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28 de março de 2012

Israel, seus fantasmas e o perigo real

 
Hipótese de ataque nuclear iraniano é delirante. Mas Telaviv e Washington estão prestes a sofrer derrota séria no Oriente Médio 

Por Immanuel Wallerstein | Tradução: Daniela Frabasile

O primeiro ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, visitou os Estados Unidos no começo de março. Veio para dizer, mais uma vez, que um Irã nuclear representaria ameaça a Israel, e que Telaviv reserva-se o direito de tomar ação imediata para se opor a isso. O presidente Obama afirmou energeticamente que sim, um Irã nuclear colocaria uma ameaça a Israel; e que os Estados Unidos não poderiam aprovar isso – mas que o momento não era o melhor para isso. As opções não-militares contra Teerã deveriam ser esgotadas, antes de se cogitar outras ações.
Vamos examinar as premissas. Por que um Irã nuclear representaria ameaça existencial a Israel? Ou seja: quem acredita que, se tivessem armas nucleares, as autoridades iranianas as usariam para bombardear Israel? Na realidade, e apesar de declarações em contrário, ninguém nenhuma posição de responsabilidade – seja em Israel, nos Estados Unidos ou em outro lugar do mundo – acredita nisso.
Vamos começar com os argumentos explícitos. Governantes israelenses apontam o fato de o presidente Ahmadinejad e outros terem afirmado que desejam “limpar” Israel (ou algo parecido com isso). Muitos especialistas já argumentaram que a tradução está incorreta. Mas, mesmo que fosse certa, ela iria além de que repetir antigo posicionamento de um grande número de pessoas no Oriente Médio – que se opõem ao conceito de um estado judeu e sugerem outras alternativas para uma disputa de longa data?
Por que motivo no mundo os governantes iranianos bombardeariam Israel? Eles matariam pelo menos o mesmo número de árabes e israelenses. Estariam sujeitos a retaliação imediata de Israel, que possui um grande arsenal nuclear. O bombardeio de Israel pelo Irã é uma fantasia na qual nenhum líder responsável acredita.
Mas se eles não acreditam nesta hipótese, por que eles a suscitam? A resposta me parece clara. Se o Irã finalmente tivesse algumas armas nucleares, isso ira de fato mudar algo. Modificaria o equilíbrio geopolítico no Oriente Médio e enfraqueceria politicamente a posição de Israel. Provavelmente, também levaria à rápida aquisição de armamento nuclear por outros países. Penso na Arábia Saudita, Egito e Turquia, para começar.
Se os Estados Unidos ou Israel bombardeassem o Irã preventivamente, haveriam consequências políticas enormes e imediatas. Primeiro, é quase certo que o ato seria relativamente ineficaz, para interromper o projeto iraniano. E depois, enfraqueceria politicamente a posição tanto de Israel quanto dos EUA em todo o mundo. Essas duas razões juntas explicam por que o exército e os serviços de inteligência dos dois países se opõem tanto à opção militar. Eles temem que o discurso se popularize e permita que algum líder político, que não controla atualmente os governos de Israel ou dos Estados Unidos, seja tolo o suficiente para começar a guerra.
Os Estados Unidos e Israel estão atolados numa situação em que qualquer saída é negativa. Não importa o que façam, irão perder politicamente. Acredito que estão cientes disso; e que nem Netanyahu, nem Obama sabem o que fazer realmente, ou como defender seus próprios interesses políticos internamente. Por isso, gastam o tempo culpando e chantageando um ao outro. Enquanto isso, a liderança iraniana usa o discurso para levantar a bandeira patriótica e fortalecer sua posição interna, que esteve sob sério ataque não muito tempo atrás.
Enquanto isso, voltemos à Palestina, que continua a ser o problema real para Israel, e não uma questão fantasiosa. O Hamas tomou a decisão de ligar sua estratégia ao Egito e à Irmandade Muçulmana, que parece estar prestes a controlar o governo egípcio. O Fatah claramente teme, não sem motivo, a perda de controle da Cisjordânia para o Hamas. Preso entre o Hamas e o governo dos Estados Unidos, o presidente Abbas, da Autoridade Palestina também está em uma posição na qual perderá algo; e também não sabe o que fazer. Ele hesita, o que não parece ser a melhor tática de sobrevivência.
O futuro está com as ruas da Palestina. Simplesmente não acredito que poderão manter-se silenciosas. Poderá Israel chegar a algum acordo com elas? Logo saberemos.
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