órbita, em substituição ao primeiro, que tinha sofrido uma pane durante o lançamento, que encurtou a sua vida útil. E esperamos para 2020 o lançamento do primeiro satélite totalmente concebido e construído em solo africano, mais especificamente, na Argélia. Está previsto que esse satélite faça frente aos melhores do mundo, a um custo 10 vezes inferior, representando um verdadeiro desafio.
Eis como um simples gesto simbólico de 300 pequenos milhões pode mudar a vida de todo um continente. A Líbia de Kadafi fez perder ao Ocidente não apenas 500 milhões de dólares por ano, mas milhares de dólares de juros que essa mesma dívida gerava a prazos a perder de vista e de forma exponencial, e que contribuíam dessa forma para manter o sistema oculto de espoliação da África.
2 – O Fundo Monetário Africano, o Banco Central Africano, o Banco Africano de Investimentos
Os 30 bilhões de dólares embargados por Obama pertencem ao Banco Central Líbio e estavam previstos para serem usados como contribuição líbia a três projetos-chave para a concretização da federação africana:
- o Banco Africano de Investimentos, em Sirte, na Líbia;
- o estabelecimento, em 2011, do Fundo Monetário Africano, com sede em Yaounde, com um fundo de capital de 42 bilhões de dólares; e
- o Banco Central Africano, com sede na Nigéria, que, quando começar a imprimir moeda africana, significará o fim do franco CFA, através do qual Paris tem mantido o controle sobre alguns países africanos nos últimos 50 anos. É fácil de entender a raiva dos franceses contra Kadafi.
O objetivo do Fundo Monetário Africano é substituir totalmente as atividades do FMI em África , que, com apenas 25 bilhões de dólares, foi capaz de subjugar um continente inteiro e fazê-lo engolir privatizações questionáveis que forçaram países africanos a migrarem de monopólios estatais para monopólios privados. Não é nenhuma surpresa que em 16 e 17 de Dezembro de 2010, os africanos tenham sido unânimes em rejeitar as tentativas de adesão de países ocidentais ao Fundo Monetário Africano, dizendo que ele estava aberto apenas às nações africanas.
É cada vez mais evidente que , depois da Líbia, a coalizão ocidental se voltará contra a Argélia, porque, além das suas vastas reservas energéticas, o país tem reservas monetárias de aproximadamente 150 bilhões de libras. É este chamariz que move os países que bombardeiam a Líbia, países esses que têm, todos, uma característica em comum: estão à beira da falência. Os Estados Unidos, sozinhos, possuem uma espantosa dívida de 14 trilhões de dólares; França, Inglaterra e Itália apresentam um déficit público, cada um deles, de 2 trilhões de dólares. Esses números são mais gritantes quando comparados com os menos de 400 bilhões de dólares correspondentes à soma dos déficits públicos de 46 nações africanas juntas.
O incitamento a guerras espúrias em África na esperança de que isso lhes revitalize as economias que afundam cada vez mais no marasmo, apressará, em última instância, o declínio ocidental, que na verdade já tinha começado em 1884, durante a notória Conferência de Berlim. Como previu o economista Adam Smith citado, em 1865, por Abraham Lincoln quando da abolição da escravidão nos Estados Unidos, “a economia de qualquer país que dependa da escravidão de negros está destinada a descer ao inferno no dia em que as outras nações acordarem”.
3 – Unidades regionais como obstáculo à criação dos Estados Unidos Africanos
Para desestabilizar e destruir a união africana, que caminhava perigosamente (do ponto de vista do Ocidente) em direção à criação dos Estados Unidos Africanos, sob a liderança de Kadafi, a União Européia tentou, primeiramente, e sem sucesso, criar a União para o Mediterrâneo (UPM). A África do Norte tinha que, de alguma forma, ser separada do restante da África, de acordo com os velhos clichês racistas dos séculos XVIII e XIX, segundo os quais os africanos de ascendência árabe seriam mais evoluídos e civilizados do que o restante do continente. Essa tentativa falhou porque Kadafi se recusou a participar dela. Ele logo compreendeu o jogo que estava sendo armado, quando apenas um grupo de países africanos foi convidado para se juntar ao grupo mediterrâneo, sem comunicar à União Africana, juntamente com todos os 27 membros da União Européia.
Sem a força motriz da Federação Africana, a UPM fracassou antes mesmo de começar, natimorta sob a presidência de Sarkozy e a vice-presidência de Mubarak. O ministro das relações exteriores francês, Alain Juppe, está tentando relançar a idéia, apostando as fichas na queda de Kadafi. O que os líderes africanos não conseguem entender é que enquanto a União Européia continuar a financiar a União Africana, o status quo permanecerá inalterado, porque inexistirá uma efetiva independência. Este é o motivo que levou a União Européia a encorajar e financiar agrupamentos regionais em África.
É óbvio que a Comunidade Econômica dos Estados da África Ocidental (ECOWAS), que possui uma embaixada em Bruxelas, e depende, na sua quase totalidade, do financiamento da União Européia, é um vociferante opositor à federação africana. Foi por isso que Lincoln lutou na Guerra de Secessão estadunidense, porque no momento que um grupo de estados forma uma organização política regional, o grupo maior é enfraquecido. Foi isto que a Europa quis e os africanos nunca entenderam, ao criar uma profusão de agrupamentos regionais, COMESA, UDEAC, SADC, e o Grande Maghreb, que nunca viu a luz do dia graças a Kadafi, que entendia o que estava acontecendo.
Kadafi, o africano que limpou o continente da humilhação do apartheid
Para a maioria dos africanos, Kadafi é um homem generoso, um humanista, conhecido pelo apoio incondicional à luta contra o regime racista na África do Sul. Se ele tivesse agido de forma egoísta, ele não teria corrido o risco de sentir a ira ocidental ao apoiar o Congresso Nacional Africano (CNA) tanto militarmente quanto financeiramente, na sua luta contra o apartheid. Foi por isso que Mandela, logo após a sua libertação depois de passar 27 anos na cadeia, decidiu visitar a Líbia em 23 de Outubro de 1997, quebrando o embargo da ONU. Por cinco longos anos, nenhum avião estava autorizado a aterrissar na Líbia. Era necessário ir de avião até à cidade tunisiana de Jerba, e prosseguir por uma estrada que cruza o deserto durante cinco horas, até chegar a Ben Gardane, depois atravessar a fronteira, e continuar por outra estrada através do deserto durante mais três horas, antes de chegar finalmente a Tripoli. A outra solução seria partir de Malta e atravessar o mar em velhas embarcações, até chegar à costa líbia. Uma jornada infernal para toda uma população, apenas para punir um homem.
Mandela não mediu palavras quando o então presidente dos Estados Unidos Bill Clinton disse que a visita era “mal vista”. “Nenhum país pode reclamar para si o policiamento do mundo, e nenhum estado pode ditar o que outro deve fazer,” disse Mandela. E acrescentou, “aqueles que ontem eram amigos dos nossos inimigos e têm a ousadia de dizer, hoje, que eu não devo visitar o meu irmão Kadafi, estão pedindo que sejamos ingratos e esqueçamos os nossos amigos do passado.”
De fato, o Ocidente ainda considerava a África do Sul racista como um irmão que precisava de proteção. É por isso que membros do ANC, inclusive Mandela, foram considerados perigosos terroristas. Foi apenas em 2 de Julho de 2008 que o Congresso dos Estados Unidos votou, finalmente, uma lei para remover o nome de Nelson Mandela e seus companheiros do ANC da lista negra, não porque tivessem finalmente percebido o quão estúpida era essa lista, mas porque queriam marcar o nonagésimo aniversário de Mandela. Se o Ocidente estivesse realmente consternado pelo apoio que no passado dera aos inimigos de Mandela, e estivesse sendo sincero quando passou a nomear ruas e logradouros com o nome de Mandela, como se explica que continue a guerrear contra alguém que ajudou Mandela e seu povo a serem vitoriosos?
Aqueles que querem exportar a democracia são realmente democratas?
E se a Líbia de Kadafi for mais democrática que os Estados Unidos, a França, a Grã-Bretanha e outros países que se valem do apelo à democracia para guerrear a Líbia? Em 19 de março de 2003, o presidente Bush começou o bombardeio ao Iraque sob o pretexto de levar a democracia. Em 19 de março de 2011, exatamente oito anos depois desse dia, foi a vez do presidente francês fazer chover bombas sobre a Líbia, mais uma vez sob a desculpa de levar a democracia. O Nobel da Paz, e presidente dos Estados Unidos, Barak Obama, diz que o lançamento de mísseis Cruise a partir de submarinos é para afastar o ditador e introduzir a democracia.
