Resistência a medidas de austeridade começa a agitar Europa
Greve geral na Espanha e a crescente oposição ao primeiro-ministro da Itália, Mario Monti, são alguns indícios de que a insatisfação ganha força
Reuters | 01/04/201
A maioria da população no sul da Europa vem se mantendo surpreendentemente calma até agora diante dos cortes mais dolorosos em orçamentos governamentais de que se tem memória, mas estão aumentando os sinais de que a paciência pode acabar em breve.
Uma inesperada greve geral na Espanha, na quinta-feira, e a crescente oposição ao primeiro-ministro da Itália, Mario Monti, são alguns dos indícios de que a resistência está ganhando força em uma região que é o centro das preocupações sobre a retomada da crise da dívida na zona do euro.
Ajuste espanhol passa no teste europeu, mas dúvidas persistem
Itália pede que a China aumente investimentos no país europeu
Portugal permanece bastante tranquilo no momento e mesmo a Grécia, palco de repetidos protestos violentos nas ruas, se acalmou recentemente. Mas há sinais de que os líderes políticos estarão logo na linha de tiro por toda a Europa, especialmente se for necessário efetuar mais cortes para reduzir a dívida soberana.
A atmosfera parece ser uma combinação de duas tendências opostas – aceitação da mensagem de que cortes profundos são o único meio de salvar seus países da catástrofe econômica e um sentimento crescente de que um sofrimento maior não poderá ser suportado por populações já arcando com privação e miséria.
Roberto, anlgo-italiano que mora em Atenas, pede esmola nas ruas ao lado de seu cão
O problema para políticos como Monti e o primeiro-ministro da Espanha, Mariano Rajoy, é que as mesmas medidas de austeridades impostas para reduzir a dívida – sob pressão dos líderes da zona do euro – poderão aprofundar a recessão e criar uma necessidade ainda maior de cortes mais severos.
Pode haver somente ainda uns poucos meses para que as reformas comecem a dar resultados antes de as populações retaliarem nas urnas ou as pessoas iniciarem protestos em grande número.
Os investidores estão começando a demonstrar preocupação novamente com as incertezas políticas e econômicas na Itália e na Espanha, e o rendimento dos títulos inicia uma escalada depois de ter ficado sob controle no começo deste ano.
“Existe um tipo de aceitação resignada, mas essa aceitação resignada não é uma posição de equilíbrio estável. As pessoas realmente ficam cansadas de se sentirem culpadas por sua situação horrível”, disse o professor Erik Jones, da Universidade Johns Hopkins em Bolonha, Itália.
Ele comentou que as populações estão preparadas para suspender o julgamento sobre seus políticos e aceitar o sacrifício se acreditarem que haverá um longo período de sofrimento, mas não por tempo indefinido.
Questão de meses
“Temos apenas cerca de seis meses para agir antes que os eleitores comecem a olhar para seus políticos e a retirar as lentes cor de rosa”, disse Jones à Reuters. “Assim que isso acontecer, vamos ter não apenas uma rápida reviravolta nos governos que estejam para enfrentar as urnas, mas também um aumento no nível geral de insatisfação, o qual será expressa em forma de greves e outros meios de desobediência social.”
O professor de economia Jean-Paul Fitoussi, do Instituto Sciences Po, em Paris, disse a repórteres em uma conferência de negócios no norte da Itália, na sexta-feira, que as medidas de austeridade eram “uma abordagem perigosa que poderia desencadear agitação social”.
Muitos espanhóis parecem conformados com os violentos apertos na economia feitos por Rajoy, cujo governo conservador foi eleito por esmagadora maioria em novembro, quando se tinha pleno conhecimento de que ele planejava impor medidas de austeridade.
Na sexta-feira, o governo anunciou cortes de 27 bilhões de euros (36 bilhões de dólares) do orçamento do governo central, equivalente a 2,5 por cento do PIB.
Uma pesquisa recente mostrou que metade dos espanhóis adultos aceitaria os cortes nos serviços de saúde e educação se isso fosse necessário para recolocar a economia nos eixos. Os sindicatos representam apenas um quinto dos trabalhadores da Espanha e muitas pessoas furaram os piquetes na quinta-feira, temendo perder o emprego.
No entanto, a greve teve um impacto muito maior do que paralisações anteriores, 18 meses atrás, num indício de que a paciência pode estar se esgotando no país, que tem o pior índice de desemprego da União Europeia.
Centenas de milhares de pessoas participaram de manifestações de protesto e fábricas e portos fecharam. Houve alguns episódios de violência nas ruas.
