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10 de outubro de 2011

Clérigo Sunita sírio ameaça ocidente com homens bomba se atacarem a Síria

Foto: AP 
Oposição síria dá coletiva em Estocolmo, Suécia

O principal clérigo sunita da Síria advertiu os países ocidentais contra uma intervenção militar na Síria, ameaçando retaliar com ações suicidas nos EUA e na Europa se seu país for atacado.
O Ocidente não demonstra nenhuma intenção de lançar uma campanha militar no estilo da Líbia contra o regime de Bashar al-Assad, que empreende uma repressão sangrenta contra o levante popular de mais de sete meses, e o chefe da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) disse na semana passada que a aliança não tinha "nenhuma pretensão" de intervir na Síria.
Apesar disso, a perspectiva de tal medida parece ter abalado o regime de Assad. Em um discurso na noite de domingo, o grão-mufti Ahmad Badreddine Hassoun, um clérigo nomeado pelo Estado e leal a Assad, fez um claro alerta ao Ocidente.
"Digo a toda Europa, aos EUA, acionaremos homens-bomba que agora estão em seus países se vocês bombardearem a Síria ou o Líbano", disse. "De agora em diante é olho por olho e dente por dente."
Repressão violenta no domingo
Incidentes deixaram 31 mortos na Síria no domingo, incluindo um confronto entre supostos desertores do Exército e tropas leais a Assad, disse um grupo de ativistas nesta segunda-feira.
De acordo com o Observatório Sírio de Direitos Humanos, entre os mortos há 17 membros das forças de segurança e 14 civis, muitos deles em Homs, reduto da oposição, onde intensos tiroteios voltaram a ser ouvidos nesta segunda-feira.
Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), 2,9 mil foram mortos na repressão do regime contra as manifestações pró-democracia. Isso levou a União Europeia (UE) e os EUA a adotar sanções contra Damasco.
Também nesta segunda-feira, a UE qualificou como "passo positivo" a formação de um conselho de oposicionistas sírios, mas não chegou a oferecer um reconhecimento oficial.
O chamado Conselho Nacional deseja ser reconhecido internacionalmente como representante das vítimas da repressão, mas não planeja ser um governo alternativo, disse um dos seus integrantes nesta segunda-feira após uma reunião do grupo em Estocolmo.
"Nosso papel termina com a queda do regime", disse Abdulbaset Sieda. "Buscaremos reconhecimento e dizemos o tempo todo que há gente importante, reconhecida, que pode fazer tudo o que for bom para a Síria e para o futuro da Síria", afirmou.
No domingo, o governo sírio alertou para "medidas duras" contra qualquer país que reconhecer formalmente o conselho, mas não especificou quais seriam.
Por causa da posição geoestratégica da Síria - vizinha a Israel e aliada do Irã -, os governos ocidentais têm evitado um apoio diplomático ostensivo à oposição e a oferta de ajuda militar, a exemplo do que aconteceu em benefício dos rebeldes líbios que derrubaram o regime de Muamar Kadafi.
Separadamente, em Paris, outros adversários de Assad anunciaram a criação de um bloco de tecnocratas para tentar contribuir com a oposição e preparar o terreno para um futuro pós-Assad. Seus líderes são o médico e ativista Ayham Haddad, radicado nos EUA, e o empresário Ghassan Abboud, dono do canal Orient TV.
Eles disseram que a Aliança Síria pela Democracia surgiu da frustração com a demora da oposição para se estruturar, e que sua intenção não é competir com o Conselho Nacional.
Foto: Reuters
Manifestantes realizam protestos contra o presidente sírio Bashar al-Assad, na cidade de Qamishli (09/10)
"Respeitamos todos os esforços feitos para unificar a oposição, mas esse conselho precisa ter a vontade das pessoas dentro da Síria, e esclarecer sua posição", disse Abboud. "Por enquanto, todos têm o objetivo comum de que o regime caia, mas os partidos políticos não estão prontos para liderar o país após a queda do regime."
A Síria diz que os protestos são organizados por grupos armados com apoio estrangeiro, e que mais de 1,1 mil soldados e policiais foram mortos. A imprensa estrangeira foi quase toda expulsa do país, o que dificulta a confirmação dos relatos de ativistas e autoridades.
As manifestações propriamente ditas têm sido geralmente pacíficas, mas há crescentes relatos de recrutas sírios desertando e apontando suas armas contra as forças do governo, dominadas pela seita alauíta, a mesma de Assad.
O Observatório, com sede no Reino Unido, disse que os supostos desertores mataram oito soldados em ataques simultâneos contra três postos do Exército na Província de Iblid (norte). Em Homs, sete civis foram assassinados a tiros, e outros oito foram mortos mais tarde em confrontos entre militares e supostos desertores, segundo a entidade.
 Último Segundo *Com AP e Reuters

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