A questão, que até alguém com o mínimo de inteligência não pode evitar de colocar, é a seguinte: países como a França, Inglaterra, Estados Unidos, Itália, Noruega, Dinamarca, Polônia, que defendem o seu direito de bombardear a Líbia fundamentados pelo seu auto proclamado estatuto democrático, serão esses países realmente democráticos? Se sim, serão eles mais democráticos do que a Líbia de Kadafi? A resposta, na verdade, é um retumbante NÃO, pela simples e evidente razão de que a democracia não existe. Isto não se trata de uma opinião pessoal, mas da citação de alguém cuja cidade natal, Genebra, abriga a maioria das instituições das Nações Unidas. A citação é de Jean Jacques Rousseau, nascido em Genebra em 1712, e que escreveu no capítulo quatro de seu famoso livro “Do Contrato Social”, que “nunca houve uma verdadeira democracia e nunca haverá.”
Rousseau estabelece as quatro seguintes condições para que um país seja denominado uma democracia, condições essas, diga-se de passagem, que dão à Líbia de Kadafi um estatuto mais democrático do que os conhecidos exportadores de democracia:
1 – O Estado: Quanto maior o país, menos democrático ele poderá ser. De acordo com Rousseau, o estado tem que ser extremamente pequeno para que as pessoas possam se juntar e conhecer umas às outras. Antes de pedir o voto às pessoas, o pretendente tem que garantir que todos se conheçam, caso contrário a votação será um ato sem base democrática, um simulacro de democracia para eleger um ditador.
O estado líbio baseia-se num sistema de alianças tribais, que, por definição, agrupa pessoas em pequenas entidades. O espírito democrático está muito mais presente numa tribo, numa vila, do que numa grande cidade, simplesmente porque as pessoas se conhecem umas às outras, compartilham um mesmo ritmo de vida que envolve uma espécie de auto-regulação, ou mesmo, auto-censura, no sentido de que as reações e contra-reações dos outros membros impactam no grupo.
Sob essa perspectiva, parece que a Líbia se encaixa melhor nas condições estabelecidas por Rousseau do que os Estados Unidos, França e Grã-Bretanha, todas sociedades altamente urbanizadas, em que a maioria dos vizinhos nem se cumprimenta e, portanto, não se conhece, mesmo que more lado a lado há mais de vinte anos. Estes países passaram para o próximo estágio – o “voto”, inteligentemente santificado para ofuscar o fato de que votar no futuro do país é inútil quando o dono do voto nem conhece os outros cidadãos. Esta situação é levada ao limite do ridículo quando o direito ao voto é estendido a pessoas que moram fora do país. A comunicação entre as pessoas é precondição para qualquer debate democrático antes de uma eleição.
2 – A simplicidade dos costumes e dos padrões de comportamento também é essencial se se quiser evitar o desperdício de tempo em debates sobre procedimentos legais e judiciais de forma a lidar com a profusão de conflitos de interesses inevitáveis em sociedades grandes e complexas. Os países ocidentais se auto-proclamam nações civilizadas, com uma estrutura social mais complexa, enquanto a Líbia é descrita como um país primitivo, com um conjunto simples de costumes.
Este aspecto também indica que a Líbia responde melhor ao critério democrático de Rousseau que todos os outros que querem dar lições de democracia. Os conflitos nas sociedades democráticas complexas são geralmente ganhos por aqueles que têm mais poder, e é por isso que os ricos conseguem evitar a prisão, já que têm condições de contratar advogados brilhantes, e acabam desviando a repressão estatal para aqueles que roubam uma banana do supermercado, não para os criminosos financeiros que levam bancos à falência. Na cidade de Nova York, por exemplo, em que 75% da população é branca, 80% dos postos de gerência são ocupados por brancos, que contabilizam apenas 20% da população carcerária.
3 – Igualdade em status e riqueza: uma olhada na lista da Forbes de 2010 revela quem são as pessoas mais ricas nos países que atualmente bombardeiam a Líbia, e qual é a diferença entre eles e aqueles que ganham os salários mais baixos; um exercício similar na Líbia mostrará que em termos de distribuição de renda, a Líbia tem muito mais a ensinar do que aqueles que a atacam neste momento, e não o contrário. Portanto, de novo, usando o critério de Rousseau, a Líbia é mais democrática do que as nações que ostentam pomposamente a pretensão de veículos da democracia. Nos Estados Unidos, 5% da população é proprietária de 60% da riqueza nacional, tornando-a a sociedade mais desigual e desequilibrada do mundo.
4 – Sem luxo: de acordo com Rousseau, não poderá existir nenhum luxo na democracia. O luxo, diz ele, transforma a riqueza numa necessidade, que substitui, como virtude, o bem-estar de todos. “O luxo corrompe tanto o rico quanto o pobre, um através da posse, o outro, da inveja; amolece a nação e torna-a presa da vaidade; distancia as pessoas do Estado e escraviza-as, tornando-as escravas da opinião.”
Há mais luxo em França ou na Líbia? Os relatos de empregados cometendo suicídio devido a condições estressantes de trabalho, mesmo em empresas públicas ou mistas, sempre em nome da maximização do lucro para a preservação do luxo de uma minoria, dizem respeito ao Ocidente, não à Líbia.
O sociólogo estadunidense C. Wright Mills escreveu em 1956 que a democracia estadunidense era uma “ditadura da elite.” De acordo com Mills, os Estados Unidos não são uma democracia porque é o dinheiro que fala durante as eleições, não o povo. Os resultados de cada eleição são a expressão da voz do dinheiro e não da voz do povo. Depois de Bush sênior e Bush Junior, eles já falam de um Bush mais jovem para as primárias republicanas de 2012. Além do mais, como assinalou Max Weber, uma vez que o poder político é dependente da burocracia, os Estados Unidos têm 43 milhões de burocratas e militares que efetivamente governam o país sem serem eleitos e sem precisarem prestar contas às pessoas pelas suas ações. Uma pessoa (uma rica) é eleita, mas o poder real fica na casta dos ricos que depois são nomeados como embaixadores, generais, etc.
Quantas pessoas nestas auto-proclamadas democracias sabem que a constituição peruana proíbe a re-eleição de um presidente? Quantos sabem que na Guatemala, o impedimento à re-eleição se estende aos familiares do presidente? Ou que Ruanda é o único país no mundo que tem 56% de parlamentares do sexo feminino? Quantos sabem que de acordo com o índice da CIA de 2007, quatro dos países mais bem governados do mundo são africanos? Que o primeiro lugar vai para a Guiné Equatorial, cujo débito público representa apenas 1,14% do PIB?
Rousseau afirma que guerras civis, revoltas e rebeliões são os ingredientes para o começo da democracia. Simplesmente porque a democracia não é um fim, mas um processo permanente de reafirmação dos direitos naturais dos seres humanos, que na maioria dos países ao redor do mundo (sem exceção), são espezinhados por meia dúzia de homens e mulheres que seqüestraram o poder do povo para perpetuar a sua supremacia. Existem aqui e ali grupos de pessoas que usurparam o termo “democracia” – ao invés de ser um ideal a ser constantemente perseguido, tornou-se um rótulo a ser apropriado ou um slogan a ser usado por aqueles que podem gritar mais alto que os demais. Se um país é tranqüilo, como a França ou os Estados Unidos – quer dizer, sem rebeliões – isso só significa que, de acordo com a perspectiva de Rousseau, o sistema que os governa é suficientemente repressor para abafar qualquer revolta.
A possibilidade de os líbios se revoltarem não é algo negativo. O que é mau é afirmar que as pessoas aceitam estoicamente um sistema que as reprime sem reagirem. E Rousseau conclui, “malo periculosam libertatem quam quietum servitium” (prefiro os perigos da liberdade à quietude da servidão) Afirmar que se matam líbios pelo seu próprio bem é, no mínimo, uma mistificação.
Quais são as lições para a África?
Depois de 500 anos de uma relação profundamente desigual com o Ocidente, está claro que não devemos adotar os mesmo critérios de bem e mal. Temos interesses profundamente divergentes. Como não deplorar o voto de aprovação por três países subsaarianos (Nigéria, África do Sul e Gabão) à resolução 1973,que inaugurou a mais recente forma de colonialismo batizada de “proteção aos povos”, e que legitimou as teorias racistas que têm formado os europeus desde o século XVIII, e de acordo com as quais o Norte da África não tem nada a haver com a África Subsaariana, que o Norte da África é mais evoluído, culto e civilizado que o resto do continente?
É como se Tunísia, Egito, Líbia e Argélia não fossem parte da África. Mesmo as Nações Unidas parecem ignorar o papel da União Africana nos assuntos relativos aos seus estados-membros. O objetivo é isolar os países africanos subsaarianos para melhor controlá-los. De fato, a Argélia , com 16 bilhões de dólares, e a Líbia, com 10 bilhões de dólares, contribuem, juntos , com 62% dos 42 bilhões de dólares que constituem o capital do Fundo Monetário Africano (AMF). O maior e mais populoso país da África Subsaariana, a Nigéria, seguida da África do Sul, estão bem longe, com contribuições de apenas 3 bilhões de dólares cada.
