Países do Golfo expulsam embaixadores da Síria
Conselho de Cooperação do Golfo também convoca seus diplomatas em resposta à violência e em meio à visita de russos a Damasco
Os países-membros do Conselho de Cooperação do Golfo (CCG) anunciaram  nesta terça-feira a expulsão dos embaixadores da Síria de seus  territórios por causa do aumento da violência no país e da rejeição de  Damasco à iniciativa árabe para buscar uma solução para a crise que  vigora no país há quase 11 meses.
Foto: AP   
Reprodução de vídeo divulgada em 07/02 mostra morto sendo carregado durante procissão funerária em Homs, Síria
O acordo da Liga Árabe, que estipula a saída do poder de Assad, foi apresentado perante o Conselho de Segurança da ONU, mas uma resolução de condenação à repressão do regime de Damasco foi vetada pela Rússia e a China no sábado.
Composto pela Arábia Saudita, Catar, Omã, Kuwait, Bahrein e Emirados  Árabes Unidos, o CCG também convocou seus próprios embaixadores na Síria  para que retornem a seus países de origem. A decisão foi tomada um dia  depois de o governo dos Estados Unidos fechar sua embaixada no país. Reino Unido, Itália, França e a Espanha decidiram convocar seus embaixadores em Damasco.
"Os membros do conselho seguem com tristeza a escalada de violência  na Síria, que não tem compaixão nem com crianças, mulheres nem adultos, e  realiza atos terríveis que só podem ser classificados como massacres  contra o desarmado povo do país", afirmou o CCG.
O organismo disse também que lamenta a morte de "almas inocentes" na  Síria, onde, desde o início da revolta contra o presidente Bashar  al-Assad, ao menos 5,4 mil perderam a vida, segundo estimativa da ONU. O  conselho afirmou que não há esperanças para a solução da crise e pediu  que o Conselho de Ministros da Liga Árabe, que se reúne no domingo, tome  "medidas decisivas" contra o regime sírio.
A decisão dos países do Golfo é tomada em meio a uma escalada de violênciavisita de autoridades russas - que foram recebidas em Damasco como heróis pelo veto no sábado à resolução da ONU.
Nesta terça-feira, soldados sírios usaram tanques e metralhadoras  para tentar recuperar bairros que estão sob o controle de desertores do  Exército. Segundo ativistas, a operação das forças de segurança matou mais de 200 no sábado e pelo menos 70 na segunda-feira apenas em Homs.
Visita de autoridades russas
Foto: AP   
Chanceler russo, Serguei Lavrov, reúne-se com o presidente da Síria, Bashar al-Assad no palácio presidencial em Damasco
Após encontro nesta terça-feira com o líder sírio, o chanceler russo,  Serguei Lavrov, pediu que a crise seja solucionada tendo como base o  plano proposto pela Liga Árabe. De acordo com o Lavrov, a Síria quer que  a missão de observadores da organização continue a atuar no país e seja  ampliada para monitorar a aplicação do plano, que o Ocidente conclamou  Damasco a aceitar.
Também segundo o chanceler russo, Assad anunciará em breve a data de  um referendo sobre a nova Constituição do país, que já foi concluída. O  presidente do país árabe havia anunciado em 10 de janeiro que a consulta popular seria realizada no início de março.
A missão de observadores  da Liga Árabe entrou no país em 26 de dezembro para monitorar a  implementação do acordo, que prevê a retirada das forças de segurança  das cidades onde há manifestações antigovernamentais, libertação de  presos políticos e início de conversações com dissidentes. O mandato dos  monitores expirou em 19 de janeiro, mas, apesar de seus trabalhos terem sido estendidos pela Liga Árabe por um mês no dia 22, a missão perdeu sua força após o CCG ter decidido dois dias depois retirar seus integrantes.
Posteriormente, a Liga Árabe também propôs um novo acordo prevendo a renúncia de Assad e a criação de um governo de unidade nacional dentro de dois meses. A proposta foi rejeitada por Damasco. 
