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14 de setembro de 2010

Pressão Sionista 1

Setembro 2010


Analistas: Israel não permitirá que Irã tenha arsenal nuclear





LUÍS EDUARDO GOMES
No final da semana passada, o chefe do Estado-Maior das Forças Armadas do Irã anunciou que irá retaliar em caso de agressão às suas instalações nucleares por Israel e que a resposta será um ataque às instalações israelenses. Analistas ouvidos pelo Terra têm visões diferentes sobre a iminência de um conflito entre as duas nações. Uma guerra que, segundo eles, levaria o Ocidente a uma crise e poderia provocar uma onda de ataques terroristas pelo mundo.
Para o fundador e membro do Núcleo de Estudos Estratégicos da Unicamp, Geraldo Lesbat Cavagnari Filho, ameaça de confronto militar entre Irã e Israel é, do ponto de vista militar, uma questão muito mais importante para a região do que a paz entre israelenses e palestinos. Segundo ele, "a questão nuclear altera o equilíbrio nuclear do Oriente Médio, que hoje em dia abriga apenas Israel como potência nuclear".
Apesar de salientar que é muito difícil prever a proximidade de eventuais conflitos e de que não há indicativos de que ele esteja mais próximo do que em outros momentos, o professor afirma que o Irã deseja construir um arsenal nuclear. "O Irã com capacidade nuclear será um tormento para Israel, porque ele tem como objetivo a destruição de Israel", diz. Ele acredita que uma vez dominando o ciclo nuclear completo, O Irã "vai lutar para se tornar uma potência no Oriente Médio. E a existência de Israel é um complicador para que isso aconteça".
Para Cavagnari Filho, é muito difícil que Israel deflagre o conflito. Mas ele lembra que os últimos enfrentamentos no Oriente Médio envolvendo o país "pegaram a opinião pública internacional de surpresa". Segundo o analista, Israel possui um sistema de inteligência extremamente efetivo que lhe permite antecipar planos de ataques de seus inimigos. "Por enquanto, eu acredito que os serviços de inteligência israelense e americano ainda não conseguiram detectar o desenvolvimento tecnológico de um arsenal nuclear por parte do Irã. Se em um momento eles detectarem, certamente lançarão uma ofensiva militar".
Ele ainda afirma que "uma vez que a situação se tornar perigosa para a existência de Israel, imediatamente os EUA intervirão no conflito". Para o professor, este eventual ataque, considerando a supremacia militar do Estado israelense, levaria o Irã praticamente à destruição.
Cenário negro
Em carta enviada para a revista americana Foreign Polícy, o coronel americano aposentado Peter Mansoor, ex-comandante de brigada no Iraque e conselheiro do ex-comandante geral dos EUA no país, general David Petraeus, defendeu a tese de que Israel não aceitará que o Irã possua armas nucleares. "Apesar de acadêmicos americanos dizerem que podemos conviver com a bomba iraniana, Israel não vai permitir - pelo menos não enquanto alguém que nega o Holocausto, que já fez ameaças veladas ao Estado judeu, permanecer no poder", disse, fazendo referência ao presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad.

Por outro lado, o professor Paulo Edgard Resende, Coordenador do Núcleo de Análise de Conjuntura Internacional PUC-SP, acredita que o governo Obama fará de tudo para evitar o confronto. "Para ele (Obama), certamente não é bom negócio. Seja o agenciamento de uma guerra preventiva, seja o confronto aberto de um de seus aliados no preciso instante em que é anunciado o término da guerra no Iraque, iniciada há sete anos". Ele também pondera que pesa contra o fato de os EUA ainda estarem sob o "pesadelo do Afeganistão".
Resende ainda afirma que o Irã possuir armas nucleares não resultaria, necessariamente, em um conflito armado. Ele lembra que, em outros casos, arsenais de destruição em massa funcionaram como elementos de dissuasão do conflito. "As armas nucleares operaram em sentido contrário nas relações entre Estados Unidos e União Soviética. Também no caso Índia-Paquistão", disse. Contudo, ele acrescenta que existe uma ameaça de confronto mesmo que o Irã não desenvolva a tecnologia. "O governo de Israel, unilateralmente com suas escondidas ogivas, poderá sempre colocar em perigo a paz regional e mundial".
Mas, caso a guerra aconteça no Oriente Médio, Resende afirma que ela provocaria uma sensação de medo em todo o planeta. "Pânico geral, condições excepcionais para o terrorismo expandir alvos, e os nossos templos se encheriam de fiéis, diante do apocalipse", afirma.
Por sua vez, Mansoor, que atualmente dá aulas de história na universidade Ohio State, alerta que a situação deflagraria uma resposta imediata de grupos militantes islâmicos. "Israel, sem dúvidas, terá que invadir o sul do Líbano novamente para suprimir a inevitável chuva de mísseis que virá do Hezbollah. O Ocidente terá que entrar em alerta máximo contra ataques terroristas". Ele ainda afirma que a guerra levaria a uma nova crise do petróleo que "mergulharia o Ocidente em uma dupla recessão/depressão".
Em relação à possibilidade de um conflito aberto envolvendo várias nações do Oriente Médio, Cavagnari Filho não acredita em um envolvimento efetivo de outros estados islâmicos no conflito. Ele salienta que alguns países árabes como a Jordânia - politicamente estável -, ainda que jamais venham a formar alianças com Israel, compartilham laços com o Estado judeu e não têm interesse em se lançar em um confronto direto.
O professor identifica apenas a Síria como um potencial inimigo israelense. "A Síria é um Estado raivoso. Ela quer a destruição do Israel efetivamente". Segundo ele, os dois países têm animosidades oriundas da disputa pelas Colinas de Golã, que faziam parte do território sírio e passaram para o controle de Israel após a Guerra dos Seis Dias (1967). "Eles perderam algo valioso para pressionar Israel (as Colinas de Golã)", acrescenta. Cavagnari explica que a geografia elevada das Colinas de Golã permitia à Síria bombardear os kibuts (assentamentos israelenses) e que isso era um instrumento de pressão constante utilizado pelos sírios.
Fonte: Terra

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