É desconcertante, para dizer o mínimo, que pela primeira vez na história das Nações Unidas se tenha declarado guerra contra um povo sem ter explorado a menor possibilidade de uma solução pacífica para a crise. A África ainda pertence a esta organização? A Nigéria e a África do Sul estão preparadas para dizer “sim” a qualquer coisa que o Ocidente lhes peça, por acreditarem ingenuamente nas vagas promessas de um assento permanente no Conselho de Segurança, com direitos similares de veto. Ambos esquecem que a França não tem poderes para oferecer nada. Se tivesse, Mitterand já teria feito o que era necessário, na época, para a Alemanha de Helmut Kohl.
A reforma das Nações Unidas não está na agenda. A única forma de se fazer ouvir é usando o método chinês – todas as 50 nações africanas deveriam abandonar as Nações Unidas e retornar somente quando a sua antiga demanda fosse atendida, um assento para toda a federação africana ou nada. Um método não-violento como este é a única arma de justiça disponível para os pobres e fracos que nós somos. Devíamos simplesmente nos retirar das Nações Unidas porque essa organização, pela própria estrutura e hierarquia que a constitui, está a serviço dos mais fortes.
Devíamos abandonar as Nações Unidas para registrar a nossa rejeição a uma visão de mundo que se baseia na aniquilação dos que são mais fracos. Eles são livres para continuar a agir da mesma forma, mas pelo menos não faremos parte disso, e não estaremos apoiando coisas sobre as quais nunca fomos perguntados. E mesmo quando pudemos expressar o nosso ponto de vista, como fizemos no sábado, 19 de março, em Nouakchott, quando nos opusemos à ação militar, a nossa opinião foi simplesmente ignorada, e as bombas começaram a cair sobre o povo africano.
Os eventos de hoje lembram o que aconteceu com a China no passado. Hoje, reconhecem o governo Ouattara e o governo rebelde na Líbia como fizeram no final da Segunda Guerra Mundial com a China. A assim chamada comunidade internacional elegeu Taiwan como única representante do povo chinês, ao invés de Mao, na China. Levou 26 anos para que, em 25 de Outubro de 1971, a ONU aprovasse a resolução 2758, que todos os africanos deveriam ler, para pôr fim a essa insensatez humana. A China foi admitida, mas de acordo com os seus termos: ela se recusava a tornar-se membro se não tivesse direito a veto. Quando a demanda foi atendida e a resolução publicada, ainda demorou um ano para que o ministro das relações exteriores da China respondesse por escrito ao Secretário Geral das Nações Unidas, em 29 de Setembro de 1972, numa carta que não dizia “sim” ou “obrigado”, mas listava as garantias requeridas para garantir o respeito à dignidade da China.
O que a África espera das Nações Unidas se não fizer jogo duro? Vimos como na Costa do Marfim um burocrata das Nações Unidas se considera acima da constituição do país. Entramos nesta organização como escravos, e acreditar que seremos convidados para jantar na mesma mesa e comer dos pratos que nós mesmo lavamos, não é apenas ingenuidade, é estupidez.
Quando a União Africana endossou a vitória de Ouattara e riscou relatos contrários dos seus próprios observadores eleitorais, simplesmente para agradar aos antigos mestres, como podemos esperar ser respeitados? Quando o presidente Zuma da África do Sul declara que Ouattara não ganhou as eleições, e depois diz exatamente o oposto durante uma viagem a Paris, é necessário se questionar a credibilidade destes líderes, que clamam representar e falar em nome de bilhões de africanos.
A força da África e a verdadeira liberdade só virão se o continente puder empreender ações pensadas e assumir as responsabilidades. A dignidade e o respeito vêm com um preço alto. Estamos preparados para pagá-lo? Senão, o nosso lugar é na cozinha e nos banheiros, para melhorar o conforto dos outros.
(*)Jean-Paul Pougala é um escritor de origem cameronesa, diretor do Instituto de Estudos Geoestratégicos e professor de sociologia na Universidade de Diplomacia de Genebra, na Suíça.
Traduzido por Gustavo Lapido Loureiro
Fonte: http://www.pambazuka.org/en/category/features/72575
Divulguem para que o mundo conheça a verdade!!!
Ao que parece, mesmo diante de denúncias das mais diversas que pipocam em várias regiões ( a grande imprensa não divulga absolutamente nada sobre isso) e a saga criminosa prossegue. Parece um uníssono sem nenhum brado contrário. O magnífica análise de Pougala nos convida a fazermos uma reflexão sobre o que de fato acontece no continente africano e o que o destino reserva aos nossos irmãos que lá residem. Ela é longa. Ela é muito esclarecedora, é por isso.
“Depois de 500 anos de uma relação profundamente desigual com o Ocidente, está claro que não devemos adotar os mesmo critérios de bem e mal. Temos interesses profundamente divergentes.“
“Devíamos [a África] abandonar as Nações Unidas para registrar a nossa rejeição a uma visão de mundo que se baseia na aniquilação dos que são mais fracos. “
por Jean-Paul Pougala (*) [Nota: No fim do artigo, há um vídeo, com entrevistas ao autor]
- foto cc NASA- 1- o primeiro satélite africano RASCOM -1
Foi a Líbia de Kadafi que ofereceu a toda a África a primeira revolução de modernidade: a conexão do continente inteiro por telefone, televisão, rádio e demais aplicações tecnológicas, como a telemedicina e o ensino à distância. Pela primeira vez, uma conexão de baixo custo tornou-se disponível em todo o continente, inclusive nas zonas rurais, graças à utilização do sistema WiMax.
A estória começa em 1992, quando 45 países africanos criaram a sociedade RASCOM, para dispor de um satélite africano, e fazer cair os custos de comunicação no continente. Telefonar de, e para a África era, então, sujeito à tarifa mais cara do mundo, porque existia um imposto de 500 milhões de dólares que a Europa cobrava anualmente sobre todas as conversas telefônicas, mesmo as locais, para permitir a utilização dos canais dos satélites europeus, como o Intelsat. Um satélite africano custaria apenas 400 milhões de dólares, à vista, contra os 500 milhões anuais de locação de satélites alheios. Que banqueiro se recusaria a financiar tal projeto? Mas a equação mais difícil de resolver era: como o escravo poderia se libertar da exploração servil do seu mestre, se tinha que pedir ajuda a ele? Assim, o Banco Mundial, o FMI, os EUA e a União Européia ficaram enrolando aqueles países por 14 anos.
Foi em 2006 que Kadafi pôs fim ao suplício da inútil mendicância aos pretensos benfeitores ocidentais prestadores de crédito a taxas extorsivas: o guia líbio entrou com 300 milhões de dólares, seguido do Banco Africano de Desenvolvimento, com 50 milhões, e do Banco do Oeste-Africano de Desenvolvimento, com 27 milhões. E foi assim que a África passou a ter, depois de 26 de Dezembro de 2007, o primeiro satélite de comunicações da sua história.
A China e a Rússia vieram em seguida, desta vez cedendo a sua tecnologia, e permitiram o lançamento de novos satélites, um sul-africano, um nigeriano, um angolano e um argelino. E em 2010, um segundo satélite da RASCOM foi colocado em órbita, em substituição ao primeiro, que tinha sofrido uma pane durante o lançamento, que encurtou a sua vida útil. E esperamos para 2020 o lançamento do primeiro satélite totalmente concebido e construído em solo africano, mais especificamente, na Argélia. Está previsto que esse satélite faça frente aos melhores do mundo, a um custo 10 vezes inferior, representando um verdadeiro desafio.
Eis como um simples gesto simbólico de 300 pequenos milhões pode mudar a vida de todo um continente. A Líbia de Kadafi fez perder ao Ocidente não apenas 500 milhões de dólares por ano, mas milhares de dólares de juros que essa mesma dívida gerava a prazos a perder de vista e de forma exponencial, e que contribuíam dessa forma para manter o sistema oculto de espoliação da África.
2 – O Fundo Monetário Africano, o Banco Central Africano, o Banco Africano de Investimentos
Os 30 bilhões de dólares embargados por Obama pertencem ao Banco Central Líbio e estavam previstos para serem usados como contribuição líbia a três projetos-chave para a concretização da federação africana:
- o Banco Africano de Investimentos, em Sirte, na Líbia;
- o estabelecimento, em 2011, do Fundo Monetário Africano, com sede em Yaounde, com um fundo de capital de 42 bilhões de dólares; e
- o Banco Central Africano, com sede na Nigéria, que, quando começar a imprimir moeda africana, significará o fim do franco CFA, através do qual Paris tem mantido o controle sobre alguns países africanos nos últimos 50 anos. É fácil de entender a raiva dos franceses contra Kadafi.