Manifestante picha muro em Barcelona: “Reforma trabalhista é escravidão”
Foto: AP Photo/Emilio Morenatti
Polícia tenta conter manifestantes durante protesto em Barcelona
Foto: AP Photo/Manu Fernandez
Manifestante é imobilizado por policial durante piquete de sindicato em Madri
Foto: Reuters
Sindicalista monta barricada com pneus queimados perto de Mercabarna, maior atacadista de Barcelona
Foto: David Ramos/Getty Images
Manifestantes queimam pneus nas ruas de Barcelona durante a greve geral na Espanha
Foto: AP Photo/Manu Fernandez
Manifestante é pego pela polícia durante protesto nas ruas de Madri
Foto: AP Photo/Andres Kudacki
Policial de choque protege shopping center em Pamplona, nordeste da Espanha
Foto: AP Photo/Alvaro Barrientos
Manifestantes gritam palavras de ordem durante a greve em Madri
Foto: Reuters
Mulheres marcham em Bilbao em protesto contra os cortes
Foto: Reuters
“Morte” protesta em frente a loja de departamentos em Madri durante a greve geral na Espanha
Foto: Reuters
Manifestantes tentam fugir da polícia durante protestos em Pamplona, na Espanha
Foto: AP Photo/Alvaro Barrientos
Manifestante picha porta de entrada da bolsa de Barcelona durante protestos contra a crise
Foto: AP Photo/Manu Fernandez
Homem atira cadeira dentro de restaurante de Madri durante greve geral na Espanha
Foto: AP Photo/Andres Kudacki
Manifestante grita palavras de ordem no centro de Madri durante a greve geral na Espanha
Foto: Jasper Juinen/Getty Images
Loja é forçada a fechar as portas em Madri durante greve na Espanha
Foto: AP Photo/Andres Kudacki
Policial fala com lojista que tenta tirar adesivos colados na vitrine por grevistas
Foto: AP Photo/Paul White
Multidão reunida na Plaza del Castillo, em Pamplona, para protestar contra os cortes e as reformas trabalhistas
Foto: AP Photo/Alvaro Barrientos
Manifestante escreve “Espanha=Miséria” em muro de Pamplona
Foto: AP Photo/Alvaro Barrientos
Mulher é atendida por médicos após se envolver em acidente com carro de polícia em alta velocidade
Foto: AP Photo/Alberto Di Lolli
Trens da estação Atocha, em Madri, param durante a greve geral na Espanha
Foto: Reuters
Passageiros esperam em vão por trens na estação Atocha, em Madri
Fonte e foto: Reuters
Estive na Espanha ano passado e presencie com meus próprios olhos esta situação deplorável. Eu senti os jovens depressivos e em geral estavam todos desempregados, eu penso assim se até a Espanha já está protestando, falta pouco para que os franceses protestem! Eu estive na estação atocha é muito engraçado ver que enquanto alguns protestam ignorantes permanecem na estação,como se nada estivesse ocorrendo!
ResponderExcluirAchei interessante ofato da mulher ter sido atropelada, pois lá o povo anda na velocidade que mandam, por exemplo se tem uma placa pedindo pra não ultrapassar os 20 km eles realmente andam a 20 km e o pior a mulher foi atropelada por policiais que deveriam promover a ordem e não a desordem, Lá não tem shopping então a grife El Corte Inglés seria o símbolo máximo do capitalismo na Espanha, então o cara vestido de morte escolheu um lugar realmente significativo para protestar! E em geral não gostei da Espanha rodei o país inteiro, cidades pequenas, fui a Madrid, Barcelona e achei um país muito sem graça onde o povo é muito arrogante e conheci também o subúrbio, ou seja vi o que realmente é o país, diferente de muitos que viajam pra essas cidades européias e só conhecem o centro e ficam achando a Europa o lugar mais desenvolvido do mundo, mas a verdade é que lá tem tanto pobre quanto aqui!
ResponderExcluirDiogo-
ResponderExcluirQue experiência de vida legal meu jovem. Gostei.
Poxa viu e aqui passou um pouco do que é na real a Espanha, nua e crua. Sempre achei que estes países tambepm tem seus defeitos crônicos e vocẽ viu isto in loco. Muito bom.
A midiatrix nos vende uma Espanha ou qualquer país europeu de um modo glamouroso,onde só há gente bonita, progresso, ganham-se bem, moram se bem,um povo simpático.afff e bem culto e divertido. Quem dera?
É Diogo, essa sua estada por las tierras de España he sido muy gratificantes para usted. You créo que ha mirado muchas cosas que muchos a preguntarles dirán: Más esto no existe. Diria então o Padre Quededo ou melhor Quevedo,hahahahaha
Gostei Diogo, obrigado por compartilhar esta sua estada, mais que uma experiência de vida nas suas andanças pela Espanha. Bom para muitos saberem que muitas coisas não são do jeito que nos vendem por aí.
Abraços