Presidente do Egito renuncia e entrega poder ao Exército
Após 18 dias de manifestações, Hosni Mubarak deixa o cargo que ocupava desde 1981
O anúncio da renúncia foi feito pelo vice-presidente egípcio, Omar Suleiman, horas depois de ser divulgada a notícia de que Mubarak e sua família tinham deixado a capital do país, Cairo, em direção à cidade egípcia de Sharm el-Sheik. "Nessas circunstâncias difíceis pelas quais o país está passando, o presidente Hosni Mubarak decidiu deixar a posição da presidência", disse Suleiman. "Ele encarregou o Conselho das Forças Armadas a dirigir as questões de Estado."
Reunidos na Praça Tahrir, que virou símbolo dos protestos, centenas de milhares de manifestantes explodiram em gritos de emoção com a notícia. Enquanto a multidão gritava "O Egito está livre!" e "Deus é grande!", também era possível ouvir carros buzinando em celebração.
O oposicionista Mohamed El Baradei, Prêmio Nobel da Paz de 2005 e ex-chefe da Agência Internacional de Energia Atômica, reagiu à informação dizendo: "Este é o melhor dia da minha vida. O país foi libertado."
Sua saída ocorreu depois de um perído de 24 horas que misturou celebração e raiva, enquanto o Egito e o mundo em um primeiro momento esperaram sua renúncia iminente e depois se enfureceram quando Mubarak anunciou que delegaria mais poderes a Suleiman, sem renunciar ao cargo de presidente.
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No texto, os militares prometeram suspender o estado de emergência que vigora no país há 30 anos "assim que a crise acabar" e garantir uma eleição presidencial "livre e justa" em setembro. As Forças Armadas também fizeram um apelo para que os manifestantes "voltem ao trabalho e à vida normal".
Após a renúncia de Mubarak, o Exército divulgou um novo comunicado em que afirmou: "Sabemos a extensão da gravidade e a seriedade dessas questões e das demandas da população para iniciar mudanças radicais. O Conselho das Forças Armadas está estudando esse cenário para alcançar as esperanças de nossa grande população."
Segundo o jornal Guardian, o Exército estuda demitir o gabinete e suspender as duas Casas do Parlamento. De acordo com a rede de TV Al-Arabyia, o Conselho Militar vai administrar o país com o chefe da Suprema Corte Constitucional.
Os acontecimentos desta sexta-feira deixam o Exército no comando de uma nação de 80 milhões, enfrentando reivindicações insistentes de mudanças democráticas fundamentais e eleições abertas. Os militares repetidamente prometeram responder às demandas dos manifestantes. Mas tem pouca experiência recente em governar diretamente o país, e terá de neutralizar manifestações e greves laborais que paralisaram a economia e deixaram muitas das instituições do país, incluindo a mídia estatal e as forças de segurança, em situação difícil.
18 dias de crise
No dia 1º de fevereiro, quando a onda de protestos completou uma semana, Mubarak anunciou que não concorreria à reeleição nas eleições presidenciais marcadas para setembro.
O anúncio não foi suficiente para encerrar os protestos e milhares de manifestantes continuaram lotando a praça Tahrir, no centro do Cairo, exigindo a renúncia imediata do líder.
Nos 18 dias de crise, Mubarak anunciou outras medidas: nomeou um vice-presidente pela primeira vez desde que chegou ao poder; pediu que seu gabinete renunciasse e nomeou novos ministros; criou comissões para propor reformas constitucionais, garantir sua implementação e investigar as mortes nos protestos; e definiu um aumento de 15% nos salários dos servidores públicos.
Mubarak renuncia e entrega poder ao Exército
Trajetória
Hosni Mubarak assumiu a presidência do país após a morte do presidente Anwar Sadat, em 1981. Sadat foi assassinado por militantes islâmicos durante uma parada militar no Cairo. Mubarak, sentado ao seu lado, teve sorte em escapar ileso.
Desde então, já sobreviveu a pelo menos seis tentativas de assassinato - na mais séria, o ataque ao carro presidencial logo após a chegada de Mubarak à capital da Etiópia, Addis Abeba, em 1995, para participar de uma cúpula de países africanos.
Além do talento para se desviar dos tiros, o ex-comandante da Força Aérea também segurou com força as rédeas do poder, assumindo um papel de aliado confiável dos Estados Unidos e combatendo um poderoso movimento de oposição em casa.
Nascido em 1928 em uma pequena cidade na província de Menofiya, perto do Cairo, Mubarak manteve sua vida particular longe do domínio público. Ele é casado com Suzanne Mubarak - de ascendência britânica, formada na American University, no Cairo - e tem dois filhos, Gamal e Alaa.