O objetivo do Fundo Monetário Africano é substituir totalmente as atividades do FMI em África , que, com apenas 25 bilhões de dólares, foi capaz de subjugar um continente inteiro e fazê-lo engolir privatizações questionáveis que forçaram países africanos a migrarem de monopólios estatais para monopólios privados. Não é nenhuma surpresa que em 16 e 17 de Dezembro de 2010, os africanos tenham sido unânimes em rejeitar as tentativas de adesão de países ocidentais ao Fundo Monetário Africano, dizendo que ele estava aberto apenas às nações africanas.
É cada vez mais evidente que , depois da Líbia, a coalizão ocidental se voltará contra a Argélia, porque, além das suas vastas reservas energéticas, o país tem reservas monetárias de aproximadamente 150 bilhões de libras. É este chamariz que move os países que bombardeiam a Líbia, países esses que têm, todos, uma característica em comum: estão à beira da falência. Os Estados Unidos, sozinhos, possuem uma espantosa dívida de 14 trilhões de dólares; França, Inglaterra e Itália apresentam um déficit público, cada um deles, de 2 trilhões de dólares. Esses números são mais gritantes quando comparados com os menos de 400 bilhões de dólares correspondentes à soma dos déficits públicos de 46 nações africanas juntas.
O incitamento a guerras espúrias em África na esperança de que isso lhes revitalize as economias que afundam cada vez mais no marasmo, apressará, em última instância, o declínio ocidental, que na verdade já tinha começado em 1884, durante a notória Conferência de Berlim. Como previu o economista Adam Smith citado, em 1865, por Abraham Lincoln quando da abolição da escravidão nos Estados Unidos, “a economia de qualquer país que dependa da escravidão de negros está destinada a descer ao inferno no dia em que as outras nações acordarem”.
3 – Unidades regionais como obstáculo à criação dos Estados Unidos Africanos
Para desestabilizar e destruir a união africana, que caminhava perigosamente (do ponto de vista do Ocidente) em direção à criação dos Estados Unidos Africanos, sob a liderança de Kadafi, a União Européia tentou, primeiramente, e sem sucesso, criar a União para o Mediterrâneo (UPM). A África do Norte tinha que, de alguma forma, ser separada do restante da África, de acordo com os velhos clichês racistas dos séculos XVIII e XIX, segundo os quais os africanos de ascendência árabe seriam mais evoluídos e civilizados do que o restante do continente. Essa tentativa falhou porque Kadafi se recusou a participar dela. Ele logo compreendeu o jogo que estava sendo armado, quando apenas um grupo de países africanos foi convidado para se juntar ao grupo mediterrâneo, sem comunicar à União Africana, juntamente com todos os 27 membros da União Européia.
Sem a força motriz da Federação Africana, a UPM fracassou antes mesmo de começar, natimorta sob a presidência de Sarkozy e a vice-presidência de Mubarak. O ministro das relações exteriores francês, Alain Juppe, está tentando relançar a idéia, apostando as fichas na queda de Kadafi. O que os líderes africanos não conseguem entender é que enquanto a União Européia continuar a financiar a União Africana, o status quo permanecerá inalterado, porque inexistirá uma efetiva independência. Este é o motivo que levou a União Européia a encorajar e financiar agrupamentos regionais em África.
É óbvio que a Comunidade Econômica dos Estados da África Ocidental (ECOWAS), que possui uma embaixada em Bruxelas, e depende, na sua quase totalidade, do financiamento da União Européia, é um vociferante opositor à federação africana. Foi por isso que Lincoln lutou na Guerra de Secessão estadunidense, porque no momento que um grupo de estados forma uma organização política regional, o grupo maior é enfraquecido. Foi isto que a Europa quis e os africanos nunca entenderam, ao criar uma profusão de agrupamentos regionais, COMESA, UDEAC, SADC, e o Grande Maghreb, que nunca viu a luz do dia graças a Kadafi, que entendia o que estava acontecendo.
Kadafi, o africano que limpou o continente da humilhação do apartheid
Para a maioria dos africanos, Kadafi é um homem generoso, um humanista, conhecido pelo apoio incondicional à luta contra o regime racista na África do Sul. Se ele tivesse agido de forma egoísta, ele não teria corrido o risco de sentir a ira ocidental ao apoiar o Congresso Nacional Africano (CNA) tanto militarmente quanto financeiramente, na sua luta contra o apartheid. Foi por isso que Mandela, logo após a sua libertação depois de passar 27 anos na cadeia, decidiu visitar a Líbia em 23 de Outubro de 1997, quebrando o embargo da ONU. Por cinco longos anos, nenhum avião estava autorizado a aterrissar na Líbia. Era necessário ir de avião até à cidade tunisiana de Jerba, e prosseguir por uma estrada que cruza o deserto durante cinco horas, até chegar a Ben Gardane, depois atravessar a fronteira, e continuar por outra estrada através do deserto durante mais três horas, antes de chegar finalmente a Tripoli. A outra solução seria partir de Malta e atravessar o mar em velhas embarcações, até chegar à costa líbia. Uma jornada infernal para toda uma população, apenas para punir um homem.
Mandela não mediu palavras quando o então presidente dos Estados Unidos Bill Clinton disse que a visita era “mal vista”. “Nenhum país pode reclamar para si o policiamento do mundo, e nenhum estado pode ditar o que outro deve fazer,” disse Mandela. E acrescentou, “aqueles que ontem eram amigos dos nossos inimigos e têm a ousadia de dizer, hoje, que eu não devo visitar o meu irmão Kadafi, estão pedindo que sejamos ingratos e esqueçamos os nossos amigos do passado.”
De fato, o Ocidente ainda considerava a África do Sul racista como um irmão que precisava de proteção. É por isso que membros do ANC, inclusive Mandela, foram considerados perigosos terroristas. Foi apenas em 2 de Julho de 2008 que o Congresso dos Estados Unidos votou, finalmente, uma lei para remover o nome de Nelson Mandela e seus companheiros do ANC da lista negra, não porque tivessem finalmente percebido o quão estúpida era essa lista, mas porque queriam marcar o nonagésimo aniversário de Mandela. Se o Ocidente estivesse realmente consternado pelo apoio que no passado dera aos inimigos de Mandela, e estivesse sendo sincero quando passou a nomear ruas e logradouros com o nome de Mandela, como se explica que continue a guerrear contra alguém que ajudou Mandela e seu povo a serem vitoriosos?
Aqueles que querem exportar a democracia são realmente democratas?
E se a Líbia de Kadafi for mais democrática que os Estados Unidos, a França, a Grã-Bretanha e outros países que se valem do apelo à democracia para guerrear a Líbia? Em 19 de março de 2003, o presidente Bush começou o bombardeio ao Iraque sob o pretexto de levar a democracia. Em 19 de março de 2011, exatamente oito anos depois desse dia, foi a vez do presidente francês fazer chover bombas sobre a Líbia, mais uma vez sob a desculpa de levar a democracia. O Nobel da Paz, e presidente dos Estados Unidos, Barak Obama, diz que o lançamento de mísseis Cruise a partir de submarinos é para afastar o ditador e introduzir a democracia.
A questão, que até alguém com o mínimo de inteligência não pode evitar de colocar, é a seguinte: países como a França, Inglaterra, Estados Unidos, Itália, Noruega, Dinamarca, Polônia, que defendem o seu direito de bombardear a Líbia fundamentados pelo seu auto proclamado estatuto democrático, serão esses países realmente democráticos? Se sim, serão eles mais democráticos do que a Líbia de Kadafi? A resposta, na verdade, é um retumbante NÃO, pela simples e evidente razão de que a democracia não existe. Isto não se trata de uma opinião pessoal, mas da citação de alguém cuja cidade natal, Genebra, abriga a maioria das instituições das Nações Unidas. A citação é de Jean Jacques Rousseau, nascido em Genebra em 1712, e que escreveu no capítulo quatro de seu famoso livro “Do Contrato Social”, que “nunca houve uma verdadeira democracia e nunca haverá.”
Rousseau estabelece as quatro seguintes condições para que um país seja denominado uma democracia, condições essas, diga-se de passagem, que dão à Líbia de Kadafi um estatuto mais democrático do que os conhecidos exportadores de democracia:
1 – O Estado: Quanto maior o país, menos democrático ele poderá ser. De acordo com Rousseau, o estado tem que ser extremamente pequeno para que as pessoas possam se juntar e conhecer umas às outras. Antes de pedir o voto às pessoas, o pretendente tem que garantir que todos se conheçam, caso contrário a votação será um ato sem base democrática, um simulacro de democracia para eleger um ditador.
O estado líbio baseia-se num sistema de alianças tribais, que, por definição, agrupa pessoas em pequenas entidades. O espírito democrático está muito mais presente numa tribo, numa vila, do que numa grande cidade, simplesmente porque as pessoas se conhecem umas às outras, compartilham um mesmo ritmo de vida que envolve uma espécie de auto-regulação, ou mesmo, auto-censura, no sentido de que as reações e contra-reações dos outros membros impactam no grupo.
