Prof. Dr. Argemiro Luís Brum (CEEMA/DECon/UNIJUI) -junho de 2011 |
A Dívida Pública preocupa
O terceiro ato da grande crise econômico-financeira mundial, iniciada em 2007/08, se cristaliza cada vez mais
neste ano de 2011. Trata-se da crise fiscal dos Estados, que tem no endividamento público o seu epicentro.
Assunto já em questão desde princípios de 2010, o mesmo ganha proporções agora, pois a situação se agrava na maioria dos países.
Um grande número dos mesmos, dentre eles os países considerados ricos, normalmente gastam mais do que arrecadam, gerando um endividamento crescente. Estes, já em difícil situação, foram obrigados a gastar ainda mais ao financiarem a tentativa de saída da crise de 2007/08.
Esse custo adicional não está passando impune pelo mercado. A Grécia volta a pedir socorro ao FMI e à União Europeia, pois literalmente “quebrou”, a Irlanda segue na mesma linha, acompanhada por Portugal, Espanha e Itália, sem falar em outros países europeus. Aqui na América, os EUA, locomotiva da economia mundial, enfrenta enormes dificuldades neste sentido. Afinal, a dívida pública daquele país alcança hoje 99,5% do PIB, tendo fechado 2010 em US$ 13,4 trilhões.
Em 2001 a mesma chegava apenas a 54,7% do PIB. Ou seja, em 10 anos ela quase dobrou! A situação é tão alarmante que os EUA dependem, para o financiamento desta dívida, não só da emissão de moeda (fato que deixa o dólar fraco na economia mundial) como também da venda de títulos públicos mundo afora. Nesse sentido, os EUA se financiam junto aos outros países. Até quando esta estratégia poderá durar?
A Dívida Pública preocupa (II)
Nesse momento, a China possui US$ 895,6 bilhões em títulos americanos. O Japão chega a US$ 877,2 bilhões; o Reino-Unido US$ 511,8 bilhões, o conjunto dos países exportadores de petróleo US$ 210,4 bilhões e o Brasil está com US$ 184,4 bilhões. Ou seja, nosso país é o quinto financiador mundial da dívida pública dos EUA, tendo mais da metade de suas reservas em títulos daquele país.
Nesse contexto, a agência de notação de risco S&P anuncia a real possibilidade, nos próximos anos, de rebaixar de estável a negativa a perspectiva de evolução da dívida pública de longo prazo dos EUA. Ou seja, este país estaria com sua capacidade de honrar o pagamento de sua dívida ameaçada. Uma correção de rumo se impõe! A começar pela redução do déficit orçamentário, que hoje se aproxima de 11% do PIB.
Como fazê-lo retroceder para menos de 2% (objetivo) nos próximos anos? Provavelmente com profundos cortes nas despesas do Estado, a começar pela saída das tropas do Iraque e Afeganistão, e continuando até mesmo junto aos programas sociais como, aliás, desejam os republicanos. Assim, nos próximos 10 a 12 anos a economia estadunidense deverá continuar relativamente travada, buscando economizar ao redor de US$ 5 trilhões, segundo a Casa Branca.
Além disso, os juros internos não poderiam subir, pois isso acarretaria um aumento proporcional dos encargos de tamanha dívida. Enfim, no Brasil, a situação igualmente requer cuidado. Nossa dívida pública bate em R$ 1,73 trilhão (US$ 1,1 trilhão ao câmbio de hoje), ou seja, 47% do PIB em 2010, e crescendo! |
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