Nesta terça-feira, o porta-voz da chancelaria chinesa, Liu Weimin,  disse que a China também considera enviar um representante ao Oriente  Médio para discutir a crise. "Esperamos que a mediação russa possa ter  sucesso", afirmou. "Vamos considerar enviar alguém no futuro próximo à  região, à Ásia Ocidental e ao Norte da África, para desempenhar um papel  proativo e construtivo na busca por uma resolução política."
Depois do bloqueio russo e chinês ao esboço de resolução na ONU, o  primeiro-ministro turco, Recep Tayyip Erdogan, anunciou nesta  terça-feira no Parlamento que a Turquia lançará uma nova iniciativa  internacional "com os países que apoiam o povo e não o regime sírio". O  premiê, porém, não detalhou o conteúdo da proposta.
O chanceler turco, Ahmet Davutoglu, viajará na quarta-feira aos  Estados Unidos, aliado da Turquia na Otan (Organização do Tratado do  Atlântico Norte), onde se reunirá com a secretária de Estado americana,  Hillary Clinton.
Repressão síria
Também nesta terça-feira, o Fundo das Nações Unidas para a Infância  (Unicef) denunciou um aumento da violência contra crianças na Síria,  onde centenas morreram, ficaram feridas e são vítimas de "detenções  arbitrárias, torturas e abusos sexuais". De acordo com a organização,  400 crianças teriam sido mortas desde o início da revolta, com outras  400 tendo sido presas.
De acordo com a porta-voz da Unicef, Marixie Mercado, os ataques em  Homs estão causando "mais sofrimento às crianças", que se transformaram  em "alvo deliberado" das forças de segurança. Os dados do Unicef apontam  que dezembro foi o mês mais violento para as crianças na Síria, mas a  porta-voz advertiu que janeiro possa ter superado. O órgão baseia o dado  em "informações confiáveis" de ONGs que atuam na região.
O jornal britânico The Times publicou uma mensagem que teria sido  enviada pela mulher de Assad, Asma, por meio de seu gabinete. Em sua  primeira declaração sobre a crise, Asma, que foi criada no Reino Unido,  defendeu o marido. "Assad é o presidente da Síria, não de uma facção de  sírios, e a primeira-dama o apoia neste papel", afirmou a mensagem.
"A agenda extremamente cheia da primeira-dama segue dedicada  principalmente às associações de caridade com as quais está comprometida  há muito tempo, ao desenvolvimento rural e ao respaldo ao presidente.  Nestes dias, também atua para estimular o diálogo. Escuta e reconforta  as famílias vítimas da violência", acrescentou.
Segundo a publicação britânica, Asma, 36 anos, enviou a mensagem após  um artigo publicado pelo jornal questionar como uma mulher “inteligente  e educada, criada em país liberal” poderia concordar com o massacre na  Síria.
Asma Assad é filha de um médico cardiologista e viveu no bairro de  Acton (oeste da capital britânica). Ela é sunita e sua família é de  Homs, epicentro dos protestos contra o regime sírio. A primeira-dama  estudou em um colégio privado de Londres, no Imperial College, e  trabalhou no banco de investimento J.P.Morgan antes de casar-se com  Bashar Al-Assad meses depois de ele assumir o poder, em 2000.
  IG Com AP, AFP e EFE
Com toda certeza, se as forças contrárias ao regime fossem sírias mesmo, não sacrificariam suas mulheres e principalmente suas crianças em seus ataques ao governo. E se não fosse a resistência da Síria e de seus aliados, a 3ª guerra já teria começado. Infelizmente isso sinaliza que, mais cedo ou mais tarde, com a derrota de Assad ou não, a guerra acontecerá. Para dor de todos...
ResponderExcluirOi Anônimo.
ExcluirA Síria vem sendo a porteira que separa os ocidentalistas dos orientalistas, ou seja de uma lado a ala pró ocidental, EUA, Israel e UE e vassálos governos pró-ocidentais árabes. De outro os pró-orientais, Federação Russa, Rep.Pop da China, Coreia do Norte, Irã e Síria.
Ali pode se abrir as porteiras da 3ª Guerra, cai Síria, estamos abrindo as portas para uma nova gierra mundial.
Abraços