Sob essa perspectiva, parece que a Líbia se encaixa melhor nas condições estabelecidas por Rousseau do que os Estados Unidos, França e Grã-Bretanha, todas sociedades altamente urbanizadas, em que a maioria dos vizinhos nem se cumprimenta e, portanto, não se conhece, mesmo que more lado a lado há mais de vinte anos. Estes países passaram para o próximo estágio – o “voto”, inteligentemente santificado para ofuscar o fato de que votar no futuro do país é inútil quando o dono do voto nem conhece os outros cidadãos. Esta situação é levada ao limite do ridículo quando o direito ao voto é estendido a pessoas que moram fora do país. A comunicação entre as pessoas é precondição para qualquer debate democrático antes de uma eleição.
2 – A simplicidade dos costumes e dos padrões de comportamento também é essencial se se quiser evitar o desperdício de tempo em debates sobre procedimentos legais e judiciais de forma a lidar com a profusão de conflitos de interesses inevitáveis em sociedades grandes e complexas. Os países ocidentais se auto-proclamam nações civilizadas, com uma estrutura social mais complexa, enquanto a Líbia é descrita como um país primitivo, com um conjunto simples de costumes.
Este aspecto também indica que a Líbia responde melhor ao critério democrático de Rousseau que todos os outros que querem dar lições de democracia. Os conflitos nas sociedades democráticas complexas são geralmente ganhos por aqueles que têm mais poder, e é por isso que os ricos conseguem evitar a prisão, já que têm condições de contratar advogados brilhantes, e acabam desviando a repressão estatal para aqueles que roubam uma banana do supermercado, não para os criminosos financeiros que levam bancos à falência. Na cidade de Nova York, por exemplo, em que 75% da população é branca, 80% dos postos de gerência são ocupados por brancos, que contabilizam apenas 20% da população carcerária.
3 – Igualdade em status e riqueza: uma olhada na lista da Forbes de 2010 revela quem são as pessoas mais ricas nos países que atualmente bombardeiam a Líbia, e qual é a diferença entre eles e aqueles que ganham os salários mais baixos; um exercício similar na Líbia mostrará que em termos de distribuição de renda, a Líbia tem muito mais a ensinar do que aqueles que a atacam neste momento, e não o contrário. Portanto, de novo, usando o critério de Rousseau, a Líbia é mais democrática do que as nações que ostentam pomposamente a pretensão de veículos da democracia. Nos Estados Unidos, 5% da população é proprietária de 60% da riqueza nacional, tornando-a a sociedade mais desigual e desequilibrada do mundo.
4 – Sem luxo: de acordo com Rousseau, não poderá existir nenhum luxo na democracia. O luxo, diz ele, transforma a riqueza numa necessidade, que substitui, como virtude, o bem-estar de todos. “O luxo corrompe tanto o rico quanto o pobre, um através da posse, o outro, da inveja; amolece a nação e torna-a presa da vaidade; distancia as pessoas do Estado e escraviza-as, tornando-as escravas da opinião.”
Há mais luxo em França ou na Líbia? Os relatos de empregados cometendo suicídio devido a condições estressantes de trabalho, mesmo em empresas públicas ou mistas, sempre em nome da maximização do lucro para a preservação do luxo de uma minoria, dizem respeito ao Ocidente, não à Líbia.
O sociólogo estadunidense C. Wright Mills escreveu em 1956 que a democracia estadunidense era uma “ditadura da elite.” De acordo com Mills, os Estados Unidos não são uma democracia porque é o dinheiro que fala durante as eleições, não o povo. Os resultados de cada eleição são a expressão da voz do dinheiro e não da voz do povo. Depois de Bush sênior e Bush Junior, eles já falam de um Bush mais jovem para as primárias republicanas de 2012. Além do mais, como assinalou Max Weber, uma vez que o poder político é dependente da burocracia, os Estados Unidos têm 43 milhões de burocratas e militares que efetivamente governam o país sem serem eleitos e sem precisarem prestar contas às pessoas pelas suas ações. Uma pessoa (uma rica) é eleita, mas o poder real fica na casta dos ricos que depois são nomeados como embaixadores, generais, etc.
Quantas pessoas nestas auto-proclamadas democracias sabem que a constituição peruana proíbe a re-eleição de um presidente? Quantos sabem que na Guatemala, o impedimento à re-eleição se estende aos familiares do presidente? Ou que Ruanda é o único país no mundo que tem 56% de parlamentares do sexo feminino? Quantos sabem que de acordo com o índice da CIA de 2007, quatro dos países mais bem governados do mundo são africanos? Que o primeiro lugar vai para a Guiné Equatorial, cujo débito público representa apenas 1,14% do PIB?
Rousseau afirma que guerras civis, revoltas e rebeliões são os ingredientes para o começo da democracia. Simplesmente porque a democracia não é um fim, mas um processo permanente de reafirmação dos direitos naturais dos seres humanos, que na maioria dos países ao redor do mundo (sem exceção), são espezinhados por meia dúzia de homens e mulheres que seqüestraram o poder do povo para perpetuar a sua supremacia. Existem aqui e ali grupos de pessoas que usurparam o termo “democracia” – ao invés de ser um ideal a ser constantemente perseguido, tornou-se um rótulo a ser apropriado ou um slogan a ser usado por aqueles que podem gritar mais alto que os demais. Se um país é tranqüilo, como a França ou os Estados Unidos – quer dizer, sem rebeliões – isso só significa que, de acordo com a perspectiva de Rousseau, o sistema que os governa é suficientemente repressor para abafar qualquer revolta.
A possibilidade de os líbios se revoltarem não é algo negativo. O que é mau é afirmar que as pessoas aceitam estoicamente um sistema que as reprime sem reagirem. E Rousseau conclui, “malo periculosam libertatem quam quietum servitium” (prefiro os perigos da liberdade à quietude da servidão) Afirmar que se matam líbios pelo seu próprio bem é, no mínimo, uma mistificação.
Quais são as lições para a África?
Depois de 500 anos de uma relação profundamente desigual com o Ocidente, está claro que não devemos adotar os mesmo critérios de bem e mal. Temos interesses profundamente divergentes. Como não deplorar o voto de aprovação por três países subsaarianos (Nigéria, África do Sul e Gabão) à resolução 1973,que inaugurou a mais recente forma de colonialismo batizada de “proteção aos povos”, e que legitimou as teorias racistas que têm formado os europeus desde o século XVIII, e de acordo com as quais o Norte da África não tem nada a haver com a África Subsaariana, que o Norte da África é mais evoluído, culto e civilizado que o resto do continente?
É como se Tunísia, Egito, Líbia e Argélia não fossem parte da África. Mesmo as Nações Unidas parecem ignorar o papel da União Africana nos assuntos relativos aos seus estados-membros. O objetivo é isolar os países africanos subsaarianos para melhor controlá-los. De fato, a Argélia , com 16 bilhões de dólares, e a Líbia, com 10 bilhões de dólares, contribuem, juntos , com 62% dos 42 bilhões de dólares que constituem o capital do Fundo Monetário Africano (AMF). O maior e mais populoso país da África Subsaariana, a Nigéria, seguida da África do Sul, estão bem longe, com contribuições de apenas 3 bilhões de dólares cada.
É desconcertante, para dizer o mínimo, que pela primeira vez na história das Nações Unidas se tenha declarado guerra contra um povo sem ter explorado a menor possibilidade de uma solução pacífica para a crise. A África ainda pertence a esta organização? A Nigéria e a África do Sul estão preparadas para dizer “sim” a qualquer coisa que o Ocidente lhes peça, por acreditarem ingenuamente nas vagas promessas de um assento permanente no Conselho de Segurança, com direitos similares de veto. Ambos esquecem que a França não tem poderes para oferecer nada. Se tivesse, Mitterand já teria feito o que era necessário, na época, para a Alemanha de Helmut Kohl.
A reforma das Nações Unidas não está na agenda. A única forma de se fazer ouvir é usando o método chinês – todas as 50 nações africanas deveriam abandonar as Nações Unidas e retornar somente quando a sua antiga demanda fosse atendida, um assento para toda a federação africana ou nada. Um método não-violento como este é a única arma de justiça disponível para os pobres e fracos que nós somos. Devíamos simplesmente nos retirar das Nações Unidas porque essa organização, pela própria estrutura e hierarquia que a constitui, está a serviço dos mais fortes.
Devíamos abandonar as Nações Unidas para registrar a nossa rejeição a uma visão de mundo que se baseia na aniquilação dos que são mais fracos. Eles são livres para continuar a agir da mesma forma, mas pelo menos não faremos parte disso, e não estaremos apoiando coisas sobre as quais nunca fomos perguntados. E mesmo quando pudemos expressar o nosso ponto de vista, como fizemos no sábado, 19 de março, em Nouakchott, quando nos opusemos à ação militar, a nossa opinião foi simplesmente ignorada, e as bombas começaram a cair sobre o povo africano.