Mubarak não fuma, não bebe e é conhecido por levar uma vida regrada e saudável, com uma rígida rotina diária que tem início às 6h. No passado, amigos e colaboradores próximos reclamavam da rotina do presidente, que começava com uma sessão na academia ou um jogo de squash.
Apesar da falta de apelo popular, o militar criou uma reputação de estadista internacional com base na questão que resultou na morte de Sadat: a busca da paz com Israel.
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Estado de emergência
Na prática, desde que assumiu o poder, Hosni Mubarak comandou o Egito como um líder militar e com base em uma lei de emergência que dava ao Estado o direito de prisão e de coibir direitos básicos.
O argumento do governo era que o controle total era necessário para combater militantes islâmicos, cujos ataques têm como alvo, com frequência, o lucrativo setor de turismo egípcio.
Sob a liderança de Mubarak, o Egito viveu um período de relativa estabilidade doméstica e desenvolvimento econômico, o que levou a maioria da população a aceitar sua monopolização do poder.
Mas, nos últimos anos, o presidente vinha sofrendo pressões para que a democracia fosse incentivada no Egito. As pressões vêm do próprio país e também dos Estados Unidos. Muitos dos que reivindicavam reformas políticas duvidavam da sinceridade do líder veterano quando ele dizia ser favorável a uma abertura do processo político. Desde 1981, Mubarak venceu três eleições como candidato único, mas o quarto pleito convocado por ele - em 2005, após um empurrão firme dos Estados Unidos - teve as regras alteradas para permitir candidaturas rivais.
Críticos dizem que a eleição foi manipulada para favorecer Mubarak e seu partido, o Partido Nacional Democrático (NDP, na sigla em inglês). Eles acusam o líder egípcio de ter comandado uma campanha de supressão a grupos de oposição, entre eles, especialmente, o movimento Irmandade Muçulmana.
Com BBC, AP e informações do The New York Times
Graças a DEUS menos um DITADOR neste mundo, vitória para a irmandade muçulmano e para o povo egipcio, agora de israel não podemos dizer o mesmo pois pra eles Hosni Mubarak poderia virar até Rei que eles festejariam.
ResponderExcluirIsrael concerteza não fico feliz com essa notícica até por que o Mubarak era seu principal aliado no oriente médio, agora fiquei horrorizado assistindo uma tv aqui do brasil que logo no inicio, nas primeiras manifestações contra este governo corrupto ela apoio o governo de mubarak só por ele ser um importante aliado do ocidente, só por ele manter laços fortes com Israel e EUA mostrando mais uma vez que a mídia não representa e não está do lado do povo e sim do governo seja o mais corrupto e enganoso que for ela sempre usará sua influencia para os interesses governamentais.
ResponderExcluirAnônimo.
ResponderExcluirUma grande vi´tória popular que espero que se traduza em democracia de fato. Mas tenho meus receios quanto a nova era que o Egito e seu povo começam a vivenciar.
É cedo para darmos um prognóstico preciso quanto ao assunto, mas temo que esta democracia fique resguardada por uma poderosa junta militar que vai orientar quem queira que esteja comandando o país e ditado nos bastidores pelos senhores do mundo.
Ficar com o velho na pessoa do octagenário Mubarak, não dava para mantê-lo no poder, pois existem interesses em jogo na região epor tudo a perder é o que não querem.
Dá o poder de fato aos militares para que conduzam o processo ao bel prazer das elites globais que não venham a ter por exemplo um hipotético estado puramente teocrático nos moldes do Irã que não segue a agenda global, não seria nada promissor.
Uma falsa sensação de democracia é o que eles vão dar ao povo egípsio. Pode crer!
Isto eu já estava prevendo, negociações que retirassem Mubarak de cena e aqueles que os apoiavam sem deixar transparecer que de fato o povo ganhou, mas que o statos quo do poder egípsio fique inalterado na prática. Uma visão que estou dando puramente dentro daqueles que acreditam em teorias da conspiração, mas o que a mídia diz é que o povo ganhou, o Egito é um país que desfrutará das benesses da liberdade.
Será? Vejamos nos próximos mêses...
Concerteza, os EUA quando percebeu que não dava geito convoco uma reunião com seus diplomatas e instruiu ao exercito egipcio o que deveria ser feito para a transição e para que o Egito não caisse na esfera como voce bem disse nos moldes do Irã, acredito eu que os EUA nos bastidores ja conseguiu o que queria, isso é fato e quando digo EUA tambem estou dizendo sobre a elite global, o Egito continua sobre poder mesmo que inconsciente, agora é ver o que irá acontecer.
ResponderExcluirmubarak caiu, mas repararam qual foi o dia que ele caiu? dia 11 de fevereiro, isso lembra alguma coisa????
ResponderExcluirSempre o tal 11...
Reparem que o tal 11 denovo tem algo haver com um grande acontecimento.
Muito boa observação, coincidencia demais ou apenas coincidencia?
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