Síria amanhece sob cessar-fogo incerto
Apesar de combates habituais terem dado lugar ao silêncio, opositores denunciam detenções e governo não retira tropas e tanques
Depois de meses de intensos combates e um saldo de mais de 9 mil mortos, segundo estimativas da ONU, a Síria amanheceu sob o silêncio de um cessar-fogo incerto, nesta quinta-feira. Parte do plano pedido pelo enviado especial da Liga Árabe e das Nações Unidas, Kofi Annan, a trégua trouxe um cenário inusual para o país, sem os habituais bombardeios por forças sírias nas grandes cidades, disseram ativistas.
O grupo de oposição Conselho Nacional Sírio, no entanto, que busca a saída do presidente Bashar al-Assad, disse ter havido prisões de opositores e alguns distúrbios na capital Damasco e não está claro quanto tempo ainda o cessar-fogo durará. Apesar de a quinta-feira ter amanhecido silenciosa, ativistas se dizem preocupados e acreditam que não haverá retirada das tropas, estipulado também pelo plano de Annan. Tropas sírias e tanques ainda estavam posicionados em muitas cidades.
"Foi uma noite sangrenta. Houve bombardeios pesadíssimos na cidade de Homs. Mas agora está calmo e não há tiroteios", disse Abu Rami, ativista sírio. Segundo ele, ataques a bairros insurgentes tornaram-se mais intensos após Assad aceitar o cronograma de Annan.
O porta-voz do governo Jihad Makdissi disse que a Síria estava "completamente comprometida" com o sucesso do plano de paz de Annan e, como não houve ataques às tropas. “Não há razão para quebrar o cessar-fogo", argumentou.
Annan, ex-secretário-geral da ONU, irá discursar ainda nesta quinta-feira no Conselho de Segurança da ONU. Na quarta-feira, em visita ao Irã, Annan pediu ajuda ao governo do país persa para solucionar a crise na Síria.
Aliado
Potências ocidentais, apesar de hesitantes em intervir militarmente no país, estão fazendo lobby com a Rússia, um aliado essencial de Assad, para que Moscou abandone o veto a outras medidas da ONU que buscam pressionar pelo fim do regime de Assad, cuja família está no poder há décadas.
Também nesta quinta-feira, manifestantes saíram às ruas em diferentes pontos do país para protestar pacificamente contra o governo. A permissão para manifestações pacíficas está prevista entre os pontos do plano de paz proposto por Annan.
O porta-voz da rede de ativistas opositores Comitês de Coordenação Local, Hozam Ibrahim, também membro do Conselho Nacional Sírio, explicou que os protestos foram planejados e tiveram início nas universidades das províncias de Deraa, no sul do país, e Deir al-Zor, no leste.
Foto: EFE
Foto divulgada por opositores mostra edifício em Homs danificado em ataque das forças sírias (10/4)
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