Os eventos de hoje lembram o que aconteceu com a China no passado. Hoje, reconhecem o governo Ouattara e o governo rebelde na Líbia como fizeram no final da Segunda Guerra Mundial com a China. A assim chamada comunidade internacional elegeu Taiwan como única representante do povo chinês, ao invés de Mao, na China. Levou 26 anos para que, em 25 de Outubro de 1971, a ONU aprovasse a resolução 2758, que todos os africanos deveriam ler, para pôr fim a essa insensatez humana. A China foi admitida, mas de acordo com os seus termos: ela se recusava a tornar-se membro se não tivesse direito a veto. Quando a demanda foi atendida e a resolução publicada, ainda demorou um ano para que o ministro das relações exteriores da China respondesse por escrito ao Secretário Geral das Nações Unidas, em 29 de Setembro de 1972, numa carta que não dizia “sim” ou “obrigado”, mas listava as garantias requeridas para garantir o respeito à dignidade da China.
O que a África espera das Nações Unidas se não fizer jogo duro? Vimos como na Costa do Marfim um burocrata das Nações Unidas se considera acima da constituição do país. Entramos nesta organização como escravos, e acreditar que seremos convidados para jantar na mesma mesa e comer dos pratos que nós mesmo lavamos, não é apenas ingenuidade, é estupidez.
Quando a União Africana endossou a vitória de Ouattara e riscou relatos contrários dos seus próprios observadores eleitorais, simplesmente para agradar aos antigos mestres, como podemos esperar ser respeitados? Quando o presidente Zuma da África do Sul declara que Ouattara não ganhou as eleições, e depois diz exatamente o oposto durante uma viagem a Paris, é necessário se questionar a credibilidade destes líderes, que clamam representar e falar em nome de bilhões de africanos.
A força da África e a verdadeira liberdade só virão se o continente puder empreender ações pensadas e assumir as responsabilidades. A dignidade e o respeito vêm com um preço alto. Estamos preparados para pagá-lo? Senão, o nosso lugar é na cozinha e nos banheiros, para melhorar o conforto dos outros.
(*)Jean-Paul Pougala é um escritor de origem cameronesa, diretor do Instituto de Estudos Geoestratégicos e professor de sociologia na Universidade de Diplomacia de Genebra, na Suíça.
Traduzido por Gustavo Lapido Loureiro
Fonte: http://www.pambazuka.org/en/category/features/72575
Divulguem para que o mundo conheça a verdade!!!
Tensões no Oriente Médio- Egito e Israel
Em meia a onda de protestos populares que vem varrendo diversos países do mundo árabe, desde dezembo de 2010 e que teve início na Tunísia, aquela tensa região do planeta começa a viver uma situação política cada vêz mais volátil.
Volatilidade esta que começa a colocar em risco, acordos de paz pré estabelecidos, principalmente quando tratamos especificamente de Israel e Egito.
Há semanas as tensões entre o Cairo e Tel Aviv vem aumentando, com protestos populares e e atos de hostilidade contra Israel.
Quando Hosni Mubarak esteve a frente do Egito, os dois países forjaram uma paz duradoura, porém com a saida de Mubarak após 30 anos no poder, por conta das revoltas populares que também atingiram o Egito acabaram por mudar as regras do jogo.
Agora temos uma junta militar provisória que mantém o controle do país, mas sabemos que em uma eleição democrática, o maior vencedor será a Irmandade Muçulmana, que já chegou certa vêz a defender a instalação de uma Teocracía islâmica nos moldes da iraniana no Egito.
E alguém já está fomentando uma crise que leve Egito e Israel a romperem o acordo de paz, assinado entre os dois países em 1979.
Toda a atenção deve estar redobrada ao que pode estar por vir no Oriente Médio, uma correlação de forças em ebulição.
Entre os grandes atores, EUA, China e Rússia e UE, grandes interessados em manter seus interesses estratégicos e econômicos naquela região.
Ainda podemos citar, os elementos secundários, que são: Israel, Turquia, Arábia Saudita e Irã.
As tensões estão surgindo, Turquia e Israel, que nos últimos anos vinham desenvolvendo uma grande aproximação e cooperação estratégica em diversos campos, mas que acabou azedando ,depois do episódio do ataque de Israel a um navio turco que levava ajuda humanitária à Faixa de Gaza.
Nos últimos dias, as relações entre ambos se deterioraram ainda mais, por conta da iniciativa turca em destacar navios de guerra para proteger qualquer embarcação turca que leve ajuda à Gaza.
E Israel em sua arrogância, dissera, que não há necessidade em pedir desculpas pelo incidente com o barco que levava ajuda aos palestinos de Gaza.
Outro aspecto perigoso, se desenvolve a partir da Síria, que desde março vem reprimindo de forma violenta os protestos contra o regime do líder sírio, Bashar Al Assad , há 11 anos no poder.
Desde então cerca de 2500 pessoas já teriam morrido, outras milhares estão fugindo de sua casas rumo a Turquia, temerosas da repressão.
Esta situação, vem causando desconfortos crescentes aos turcos, que se veêm com a entrada cada vêz maior de sírios refugiados em seu território. Vale ressaltar que a Turquia é membro da Otan ( Organização do Tratado do Atlântico Norte ) aliança militar Euro-americana, que dentre outras intervenções, atuam há meses contra as forças do então lider líbio, Mummar Kadafi.
O risco de algum tipo de intervenção estrangeira, mesmo que descartado agora, pode ganhar força a qualquer momento no que concerne a Síria.
Mas a Síria, ao contrário da Líbia, tem fortes vínculos com o Irã dos aiatolás, que já vem pedindo moderação a Al Assad na Síria, para que negocie com a oposição.
O medo do Irã é que um colapso do regime sírio, fará com que o Irã perca influência no Oriente Médio, com quem trava nos bastidores com Arábia Saudita, uma disputa por mentes e corações na região.
E também, é uma maneira de fazer grande oposição a Israel,apoiando com o ajuda da Síria, movimentos extremistas islâmicos, tais como o Hezbollá libanês e o Hamas ( Movimento de Resistância Islâmico ) na Palestina ( Faixa de Gaza ).
Soma se a isto, o desconforto iraniano em ter na Turquia, um país que vem aceitando ceder seu território a instalação de um sistema de radares anti mísseis a serviço dos EUA.
Enfim, os episódios de violência e protestos em frente a embaixada israelense no Cairo, sem dúvidas, está sendo forjado com o intuito de se criar um novo factóide envolvendo a temática da segurança do Estado de Israel.
Vamos aguardar e ver os desdobramentos de toda esta situação.
Texto acima de Daniel Lucas- UND
Egito declara estado de alerta por distúrbios em embaixada
Confrontos deixam três mortos, mais de mil feridos e 19 presos; primeiro-ministro de Israel diz que incidente ameaça paz com Cairo
O Egito declarou neste sábado estado de alerta e convocou uma reunião de emergência, por conta de protestos nas ruas do Cairo e confrontos na embaixada de Israel da capital, na véspera e ao longo da madrugada - episódio visto como uma "ameaça à paz" regional.
De acordo com o vice-ministro da Saúde egípcio, Hamid Abaza, os confrontos de rua entre manifestantes e a polícia e soldados do Exército deixaram três mortos e ao menos 1.093 feridos, dos quais apenas 38 permanecem no hospital. Segundo Abaza, uma das mortes aconteceu na noite de sexta-feira, quando um homem morreu de ataque cardíaco. Um total de 19 manifestantes foi preso.
As forças de segurança egípcias enfrentaram os manifestantes com bombas de gás lacrimogêneo e veículos blindados; em reação, foram alvejadas com pedras e bombas caseiras. Após as preces de sexta-feira, os manifestantes invadiram o prédio da embaixada israelense no Cairo, entraram nos escritórios consulares e, segundo autoridades, destruíram documentos.
O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, condenou o ataque. Um assessor afirmou que o premiê classificou a invasão como um "incidente sério" e uma "flagrante violação das normas internacionais". Previamente à BBC, uma autoridade graduada de Israel disse que o ataque à representação diplomática no Egito representava uma séria ameaça às relações entre os dois países - um dos pontos de equilíbrio para a paz no Oriente Médio.
O embaixador israelense abandonou o Egito na madrugada deste sábado e, horas depois, todos os funcionários da embaixada e seus familiares - cerca de 80 pessoas - foram retirados do local. O assessor de Netanyahu afirmou que o premiê agradecia as autoridades egípcias por ajudar a resgatar seis empregados israelenses presos dentro da representação diplomática durante o ataque, mas disse que o incidente causa um "sério dano ao tecido da paz com Israel".
