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6 de dezembro de 2011

Mailson: posição inflexível da Alemanha pode ser desastrosa
 

A posição inflexível da Alemanha faz sentido isoladamente, mas pode ser desastrosa pelo risco de detonar um pânico incontrolável, escreve Mailson da Nóbrega* (foto), colaborador do Radar Econômico. Leia abaixo seu comentário.
 
“O tempo corre contra os líderes europeus. Suas divergências sobre como lidar com a crise de endividamento soberano produz paralisia, que pode ser fatal. Angela Merkel, a chanceler alemã, permanece inflexível em sua oposição à emissão de eurobônus e à ação do Banco Central Europeu (BCE) como emprestador de última instância para os países que enfrentam dificuldade de colocar seus títulos nos mercados de capitais. Para ela e para o próprio BCE, essa solução seria contraproducente, pois inibiria a realização das necessárias reformas nos países encrencados. É uma visão que faz sentido quando considerada isoladamente, mas pode ser desastrosa quando não leva em conta o risco de detonação de um pânico incontrolável, que levaria o euro ao colapso e provocaria uma crise financeira mais grave do que a da quebra do banco Lehman Brothers em 2008.
Uma boa análise dessa situação está em artigo recente de Rafael Doménech, economista do Banco BBVA e professor de economia da Universidade de Valência. O texto está disponível no endereço http://www.voxeu.org/index.php?q=node/73…, Para ele, os investidores internacionais estão fugindo de papéis europeus de uma forma que as cúpulas europeias de julho e agosto não foram capazes de deter. Neste momento, eles estão numa atividade de esperar para ver, “tornando extremamente difícil a renovação de enormes volumes de dívida pública e privada.”
Para Doménech, a interação entre a crise da dívida soberana e os riscos do sistema bancário está criando crescentes tensões no sistema financeiro, que se refletem tato em maiores prêmios de risco dos títulos públicos e privados, quanto em distorções na captação de recursos no atacado pelas instituições financeiras, problemas nos mercados interbancários e tensões de liquidez. “Essas condições indicam que uma severa contração de crédito pode já ter-se iniciado na zona do euro, que desta vez poderia ser mais intensa do que a observada no pós falência do Lehman Brothers.
Assim, as soluções para evitar uma nova crise financeira na zona do euro deveriam ser não apenas nacionais, mas também supranacionais. “Independentemente das mudanças que as instituições europeias poderiam formular para o longo prazo, no curto prazo a zona do euro precisa de ações efetivas e imediatas para estabilizar os mercados financeiros.” Além disso, como a experiência posterior à quebra do Lehman Brothers demonstrou, se a crise de dívida soberana europeia não for resolvida rapidamente, isso vai afetar a atividade de outras economias, tendo em vista sua natureza sistêmica.
Como proposto pela revista The Economist, pelo próprio BBVA e por muitos outros analistas, “uma solução bem formulada de curto prazo requer ações corajosas simultâneas em três áreas, que deveriam ser implementadas com grande urgência e determinação”. As medidas são:
1)    Reformas estruturais para estimular o crescimento, a competitividade e um rigoroso ajuste fiscal;
2)    Até que essas medidas produzam resultados, deveriam ser implementadas todas as opções disponíveis para evitar a contração de crédito, incluindo apoio financeiro e liquidez ilimitada para o Fundo Europeu de Estabilização Financeira, proporcionada pelo BCE;
3)    Maior capital político e liderança tanto a nível nacional quanto europeu.
Domenéch não menciona, mas nos últimos dias aumentaram rumores de que Angela Merkel e Nicholas Sarkozy, o presidente francês, estariam preparando propostas de união fiscal, pelas quais os países da zona do euro perderiam sua soberania em questões orçamentárias. O poder de decisão seria transferido para a Comissão Europeia em Bruxelas. A palavra final deixaria de ser dos parlamentos nacionais. Caso se chegue a um acordo sobre o assunto na próxima sexta-feira, quando ocorrerá a reunião de cúpula europeia, Angela Merkel teria o motivo para abandonar sua intransigência e concordar com uma ação ampla, efetiva e eficaz do BCE para deter o gravíssimo processo de deterioração de confiança nos papéis públicos.  A Europa ganharia tempo para esperar os efeitos das mudanças fiscais. O euro seria salvo do colapso e o mundo das consequências terríveis de uma nova crise financeira. Resta-nos esperar e torcer.”
* Mailson da Nóbrega foi ministro da Fazenda (1988 a 1990) e hoje é sócio da Tendências Consultoria Integrada e membro de conselhos de administração de empresas no Brasil e no exterior. Ele colabora com o Radar Econômico comentando artigos e reportagens relevantes da imprensa internacional. Blog: http://mailsondanobrega.com.br/blog/
FONTE

Fim dos Tempos.Net

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