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23 de outubro de 2010

Mídia relata. Um remédio amargo para à Europa

Remédio amargo na Europa

Reportágem de nossa mídia sobre os acontecimentos na economia global ou seja sinais do desmonte de um velho sistema que mostra sua podridão.
A ver os próximos capítulos....

23 de outubro de 2010 | 0h 00
- O Estado de S.Paulo
Franceses, ingleses e outros europeus podem ir à rua, gritar palavras de ordem, xingar os governos, fechar estradas e portos e queimar carros - e isso talvez sirva para aliviar os nervos. Mas não servirá para tornar a realidade menos sombria. Os governos do mundo rico chegam ao fim de 2010 devendo o equivalente ao Produto Interno Bruto (PIB) de um ano inteiro. Nunca estiveram tão endividados no último meio século nem exibiram conta fiscais tão esburacadas. Desde os anos 60 jamais tiveram de enfrentar ajustes econômicos tão duros e tão amplos - tanto mais penosos quanto mais acostumadas estavam as pessoas ao conforto e às facilidades do Estado do Bem-Estar, também conhecido como Estado Providência. Também os americanos terão de suportar as agruras do ajuste, mas na Europa a resistência tende a ser muito maior, porque as populações estão muito mais acostumadas à presença protetora do poder público e menos expostas à dureza de um mercado de trabalho flexível.

Manifestações de protesto já ocorreram em vários países da Europa, desde o começo do ano, quando o Tesouro grego chegou a um passo da insolvência e do calote. Alguns governos - o da própria Grécia e os de Portugal e da Espanha - apressaram-se a formular programas de ajuste, num esforço para tranquilizar os bancos credores. Outros agiram mais lentamente, apesar de seus notórios problemas fiscais. O recém-eleito governo inglês tratou desde o primeiro instante de montar um programa severo de redução de gastos e de elevação de impostos.
Na quarta-feira, o ministro das Finanças, George Osborne, anunciou um programa de cortes de £ 83 bilhões (R$ 220 bilhões) nos próximos quatro anos. A redução atingirá benefícios sociais, o orçamento da defesa e as contas de vários departamentos. Até 2015 serão eliminados 490 mil empregos públicos. O objetivo é podar um déficit fiscal estimado em 11% do PIB. Sindicalistas e estudantes foram à rua para protestar e para reclamar a defesa do Estado do Bem-Estar.
Na França, as manifestações foram muito mais amplas e incluíram a queima de veículos, a interrupção do transporte urbano, o fechamento do acesso a refinarias, portos e aeroportos e confrontos com a Polícia. Os protestos foram contra a reforma da Previdência proposta pelo governo.
A situação fiscal da França, com déficit público estimado em 8% do PIB neste ano e 6% em 2011 é menos grave que a do Reino Unido, mas é certamente grave. Quase todos os países da Europa exibem déficits orçamentários bem maiores que os 3% admitidos pelo Tratado de Maastricht. Mas o problema fiscal das economias europeias não resulta só das políticas de estímulo adotadas durante a recessão. A crise apenas tornou mais evidentes velhos desajustes acumulados durante anos e disfarçados em tempos de prosperidade. O pesado endividamento público, o desequilíbrio crescente da Previdência e os generosos programas de apoio a desempregados são problemas bem conhecidos, mas - até agora - sempre empurrados para a frente.
O presidente Nicolas Sarkozy teve a rara disposição de enfrentar a questão previdenciária, sem se ocupar somente dos desafios imediatos. O ministro das Finanças do Reino Unido também tem objetivos de longo prazo: "O setor público", afirmou, "precisa mudar para apoiar as aspirações e as expectativas da população de hoje, em vez das (expectativas) dos anos 50."
Isso não equivale a decretar o fim do Estado do Bem-Estar. Arrumar as contas, levando em consideração as novas condições da economia - incluída a mudança do perfil demográfico -, é uma questão de realismo e de respeito às próximas gerações. Governos conservadores e progressistas, neoliberais e socialistas - não importam os nomes - têm algo muito importante em comum: não criam recursos nem conseguem colhê-los nas árvores. Os ajustes podem ser graduais - e mais lentos nas economias mais fracas - como tem recomendado o FMI. Só não se pode evitá-los nem esperar uma solução milagrosa para dívidas e déficits enormes.


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