Segundo Cruz Vermelha, conflito sírio muda de grandes ofensivas militares para atos de guerrilha, com emboscadas e ataques a bomba
As potências mundiais compartilham a "preocupação profunda" de que a Síria caminha para uma guerra civil, disse o enviado internacional Kofi Annan nesta terça-feira, mas afirmou que os países continuam comprometidos com seu plano de paz de seis pontos e prometeram enviar os 300 monitores do cessar-fogo ao país árabe até o fim deste mês.
"Recebemos garantias de que no final deste mês os 300 observadores estarão no país, e essa presença fará claramente a diferença", disse Annan a repórteres em Genebra depois de participar por videoconferência de uma sessão fechada do Conselho de Segurança da ONU em Nova York.
A missão de Annan se baseia em um plano que inclui o fim completo da violência, a libertação dos detidos políticos e o acesso às organizações humanitárias à população civil, assim como à imprensa internacional. O Conselho de Segurança da ONU aprovou em 21 de abril uma resolução para aumentar o número de observadores militares desarmados na Síria, dentro da chamada Missão de Supervisão das Nações Unidas na Síria (UNSMIS).
Ele alertou, entretanto, que o mundo não pode esperar para sempre que o plano de cessar-fogo funcione, lembrando que o banho de sangue não acabou apesar da trégua. Annan foi encarregado pela ONU e a Liga Árabe de elaborar uma solução para pôr fim à brutal repressão do regime de Bashar al-Assad contra o levante popular de mais de um ano.
No início do dia, a Cruz Vermelha disse que o conflito sírio está se tornando uma guerra de guerrilha com emboscadas e ataques a bomba, em vez de batalhas como ofensivas militares contra áreas rebeldes vistas no início do levante. A organização também advertiu que 1,5 milhão de sírios enfrentam dificuldades para responder a suas necessidades básicas.
De acordo com Annan, a missão de monitoramento da ONU "não é um compromisso sem limites, mas possivelmente é a única chance de estabilizar" a Síria. "Há uma profunda preocupação de que o país caia em uma guerra civil, e as implicações disso são assustadoras", disse. "Não podemos permitir que isso aconteça."
Annan disse que relatou ao Conselho de Segurança que "níveis inaceitáveis de violência e abuso" continuam na Sìria - que as tropas do governo ainda estão presentes dentro e ao redor das cidades e que as violações aos direitos humanos são grandes e podem estar aumentando".
O que começou com um movimento de protesto amplamente pacífico evoluiu para mais sírios pegando em armas em face da repressão do governo. Segundo a ONU, a violência deixou mais de 9 mil mortos desde seu início, há 14 meses.
Jakob Kellenberger, presidente do Comitê Internacional da Cruz Vermelha, disse anteriormente que os confrontos em algumas partes da Síria agora correspondem a "conflitos não internacionais armados" - o equivalente a guerras civis localizadas.
"Pelo menos em semanas recentes, não há mais essas grandes batalhas como a de Homs, na segunda metade de fevereiro", disse. "Há mais ataques de guerrilha e a bomba."
A distinção de que esse é um conflito armado interno é importante porque, sob a lei humanitária internacional, o governo e a oposição ganham direitos adicionais para o uso da força, mas podem ter de prestar contas sobre possíveis crimes de guerra.
Ele também disse que funcionários da Cruz Vermelha receberam permissão para visitar detentos na prisão central de Aleppo entre os dias 14 e 23 de maio. Será a segunda visita carcerária da agência, conforme acordo com autoridades síria durante uma visita anterior, no começo de abril.
*Com AP, EFE e Reuters
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