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11 de fevereiro de 2011

Alimentos: sintomas da nova crise mundial

Leitores, um dos braços de uma instituição que serve aos senhores do mundo a FAO, já vem cantando a bola sobre uma nova crise mundial que terá por base a alimentação.
Estamos vendo pipocar o aumento de preços de produtos alimentícios em diversos pontos do globo, sentimos isto até aqui no Brasil.
E como as catástrofes naturais estão reduzindo o poder de produção de diversas culturas de grãos, não podemos esperar um céu de brigadeiro para a estabilidade mundial.
Daniel Lucas
Os sinais da nova tormenta estão à vista há algum tempo. A FAO alertou que os preços do arroz, trigo, açúcar, cevada e carne continuarão altos ou vão registar significativos aumentos em 2011. Por Thalif Deen, IPS
Foto de frankfarm, FlickR

Nações Unidas – A Organização das Nações Unidas (ONU), que tenta ajudar cerca de mil milhões de pessoas famintas no mundo, antecipa outra crise alimentar neste ano.
E os sinais da nova tormenta estão à vista há algum tempo. A Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO), com sede em Roma, alertou, na semana passada, que os preços mundiais do arroz, trigo, açúcar, cevada e carne continuarão altos ou vão registar significativos aumentos em 2011, talvez replicando a crise de 2007-2008.
Rob Vos, director de políticas de desenvolvimento e análise no Departamento de Economia e Assuntos Sociais da ONU, disse à IPS que o aumento dos preços já afectava vários países em desenvolvimento. Afirmou que nações com a Índia e outras da Ásia oriental e do sudeste já sofrem inflação de dois dígitos, devido ao aumento nos preços dos alimentos e da energia. Na Bolívia, o governo foi obrigado a reduzir os subsídios de alguns dos alimentos da cesta básica, já que estavam a fazer disparar o défice fiscal.
No curto prazo, além de os pobres serem afectados e mais gente poder ser arrastada para a pobreza, essa alta também dificultará a recuperação dos países que enfrentam maior inflação e cairá o poder aquisitivo dos consumidores em geral, afirmou Rob, economista-chefe da ONU. Alguns bancos centrais estão a endurecer as suas políticas monetárias, e governos vêem-se obrigados a apertar o cinto fiscal, acrescentou.
Frederic Mousseau, director de políticas do Instituto Oakland, com sede na cidade norte-americana de San Francisco, disse à IPS que Moçambique já havia sofrido, em Setembro, revoltas populares pelos altos preços do pão, nas quais morreram 13 pessoas. “Manifestações afectaram cerca de 30 países em 2008, e isto poderia repetir-se, já que a situação não mudou nos últimos três meses”, afirmou Frederic, autor do livro “O desafio dos altos preços dos alimentos: uma revisão das respostas para combater a fome”.
Os países mais vulneráveis são os mais dependentes das importações e os menos capazes de enfrentar com políticas públicas o aumento dos preços nos mercados, acrescentou Frederic. Isto diz respeito a muitas das nações mais pobres, com menos recursos, menos instituições e menos mecanismos públicos para apoiar a produção de alimentos, explicou. No final do ano passado, houve protestos na China pelos altos preços da merenda para estudantes secundários, e na Argélia pelo aumento da farinha, do leite e do açúcar.
Os argelinos voltaram às ruas na semana passada para protestar contra as duras condições económicas. As manifestações acabaram com três mortos e centenas de feridos, enquanto na vizinha Túnis distúrbios similares causaram pelo menos 20 vítimas fatais. Segundo o índice da FAO divulgado na semana passada, os preços de cereais, sementes oleaginosas, lácteos, carnes e açúcar continuam a aumentar por seis meses consecutivos.
“Estamos a entrar em terreno perigoso”, disse Abdolreza Abbasian, economista da FAO, a um jornal londrino. Frederic explicou que os preços começaram a aumentar em 2010, depois das más colheitas na Rússia e na Europa oriental, em parte devido aos incêndios durante o Verão boreal. Agora, as severas inundações que afectam a Austrália, quarto maior exportador mundial de trigo, provavelmente afectarão a produção desse cultivo e pressionarão ainda mais os preços para cima, previu.
“Qualquer outro acontecimento, como outro desastre climático nalgum país exportador, ou uma nova alta do petróleo, sem dúvida alguma disparará os preços e fará com que a situação seja pior do que em 2008, ameaçando, portanto, o sustento de milhares de milhões de pessoas em todo o mundo”, acrescentou.
Entretanto, Frederic esclareceu que não se trata de um problema de escassez, como ocorreu em 2007-2008. “Não se pode usar a palavra escassez se for considerado que mais de um terço dos cereais produzidos no mundo são usados como alimento para animais, e que uma parte cada vez maior é usada para fazer combustíveis”, afirmou. De facto, no mundo foram produzidas 2,232 biliões de toneladas de cereais em 2008, uma quantidade sem precedentes, destacou.
O nível de produção para o período 2010-2011 é levemente menor do que em 2008. Ao contrário daquele ano, quando o arroz foi o responsável pelo aumento dos preços, desta vez é o trigo. Em todo caso, deve-se a uma combinação de fatores: má colheita numa parte do mundo supõe uma pressão sobre o mercado, o qual envia sinais negativos aos especuladores. Estes, então, começam a comprar e os preços disparam.

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