Opositores forçam recuo de partidários de Mubarak no Cairo
Contra todas as expectativas, opositores ganham terreno e expulsam governistas de ruas perto da praça Tahrir; há oito mortos
Foto: AP
Manifestantes antigoverno cercam homem que acreditam ser partidário de Mubarak na praça Tahrir
Do hotel Ramsés Hilton era possível ver que, contra todas as expectativas, os opositores ganharam terreno e afastaram os pró-Mubarak, que estão se dispersando, bem além da área da praça. Em frente ao hotel, que passou a ser protegido por uma barreira do Exército, ocorriam batalhas de pedra entre os manifestantes dos dois grupos. Foram disparados mais de 60 tiros e houve dezenas de explosões nas redondezas da praça.
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Os novos choques aconteceram pouco depois de o vice-presidente do país, Omar Suleiman, anunciar que o filho de Hosni Mubarak, Gamal, não concorrerá à presidência - uma das principais exigências dos opositores. Analistas e a maioria dos egípcios acreditavam que Gamal estava sendo preparado para suceder o pai.
Em um pronunciamento em rede nacional de TV na terça-feira, Mubarak disse que não concorreria às eleições presidenciais de setembro, mas não mencionou seu filho.
Nesta quinta-feira, o primeiro-ministro do Egito, Ahmed Shafiq, pediu desculpas à população pelos violentos confrontos de quarta-feira no Cairo. "Esse é um erro fatal", disse Shafiq à rede privada de TV Al-Hayat. "Quando as investigações revelarem quem está por trás desse crime e quem permitiu que ele ocorresse, eu prometo que eles serão responsabilizados e punidos pelo que fizeram."
"Não há qualquer desculpa possível para atacar manifestantes pacíficos, e é por isso que eu estou pedindo desculpas", afirmou o premiê, que pediu ainda que os participantes dos protestos "vão para casa e ajudem a encerrar essa crise".
Shafiq também disse estar "pronto para ir até a praça Tahrir" e dialogar com os manifestantes contrários ao governo. Mas os grupos que estão na praça Tahrir rejeitaram a negociação. "Não vamos aceitar qualquer diálogo com o regime até que nossa principal seja atendida, ou seja, que o presidente Mubarak deixe o poder", afirmou Amr Salah, que representa alguns dos grupos de manifestantes.
Em meio à escalado dos protestos, jornalistas estrangeiros estão sendo alvo de intimidação de manifestantes pró-Mubarak nas ruas do Cairo. A suposta justificativa para as agressões era de que a imprensa internacional estaria fazendo uma cobertura a favor dos manifestantes que querem a queda do chefe do executivo egípcio.
Nesta quinta-feira, ao menos quatro jornalistas - duas espanholas, um holandês e uma libanesa - foram retirados à força de táxis onde estavam e ameaçados por hordas de homens, e até crianças, armados de facões sujos de sangue.
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