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21 de outubro de 2012

Tensão no Líbano

Funeral em Beirute acaba em protestos e violência

Milhares foram às ruas para acompanhar enterro do ex-chefe de inteligência do Líbano, e polícia teve que contar manifestantes anti-Síria com gás lacrimogêneo

 
Parte da multidão que compareceu ao funeral do ex-chefe de inteligência do Líbano neste domingo, em Beirute, entrou em choque com a polícia, em meio à crescente tensão no país. O velório de Wissam al-Hassan, morto em um violento atentado na sexta-feira , causou indignação entre diversos libaneses, que culpam o regime da vizinha Síria pelo ataque .
Milhares de pessoas foram às ruas de Beirute para o funeral. Alguns compareceram ao funeral portando bandeiras libanesas e faixas contra o presidente sírio, Bashar al-Assad. Neste domingo, os manifestantes tentaram invadir a sede do governo libanês, e a polícia disparou gás lacrimogêneo para conter a multidão.
Muitos temem que a violência na Síria - que começou em março do ano passado, com tentativas de insurgentes de derrubar al-Assad - possa se espalhar agora para o Líbano, onde a população está dividida em relação ao conflito.
O Exército da Síria esteve presente no Líbano por 29 anos, até 2005. Além disso, historicamente o Líbano virou palco de conflitos violentos influenciados por eventos nos países ao seu redor, como Síria e Israel. "Nós estamos aguardando a queda do regime sírio. Até que isso aconteça, não poderá haver paz no Líbano", disse à BBC uma das manifestantes que compareceu ao funeral de al-Hassan neste domingo.

Libaneses se revoltam e são contidos com bombas de gás após funeral de Wissam Al-Hassan, chefe da inteligência no país. Foto: AP
 
Segurança
O presidente libanês, Michel Suleiman, e o premiê Najib Mikati deram início aos serviços fúnebres na sede das Forças de Segurança Internas do Líbano, onde o caixão de al-Hassan foi levado no começo do dia.
O prédio, na vizinhança de Ashrafiya, fica perto de onde ocorreu o atentado de sexta-feira, realizado com carro-bomba. Outras sete pessoas morreram na explosão. A esposa e os filhos de al-Hassan viajaram de Paris para o funeral. Eles estavam vivendo no exterior, como medida de precaução.
A segurança foi reforçada em toda a capital libanesa neste domingo. No sábado, diversos manifestantes foram às ruas e incendiaram pneus, montando barricadas em alguns pontos de Beirute.
O ex-chefe do serviço de inteligência do Líbano tinha 47 anos e era ligado ao grupo 14 de março e à família Hariri, dois dos principais opositores da Síria no Líbano. O corpo de al-Hassan será enterrado ao lado do de Rafik Hariri, o premiê libanês que foi assassinado também em um atentado em 2005. Al-Hassan liderou uma investigação sobre este ataque que incriminou o regime sírio.
Saad Hariri, filho de Rafik e líder da oposição libanesa, participa do funeral deste domingo. Ele pediu que a presença de "todo o Líbano, que Wissam al-Hassan protegeu contra os complôs de Bashar al-Assad". O episódio provocou uma crise política no governo libanês. No sábado, o premiê Mikati colocou seu cargo à disposição, mas foi mantido pelo presidente Suleiman .
O grupo Hezbollah, aliado da Síria, condenou o atentado de sexta-feira.
BBC

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