À frente da sede diplomática ficou o número dois da Embaixada de Israel, Yisrael Tikochinski, que seguirá por enquanto na capital egípcia "em um lugar seguro". "Esperamos que o governo egípcio tome as medidas necessárias para que essa situação não volte a se produzir para que possamos restaurar a Embaixada outra vez", manifestou um responsável israelense.
Observadores dizem que o incidente marca uma aguda escalada nas tensões bilaterais e testam os 30 anos do tratado de paz entre Israel e Egito. Sob o regime de Hosni Mubarak, os laços entre os dois países haviam sido estáveis, após anos de conflitos. Mas, agora que o ex-presidente foi deposto, Israel teme que um governo menos favorável seja implementado no Cairo.
Neste sábado, o conselho militar que governa o Egito interinamente fez uma reunião extraordinária para discutir o episódio.
Estopim
A embaixada era alvo de protestos desde a morte de cinco policiais egípcios, em 18 de agosto, supostamente em uma ação das forças israelenses. Autoridades egípcias dizem que os cinco foram mortos quando as forças de segurança de Israel perseguiram supostos militantes através da fronteira.
No mesmo dia, atiradores haviam atacado ônibus civis israelenses perto do resort israelense de Eilat, localizado no mar Vermelho, deixando oito mortos. Centenas de egípcios protestaram em frente ao prédio da embaixada de Israel na noite seguinte, queimando uma bandeira do país e exigindo a expulsão do embaixador.
Depois do incidente registrado no mês passado na fronteira, Cairo definiu a morte dos policiais como "inaceitável". Israel não admitiu responsabilidade no caso, mas lamentou as mortes. As tensões vêm crescendo desde então. O ministro de Defesa de Israel disse ter ordenado um inquérito em conjunto com o Exército egípcio.
Pneus queimados
Ao longo da madrugada e manhã deste sábado, centenas de manifestantes se mantiveram nos arredores da embaixada no Cairo, queimando pneus pelas ruas e cantando slogans de crítica aos militares no poder no Egito.
Seis funcionários da representação diplomática ficaram presos no prédio durante os protestos e precisaram ser resgatados por forças de seguranças egípcias, disse uma autoridade israelense à BBC. A mesma autoridade diz que os protestos estão sendo vistos em Jerusalém como uma "grave violação" das relações diplomáticas.
O Egito é um dos dois países árabes - junto com a Jordânia - a ter estabelecido a paz com Israel. Mas crescem as demonstrações de sentimento anti-israelense entre os civis egípcios. Um dos manifestantes egípcios na embaixada disse à BBC que "fomos criados odiando Israel, mas agora podemos expressar isso livremente. Com a queda de Mubarak, o sangue egípcio será vingado".
*Com AP, BBC e EFEEUA redobram o alerta as vésperas do aniversário dos ataques de 11 de setembro
Bom dia leitores.
Poxa! Será que o aniversário amanhã de um ano do Blog UND, será marcado com explosões?
EUA confirmam que Al Qaeda
está por trás de nova ameaça terrorista
Segundo Hillary Clinton, ameaça é "crível", "específica" e pode atingir NY e Washington
, com R7
Mladen Antonov/09.09.2011/AFP
Policiais usam cães farejadores nos arredores da principal estação rodoviária de Nova York. As autoridades de Manhattan reforçaram o policiamento na cidade após receberem ameaças de um possível atentado terrorista para os próximos dias
A secretária de Estado americana, Hillary Clinton, confirmou nesta sexta-feira (9) que a rede Al Qaeda está por trás da ameaça “crível”, mas não confirmada, de um novo atentado terrorista da Al Qaeda durante o 10º aniversário dos ataques terroristas de 11 de setembro.
- Nos reunimos aqui em Nova York após a notícia de uma informação específica, crível, mas não confirmada, de que Al Qaeda novamente procura atingir americanos e, em particular, atacar Nova York e Washington.
Trata-se da primeira vez que um alto cargo do governo confirma que Al Qaeda está por trás da ameaça recebida. Em seu discurso, a secretária de Estado ressaltou que os Estados Unidos desenvolverão uma campanha “incansável” contra as ameaças e que, se necessário, estão dispostos a usar a força.
Hillary também revelou que, no final deste mês, EUA e Turquia presidirão o novo Fórum Global Antiterrorista com presença de representantes de 30 países para identificar ameaças globais e compartilhar informações para o combate ao terrorismo.
- Este novo fórum irá melhorar a coordenação internacional e ajudar os países a combater as ameaças terroristas dentro de suas próprias fronteiras e regiões. Também trabalhará para eliminar refúgios seguros e identificará o modo mais efetivo de enfrentar o extremismo.
Entre os participantes deste fórum estão União Europeia, Colômbia, China, Indonésia, Índia, Marrocos e Arábia Saudita, informou o Departamento de Estado.
Obama pede para forças de segurança “redobrarem os esforços”
O presidente americano Barack Obama, por sua vez, pediu que as forças de segurança “redobrem os esforços” e tomem as precauções necessárias para seguir a informação obtida, disse o porta-voz da Casa Branca, Jay Carney.
Obama se reuniu com o assessor presidencial para a luta antiterrorista, John Brennan, o assessor de Segurança Nacional, Tom Donilon, e seu adjunto, Denis McDonough, para ouvir os últimos dados sobre a investigação.
Carney confirmou que esta ameaça “não corroborada” não alterará os planos do presidente, que participará de uma homenagem às vítimas do 11 de setembro.
Em Washington, a chefe da Polícia do Distrito de Columbia, Cathy Lanier, declarou na noite desta quinta-feira (8) estado de emergência policial, e explicou que os agentes trabalharão em turnos de 12 horas ao longo do fim de semana como medida especial de proteção.
Vice-presidente alerta para ameaça terrorista
As declarações de Hillary e da Casa Branca foram feitas depois de o vice-presidente Joe Biden pedir que os americanos continuem com sua vida cotidiana – ao assinalar que o governo reconhece a existência de uma ameaça “crível”, porém não confirmada, de um novo ataque terrorista no aniversário do 11 de Setembro.
- Há gente que está disposta a tentar durante os próximos meses e anos. Mas o assunto é que estamos utilizando cada recurso que temos, incluindo as autoridades locais, para frustrar a possibilidade que possa acontecer.
Biden assegurou que a informação sobre um possível um atentado usando carro-bomba em Washington ou Nova York veio de uma “fonte confiável”.
O vice-presidente afirmou que todas as possíveis ameaças contra o país foram revisadas depois da operação militar que matou Osama bin Laden no Paquistão.
De acordo com ele, o ex-chefe de Al Qaeda pretendia formar um grupo de militantes para promover novos atentados nos EUA no 10º aniversário dos ataques terroristas contra as Torres Gêmeas de Nova York e o Pentágono.
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9 de setembro de 2011
Fiorella Mannoia Inevitabilmente
Música UND.
Fiquem com Deus e até amanhã e escutem uma canção italiana.
Fiquem com Deus e até amanhã e escutem uma canção italiana.
Nibiru, Elenin e 2012 - A verdade que não estão te contando.
Já postei este vídeo aqui umas semanas atrás, e como o assunto está em voga, volto com ele , mas agora com legendas em português, acompanhem
Boa Noite e até amanhã
Boa Noite e até amanhã
Mais sobre o Elenin. Via EC
Tivemos um apagão meio que local aqui onde moro, mas já voltou.
Não sei o motivo, mas fiquei pensando nos flares solares que estamos vendo.
Cometa Elenin (Português) Parte 22
Mais tremores mundo à fora. A Terra está balançando
É pessoal, depois nossos renomados cientistas que dizem saber sobre o céu, a terra, o fogo, à água e o mar , adoram dizer que não , não tem nada a ver uma coisa com a outra ,tudo isso que vemos e postamos via blogues e outros sites no que tangem a estes e demais temas.
E alguns " gente come la gente" que dizem ser apenas coincidências tudo o que estamos observando, só nos últimos dias, e olhe que nem sabemos se estamos próximos de um pico ou não destes eventos todos.
E agora José? Onde fica Maria nessa história?
Hoje além de Vancouver no Canadá, tivemos tremores em Aukland na Nova Zelândia, sem falar os demais tremores sabidos e de menores intensidades ao redor do globo.
E além dos vulcões que estão em estado de alerta para entrarem com força total em cena.
O Sol e suas violentas tempestades e ousam em dizer que o SOl está calmo, só se estes mesmos cientistas estiverem drogados para falarem tal asneira.
E aí cientistas, o que dizer de tudo isso? É algo normal e que não devemos nos preocupar? Coitado de mim se eu acreditasse piamente em vocês.
