Nos EUA, premiê de Israel reivindicará ameaça militar contra Irã
Benyamin Netanyahu iniciou neste domingo viagem de cinco dias aos EUA; na quinta, ele se reúne com Hillary Clinton
Foto: AP
Vice-presidente dos EUA, Joe Biden, reúne-se com o premiê israelense, Benyamin Netanyahu, em Nova Orleans, EUA
Em comentários que indicam uma crescente impaciência de Israel com a diplomacia, as fontes em Jerusalém disseram que Netanyahu, que inicia neste domingo uma viagem de cinco dias aos EUA, argumentará que as sanções econômicas fracassaram em persuadir o Irã a suspender seu programa atômico.
Segundo uma das fontes, Netanyahu dirá a Biden: "A única forma de garantir que o Irã não se torne nuclear é criar uma ameaça de ação militar crível contra ele se não parar sua corrida em direção a armas nucleares. As sanções econômicas estão dificultando a situação do Irã, mas não há sinais de que o regime dos aiatolás planeja parar seu programa por causa delas."
A pressão do premiê israelense estava prevista para ser feita em encontro com Biden às margens de uma conferência americana-judaica em Nova Orleans.
O duro discurso levantou especulações na mídia israelense de que Netanyahu estaria tentando tirar a atenção internacional do atual impasse das negociações entre Israel e palestinos.
Questionado sobre os comentários, uma autoridade israelense que viaja com Netanyahu disse que o primeiro-ministro, que deve se reunir quinta-feira com a secretária de Estado dos EUA, Hillary Clinton, em Nova York, pedirá em todos os seus encontros nos EUA por um aumento de pressão militar contra o Irã.
Um porta-voz disse que o líder de Israel também discutiria com Biden e Hillary formas de retomar as negociações de paz, que ficaram suspensas há cerca de três semanas por causa de uma disputa sobre a construção de assentamentos israelenses. Netanyahu não se encontrará com o presidente Barack Obama, que desde sábado realiza uma viagem de dez dias pela Ásia.
O Ocidente acredita que o Irã objetiva usar seu programa de enriquecimento de urânio para construir armas atômicas, e Israel e EUA disseram que todas as opções estão sobre a mesa para lidar com as ambições nucleares do país.
Mas Netanyahu já deixou claro que queria ver se duras sanções econômicas poderiam eliminar o que descreveu como uma ameaça à sua existência. Teerã nega querer produzir armas nucleares.
Derrota eleitoral
Após a perda do controle da Câmara para os republicanos nas eleições de 2 de novembro, alguns analistas indicaram que Obama teria de reduzir a prioridade atribuída ao conflito israelo-palestino e ao Irã. Mas o embaixador americano em Israel, James Cunningham, assegurou neste domingo em palestra em Tel Aviv que não haverá mudança.
Na Universidade de Bar-Illan, ele disse existir um acordo entre os dois grandes partidos dos EUA no sentido de que “as relações com Israel são sacrossantas. Os dois países compartilham dos mesmos valores, e os EUA continuarão empenhados na salvaguarda da segurança de Israel e no seu direito de existir como um Estado judeu e democrático”.
Em relação à advertência de Israel de que o Irã só propõe contínuas negociações para ganhar tempo, como fez novamente neste domingo, e por isso seria necessária uma ameaça militar, Cunningham indicou que os americanos não devem mudar sua estratégia de aplicar sanções contra o país.
O embaixador afirmou que os EUA continuarão trabalhando para impedir que o Irã venha a ter bomba e ajudarão Israel a se defender do partido xiita libanês Hezbollah e grupo radical islâmico palestino Hamas. Também prometeu que Washington continuará a ajudar Israel a manter sua superioridade armada qualitativa.
Analistas da mídia americana afirmam que a derrota do partido de Obama terá o efeito de endurecer a posição palestina quanto à paz. E que, enquanto não houver solução do conflito israelo-palestino, as questões do Iraque e Afganistão não se resolverão.
Ameaça do Hamas
No sábado, Mahmoud al-Zahar, um dos líderes do Hamas, declarou que os judeus serão expulsos dos territórios palestinos como no passado foram expulsos de inúmeros países. Em discurso em Gaza, Zahar apelou pela unidade dos palestinos, que estão divididos entre o partido laico Fatah, que predomina na Cisjordânia, e o Hamas, na Faixa de Gaza.
A divisão ocorreu quando o Hamas expulsou o Fatah do território há três anos. Os dois grupos farão nova tentativa de reconciliação na próxima semana em Damasco, capital da Síria. “Com uma só voz, com sangue, poderíamos libertar nossas terras e lugares sagrados.”
O governo Obama pediu à Autoridade Palestina de Mahmud Abbas, do Fatah, mais três meses para conseguir uma fórmula que permita a retomada das negociações de paz com Israel. Lideranças do Fatah querem ou uma declaração unilateral do Estado palestino ou pedir a interferência das Nações Unidas.
*Com Reuters e informações de Nahum Sirotsky, de Israel
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