Vejamos
CANADÁ - VANCOUVER - GRANDE TERREMOTO DE 6.7 - CATEGORIA MUITO FORTE
9 de setembro de 2011
Relatório Sismológico
O Monitor de Terremotos mostra um violento terremoto de 6.7 graus na escala Richter ocorrido nas ilhas Vancouver, na Colúmbia Britânica, no Canadá às 19:41 UTC (09/09). O poderoso tremor teve seu epicentro estimado a 2 km de profundidade, sob as coordenadas 49.50N e 127.00W. Considerando a magnitude e a baixa profundidade em que ocorreu o evento, este tremor tem potencial suficiente para causar pesados danos e vítimas fatais caso tenha ocorrido abaixo de locais populosos.
Fonte: Monitor Sísmico
Nota MM: E agora sismólogos, quem disse que os alinhamentos não estão ligados aos terremotos? Ontem e o hoje o planeta tem balançado muito.
Pegue o seu diplominha dobre cuidadosamente e se limpe. Se, arranhar você está no lucro!
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via: http://minhamestria.blogspot.com/
Uma pleiade de Notícias
"Grécia nega rumor de calote de dívida no fim de semana " 09.09.11
O governo da Grécia negou hoje a existência de qualquer plano de declaração de default (calote) no fim de semana. Uma fonte no Ministério das Finanças da Grécia desqualificou os rumores que circulam no mercado como "lixo".Na manhã de hoje, o blog especializado em finanças Zero Hedge publicou que havia rumores no mercado indicando que a Grécia teria planos de anunciar o calote de sua dívida em algum momento nos próximos dois dias. As informações são da Dow Jones.
"Bank of America pode cortar mais de 40.000 empregos" 09.09.11
O Bank of America considera cortar mais de 40.000 empregos como parte de um esperado plano de restrições, informa o Wall Street Journal.O jornal cita fontes anônimas para indicar que a diretoria do banco tem debatido cortes de entre 30.000 e 45.000 postos de trabalho, um número que pode ser alterado e cuja aplicação pode levar alguns anos.O corte representa mais de 10% dos funcionários da empresa.O banco foi muito afetado pela crise financeira de 2007-2009 e receentemente foi abalado por uma série de ações milionárias vinculadas a créditos hipotecários concedidos por suas subsidiárias, Countrywide Financial e Merril Lynch.Com as ações, o banco registrou prejuízo líquido superior a nove bilhões de dólares no segundo trimestre do ano.Entre boatos de problemas de capital, mês passado foi anunciada uma injeção de cinco bilhões de dólares por parte do fundo de investimentos Berkshire Hathaway, do bilionário Warren Buffett.
"Brasil pede reunião de urgência do FMI sobre a Grécia" 09.09.11
O Brasil pedirá hoje à diretoria do Fundo Monetário Internacional (FMI) uma reunião de urgência sobre a Grécia na semana que vem. Houve interrupção das negociações do fundo com Atenas e também há dúvidas sobre o programa de austeridade estabelecido para os gregos.Paulo Nogueira Batista Junior, diretor executivo para o Brasil e outros oito países, confirmou que fará o pedido hoje, para um "briefing" para a diretoria. A delegação do FMI e União Europeia suspendeu sua missão na semana passada na Grécia, reclamando que o governo atrasou a implementação do programa de ajuste. Uma nova parcela do financiamento para o país está prevista para meados deste mês.A Grécia tem enorme dificuldade em cumprir as promessas de ajuste. O banco britânico Barclays estima que a chance de mais notícias ruins procedentes de Atenas é "muito real".Certos analistas na Europa estimam que cedo ou tarde a Grécia acabará fazendo um real "calote" (default), piorando a situação da zona euro e causando contágio no resto do mundo.Ontem, a Comissão Européia insistiu que os países da zona euro não estão discutindo uma saída da Grécia da moeda única como receita para frear a crise da dívida soberana.
"Governo alemão nega hipótese de plano B para crise" 09.09.11
A Alemanha não está considerando nenhuma espécie de plano B para ajudar as instituições financeiras do país caso a Grécia não consiga cumprir os termos de seu pacote de resgate, o que resultaria em default (calote), afirmou hoje Johannes Blankenheim, porta-voz do Ministério das Finanças. "A questão de um plano B não está sendo discutida no momento. Nós estamos trabalhando com base nas decisões de 21 de julho e estamos confiantes em que podemos passar essas decisões e o plano A pelo Parlamento e, portanto, ter sucesso", declarou o porta-voz.Autoridades da zona do euro chegaram a um acordo em julho sobre os termos de um segundo pacote de resgate financeiro à Grécia, assim como ampliaram em tamanho e flexibilidade a Linha de Estabilidade Financeira Europeia (EFSF, na sigla em inglês). O Parlamento alemão está se preparando para votar as decisões no fim de setembro.Os comentários de Blankenheim vêm à tona depois de a agência de notícias Bloomberg ter informado, com base em fontes não identificadas no governo, que a Alemanha estaria preparando um plano alternativo para proteger os bancos alemães na eventualidade de um calote da dívida grega. As informações são da Dow Jones.
"Scotiabank compra participação em banco chinês por US$ 729 mi" 09.09.11
O canadense Scotiabank vai comprar uma participação de 19,99% no chinês Bank of Guangzhou, uma instituição fechada e basicamente em poder do governo, por 719 milhões de dólares canadenses (US$ 729 milhões).A expectativa é que a transação esteja concluída em dezembro. "O Bank of Guangzhou é uma instituição financeira bem administrada, próspera e forte. Com esse investimento, podemos construir a presença internacional e experiência do Scotiabank na China", comentou o executivo-chefe e presidente do banco canadense, Rick Waugh.Ele acrescentou que a Ásia é uma região de importância estratégica para o banco e ampliaro investimento na China apoia o plano de crescimento de longo prazo do Scotiabank.
Em nota, a instituição lembrou que tem agências em Guangzhou, Chongqing, Xangai, Hong Kong e Taipé e que possui 14,8% do Bank of Xi'an, que deve ser ampliada para 18,1% dependendo de aprovação regulatória.
Em nota, a instituição lembrou que tem agências em Guangzhou, Chongqing, Xangai, Hong Kong e Taipé e que possui 14,8% do Bank of Xi'an, que deve ser ampliada para 18,1% dependendo de aprovação regulatória.
Fonte:Inteligência Brasil
Blecautes e outros eventos. Já seriam os efeitos das tempestades solares?
Blecaute atinge dois milhões de pessoas nos EUA e México
Mais de dois milhões de pessoas no sul da Califórnia, Arizona e México ficaram sem luz elétrica
nesta quinta-feira (8)
por um blecaute. As causas da falta de fornecimento ainda estão sendo investigadas.
A cidade mais afetada é San Diego, onde 1,4 milhão de usuários estão sem energia.
A companhia energética San Diego Gas
and Electric qualificou o incidente de “um blecaute importante”,
em comunicado publicado em seu site.
A empresa ainda alerta que a situação pode se prolongar até a manhã desta sexta-feira (9).
Em entrevista coletiva, o diretor de operações da companhia, Mike Niggli, descartou a hipótese de um
atentado,
mas ressaltou que a causa da avaria ainda é desconhecida.
“Acho que é a primeira vez que cai todo o sistema”, apontou Niggli.
A falta de energia atingiu também o sul do condado de Orange, ao norte de San Diego, além de pontos do
noroeste mexicano e
Baixa Califórnia, assim como no Arizona, onde a companhia elétrica acredita que tenha acontecido a avaria.
A empresa, através de Twitter, apontou a onda de calor, com temperaturas em torno dos 40 graus em alguns
pontos,
como um dos fatores causadores do blecaute, que começou por volta das 15h40 locais.
O aeroporto internacional de San Diego está funcionando com seus próprios geradores de eletricidade
para atender os voos que estão aterrissando e foram suspensas
as decolagens até o retorno da eletricidade.
A falta de energia também deixou inoperante a rede de semáforos nas zonas urbanas. (G1 Notícias)http://www.youtube.com/watch?v=QVNMO1VBV88&feature=player_embedded
http://www.youtube.com/watch?v=LMfFviZ9pos&feature=player_embedded
Nota A Verdade Liberta: Vejam só:
Nos dias 6 e 7 de setembro, o Sol em tempestades fortissimas, teve uma emissão de massa coronal (CME) classe X perigosa, estas ondas de raios gama e outros, chegam a Terra cerca de 18 a 36 horas depois
Seria coincidência?
http://www.youtube.com/watch?v=LMfFviZ9pos&feature=player_embedded
Nota A Verdade Liberta: Vejam só:
Nos dias 6 e 7 de setembro, o Sol em tempestades fortissimas, teve uma emissão de massa coronal (CME) classe X perigosa, estas ondas de raios gama e outros, chegam a Terra cerca de 18 a 36 horas depois
Seria coincidência?
Fontes: Blog do Célio, A Verdade Liberta e Youtube
Colaborou com o UND- Jonh Boss my Friend
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